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Vídeo: Diocese de Caçador – Colocar-se a caminho (Lc 24,33 -35)

O movimento, o caminhar abre perspectivas, atiça o ânimo e faz abrir horizontes na vida



O relato dos discípulos de Emaus nos surpreendem cada vez quando meditamos sobre o caminhar de Jesus com os moços de Emaús. Deixar-se envolver, caminhar junto, inteirar-se do diálogo. Relembrar o passado, fomentar perspectivas e lançar-se a caminhar. O movimento, o caminhar abre perspectivas, atiça o ânimo e faz abrir horizontes na vida. A missa deve nos mobilizar para essa riqueza do movimento positivo, construtivo e de frente missionária que converte, transforma e anima a pessoa.

Seguindo a reflexão do Padre Jean Poul Hansen, “o fruto esperado da missa é a missão, o fruto do encontro com o Ressuscitado é o anúncio missionária. Assim fizeram os discípulos de Emaús e todos os discípulos que, desde as origens cristãs até os dias de hoje, reconheceram verdadeiramente o Senhor ressuscitado ao partir o pão.

Se nossa eucaristia não nos tem despertado para a missão, é porque não nos está levando ao verdadeiro encontro com Jesus. Se a vida não é trazida para a celebração, se não se escuta de verdade a Palavra e não se come do verdadeiro alimento que é Cristo na eucaristia, o que sobra? Há verdadeira participação? Não basta a presença é preciso uma participação ativa, plena e consciente, como pede o Concílio Vaticano II. A missa nasce daí, nasce necessariamente desse encontro e, sem ele, não há missão. Para que isto aconteça, precisamos dar especial atenção à vida que celebramos, quer seja a nossa, a de Deus no meio de nós, relatada em sua Palavra, que sejam a de seu Filho presente sacramentalmente entre nós na eucaristia. Vida, Palavra e pão eucarístico são ingredientes necessários para gerar o engajamento missionário que se espera daqueles que não apenas cumprem um preceito, assistem ou estão de corpo presente em nossos diversos ritos litúrgicos, mas de fato celebram a vida para viver a fé”. O amadurecimento na vida cristã se mede pela capacidade de visualizar, vivenciar, sentir, mobilizar em direção a mensagem do Evangelho. Construir relações fraternas, agir segundo a misericórdia de Deus, amar como Jesus amou, esperar os frutos da graça de Deus agindo na vida são riquezas que nos amadurecem e nos fortalecem na vida. A comunidade de fé é a baliza para mensurar o quanto somos capazes de integrar missa e missão. O rito, a celebração litúrgica está casada com a ação, o movimento, a meditação e contemplação que edifica o coração de uma pessoa que procura ser am[S1] ável, dócil e profundamente ética e cristã.

A superação do legalismo, do clericalismo, do reducionismo nos coloco em atenção de alto nível para vivenciar e degustar as maravilhas que Jesus nos ensina no Evangelho. A rotina pode nos jogar no perigo do labirinto do legalismo, da acomodação e do reducionismo cristão. Jesus nos ensina a viver com autenticidade e coerência consigo mesmo, como os outros e com Deus. A verdadeira comensalidade do cristão, isto é, a capacidade de celebrar, regozijar, cear com amigos fortalece o laço fraterno e nos une no desejo de celebrar (eucaristia) e agir coerentemente com maturidade (missão) sendo sal da terra e luz do mundo.

Por isso Jesus também nos desafia sermos fermento na massa para que se transforme em alimento para si mesmo e para o próximo. Eis o grande sinal do Reino de Deus entre nós. Viver a experiência do rito sagrado que nos leva a agir santamente, na transformação do mundo. Nossa ação evangelizadora precisa constantemente do alimento e da ação. A contemplação é o intermédio que nos faz crescer na consciência, na verdade e no equilíbrio para que toda ação seja uma celebração e toda a celebração tenha a dimensão missionária com fé, esperança e sensibilidade de perceber que Deus está no meio de nós. Deus age em nós. Deus se faz carne está vivo entre nós. Deus é alimento na eucaristia e em resposta, agimos conforme a inspiração divina para construirmos o Reino de Deus que já está entre nós. Reino de amor, de esperança, de justiça e de fraternidade.

Dom Frei Severino Clasen


Bispo Diocesano de Caçador



Fonte: Diário Rio do Peixe