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Caso Pizzolatti: Dois anos depois, vítima de acidente fala pela primeira vez


Dois anos depois de ficar gravemente ferido em um acidente de trânsito evolvendo o ex-deputado federal João Pizzolatti, a vítima, Paulo Marcelo Santos, falou pela primeira vez com a imprensa.

Nesta sexta-feira (20), a batida, que ocorreu na rodovia Werner Duwe, que liga Blumenau a Pomerode, completa dois anos. À época, Paulo tinha 23 anos.

Paulo conversou com a equipe da NDTV na manhã desta sexta-feira – Foto: NDTV/ND

Paulo sofreu queimaduras graves e ficou vários meses internado em Joinville. A mulher dele estava grávida na ocasião.

“A única coisa que eu pedi no momento do acidente foi para não morrer. Naquele dia eu tinha saído de casa sem dar um beijo na minha esposa e não teria a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento do meu filho na barriga (caso não tivesse sobrevivido)”, contou.

Paulo perdeu os movimentos de um dos joelhos. O uso de muletas e as dores fazem parte da sua rotina.

“Se eu vou fazer qualquer caminha longa, preciso do auxílio da muleta. Eu manco quando ando e isso força muito o joelho”, contou.

Por conta das sequelas, Paulo não conseguiu acompanhar o nascimento do filho, até porque na época ele ainda era paciente e não tinha permissão de entrar no centro cirúrgico.

Um ano após o acidente, ele acredita que a Justiça está sendo feita e deseja que os motoristas dirijam com mais consciência para poupar a vida de outras pessoas.

“Só peço que o pessoal tenha mais consciência. Eu tive a sorte de estar vivo, mas quantos outros não tiveram? Hoje tem a facilidade do Uber e da carona. Se bebeu, dorme no carro, que seja. Pense que a próxima vítima pode ser alguém da sua família. Não tenho palavras para expressar o quão doloroso foi”, lamentou Paulo.

Processo caminha a passos lentos

O processo judicial do acidente caminha a passos lentos. Há dois meses, o juiz da 1ª Vara Criminal de Blumenau, Juliano Rafael Bogo, definiu que Pizzolatti irá a júri popular por tentativa de homicídio doloso, com a qualificadora de perigo comum.

Porém, não há data nem certeza de que a sessão ocorrerá. Isto porque tanto Ministério Público (MP) quanto defesa estão apresentando recursos ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina para contestar a decisão de Bogo.

De um lado, o MP pede que sejam acrescentadas duas acusações que o juiz desconsiderou. A de crime de trânsito (embriaguez ao volante) e outra de tentativa de homicídio por causa da motorista de um segundo carro que foi atingido na batida. No caso dela houve apenas danos materiais.

De outro, os advogados solicitam que Pizzolatti responda pelo crime de trânsito de lesão corporal culposa ou então que se retire a qualificadora de perigo comum.

Os prazos para envio dos documentos das partes devem se esgotar apenas no começo do próximo ano, devido ao recesso do judiciário catarinense a partir deste fim de semana.

Internação em clínica

De acordo com uma das advogadas de Pizzolatti, Helen Beal, a equipe tentará amenizar a decisão de Bogo até a última instância. Ou seja, os recursos podem chegar ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Foi a 6ª Turma do STJ que concedeu habeas corpus ao ex-deputado em outubro deste ano, após ele permanecer 144 dias no Presídio Regional de Blumenau.

Entre as medidas cautelares estão a de se apresentar a cada dois meses em juízo, não dirigir, não mudar de endereço sem aviso prévio e internação em clínica de tratamento psiquiátrico e alcoólico.

Sobre a última exigência, consta nos autos que Pizzolatti foi internado em Florianópolis no último dia 29. A advogada confirma a ida à unidade de saúde, mas não informou se ele ainda permanece no local.

“Ele pode ter recebido alta, mas isso é com o médico, não tenho acesso a essa informação”, declarou.

À reportagem, uma funcionária da clínica disse que Pizzolatti não está no local.

O acidente

De acordo com Helen, o ex-parlamentar auxilia mensalmente a Paulo. O desconto é feito na folha de pagamento do acusado.

No dia 20 de dezembro de 2017, Pizzolatti dirigia uma caminhonete Volvo, que bateu de frente com um Fiat Mobi conduzido por Paulo. A caminhonete também atingiu um Hyundai/IX35.

Paulo sofreu queimaduras graves e ficou vários meses internado em Joinville. Pizzolatti apresentava sinais de embriaguez no momento da colisão e foi atendido por policiais e bombeiros militares.

Em vídeo gravado por populares na cena do acidente, Pizzolatti aparece confirmando que estava bêbado. No entanto, a defesa alegou que ele estava sob o efeito de medicação. No processo, ele nega que tenha ingerido bebidas alcoólicas.

Naquele dia, foi levado por uma viatura do Corpo de Bombeiros ao Hospital Santa Isabel. Porém, deixou o local antes do atendimento ser concluído.

Prisão

Pizzolatti aguardava o andamento do processo em liberdade quando desobedeceu a ordem judicial que o proibia de dirigir. Ele foi multado em abril por conduzir o carro da esposa em Rios dos Cedros.


Após o episódio, Bogo autorizou a prisão preventiva do ex-deputado. Ele chegou a ficar em um Centro de Psiquiatria e Dependência Química de São José, na Grande Florianópolis, mas foi preso assim que a Justiça soube da internação, em maio.


Fonte: ND Mais