Dos três grupos no Brasil que se identificam como seções locais da Ku Klux Klan, dois estão em Blumenau
Em 2014 a Polícia Civil apreendeu em Itajaí materiais que faziam apologia ao nazismo
(Foto: Victor Pereira)
Santa Catarina é o segundo Estado do Brasil com mais grupos neonazistas ativos na internet. A afirmação está nos números de uma nova pesquisa brasileira que aponta o crescimento dos movimentos de inspiração nazista no Brasil. Conforme o levantamento, Santa Catarina tem 69 células (grupos de três a 40 pessoas com ideais e atividades comuns) em atividade, atrás apenas de São Paulo, onde foram identificados 99 grupos.
A pesquisa foi feita pela doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Adriana Dias, que pesquisa o discurso neonazista e supremacista branco nas redes há 16 anos. O levantamento foi feito com técnicas de programação para identificar pessoas que baixam grande quantidade de material nazista na internet, que participam de fóruns e redes sociais voltadas ao tema ou que são líderes de blogs que propagam o conteúdo.
"São vários tipos de bancos de dados que analisam várias questões. O principal é a quantidade de material que essa pessoa lê sobre o tema. Ela tem que ter lido pelo menos o equivalente a 100mb de arquivos neonazista. Então a gente tem um cálculo sobre margem de erro, e também uma consideração a respeito de quantos IPs uma pessoa pode usar, em casa, no trabalho, na casa dos pais, etc. A partir daí a gente vai vendo manifestações desses grupos publicamente ou em fóruns", explicou a pesquisadora em entrevista ao NSC Total.
Mesmo que com algumas divisões, de forma geral os grupos promovem a intolerância com base em alguns ideais ligados ao nazismo de superioridade e pureza racial. Essas ações envolvem violência, humilhação e discriminação através da fabricação, comercialização e distribuição de propagandas de defesa do pensamento, como os cartazes que já viraram caso de polícia em Santa Catarina nos últimos anos.
Entre os 69 grupos identificados em Santa Catarina, a pesquisadora chama a atenção para a existência de seções locais da Ku Klux Klan (KKK) — organização nascida nos Estados Unidos com ideais supremacistas e nacionalistas. No Brasil inteiro foram identificados três grupos que se identificam como seções da KKK: um em Niterói (RJ) e dois em Blumenau, no Vale do Itajaí.
A pesquisadora aponta que, de forma geral, os grupos no Brasil não possuem grande relação entre si ou contato. O mesmo vale para as duas seções que existiriam em Blumenau. Para Adriana, são grupos diferentes e que podem não se conhecer ou se dividiram por alguma briga interna — algo que ela diz ser comum na criação das células pelo país. Uma das organizações identificadas em Blumenau inclusive se identifica como “o primeiro grupo KKK no Brasil”.
"A KKK tem uma base religiosa muito forte, um ódio muito forte ao negro, ao judeu, um ódio muito forte e uma prática muito violenta. Então esses dois grupos, eu espero que sejam pequenos, pelo o que percebi são células pequenas, não devem ter mais do que 10 ou 12 pessoas cada uma. Espero que não tenham potencial de crescimento. Se elas tiverem, elas tendem a ser bastante violentas, porque a KKK é violenta", alerta a antropóloga.
Adriana explica que cada grupo funciona de uma forma, com grandes diferenças de uma célula da Ku Klux Klan — com ideais religiosos — em relação a um grupo supremacista branco, por exemplo. O que une todos é a presença na internet. Todos os grupos mapeados pela pesquisadora fazem o chamado ciberativismo, outras células que não têm presença online não foram analisadas pela antropóloga.
"Eu acredito que o número seja ainda maior do que eu localizei. Esses grupos tem gente mais nova, mais velha, mulheres que desempenham funções diferentes. E fazem ciberativismo, encontros, revistas, mentoria de jovens brancos, atividades como rituais e cultos e até encontros para pancadaria", explica.
Fonte: Diário Catarinense
Em 2014 a Polícia Civil apreendeu em Itajaí materiais que faziam apologia ao nazismo
(Foto: Victor Pereira)
Santa Catarina é o segundo Estado do Brasil com mais grupos neonazistas ativos na internet. A afirmação está nos números de uma nova pesquisa brasileira que aponta o crescimento dos movimentos de inspiração nazista no Brasil. Conforme o levantamento, Santa Catarina tem 69 células (grupos de três a 40 pessoas com ideais e atividades comuns) em atividade, atrás apenas de São Paulo, onde foram identificados 99 grupos.
A pesquisa foi feita pela doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Adriana Dias, que pesquisa o discurso neonazista e supremacista branco nas redes há 16 anos. O levantamento foi feito com técnicas de programação para identificar pessoas que baixam grande quantidade de material nazista na internet, que participam de fóruns e redes sociais voltadas ao tema ou que são líderes de blogs que propagam o conteúdo.
"São vários tipos de bancos de dados que analisam várias questões. O principal é a quantidade de material que essa pessoa lê sobre o tema. Ela tem que ter lido pelo menos o equivalente a 100mb de arquivos neonazista. Então a gente tem um cálculo sobre margem de erro, e também uma consideração a respeito de quantos IPs uma pessoa pode usar, em casa, no trabalho, na casa dos pais, etc. A partir daí a gente vai vendo manifestações desses grupos publicamente ou em fóruns", explicou a pesquisadora em entrevista ao NSC Total.
Mesmo que com algumas divisões, de forma geral os grupos promovem a intolerância com base em alguns ideais ligados ao nazismo de superioridade e pureza racial. Essas ações envolvem violência, humilhação e discriminação através da fabricação, comercialização e distribuição de propagandas de defesa do pensamento, como os cartazes que já viraram caso de polícia em Santa Catarina nos últimos anos.
Entre os 69 grupos identificados em Santa Catarina, a pesquisadora chama a atenção para a existência de seções locais da Ku Klux Klan (KKK) — organização nascida nos Estados Unidos com ideais supremacistas e nacionalistas. No Brasil inteiro foram identificados três grupos que se identificam como seções da KKK: um em Niterói (RJ) e dois em Blumenau, no Vale do Itajaí.
A pesquisadora aponta que, de forma geral, os grupos no Brasil não possuem grande relação entre si ou contato. O mesmo vale para as duas seções que existiriam em Blumenau. Para Adriana, são grupos diferentes e que podem não se conhecer ou se dividiram por alguma briga interna — algo que ela diz ser comum na criação das células pelo país. Uma das organizações identificadas em Blumenau inclusive se identifica como “o primeiro grupo KKK no Brasil”.
"A KKK tem uma base religiosa muito forte, um ódio muito forte ao negro, ao judeu, um ódio muito forte e uma prática muito violenta. Então esses dois grupos, eu espero que sejam pequenos, pelo o que percebi são células pequenas, não devem ter mais do que 10 ou 12 pessoas cada uma. Espero que não tenham potencial de crescimento. Se elas tiverem, elas tendem a ser bastante violentas, porque a KKK é violenta", alerta a antropóloga.
Adriana explica que cada grupo funciona de uma forma, com grandes diferenças de uma célula da Ku Klux Klan — com ideais religiosos — em relação a um grupo supremacista branco, por exemplo. O que une todos é a presença na internet. Todos os grupos mapeados pela pesquisadora fazem o chamado ciberativismo, outras células que não têm presença online não foram analisadas pela antropóloga.
"Eu acredito que o número seja ainda maior do que eu localizei. Esses grupos tem gente mais nova, mais velha, mulheres que desempenham funções diferentes. E fazem ciberativismo, encontros, revistas, mentoria de jovens brancos, atividades como rituais e cultos e até encontros para pancadaria", explica.
Fonte: Diário Catarinense