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Pesquisadores do Google alcançam marco histórico na computação quântica

Problema que levaria milhares de anos para ser resolvido em um computador "clássico", foi solucionado em segundos. Feito permitirá, entre outras possibilidades, a produção de medicamentos mais eficazes.


Google — Foto: Arnd Wiegmann/Reuterus


Pesquisadores do Google atingiram um feito histórico para a computação quântica — definido como a "supremacia quântica". Um problema que levaria milhares de anos para ser resolvido em um computador clássico, foi solucionado em 200 segundos por uma das máquinas da empresa.

Segundo o Google, este é um "momento de possibilidade" e pode ser comparado com a construção do primeiro foguete que deixou a gravidade da Terra e foi para o espaço.

Isso porque, a partir deste marco, será possível projetar baterias mais eficientes, além de produzir fertilizantes utilizando menos energia e medicamentos mais eficazes.

A diferença de um computador quântico para um clássico está na quantidade de informações que podem ser processadas e armazenadas ao mesmo tempo.

Enquanto em uma máquina clássica (como desktops domésticos e smartphones) o processo acontece em bits, representados pelos códigos 0 ou 1, em uma quântica o processo é feito por qubits e há vários estados entre 0 e 1.

Arte mostra interior do computador quântico. Foto: Roberta Jaworski/ Arte G1


Guarde este termo: qubit

O computador quântico, na realidade, é apenas o pequeno chip na parte de baixo do gigantesco “lustre” dourado.

A grande estrutura ao redor do pequeno chip serve para garantir condições muito específicas de funcionamento, como ausência de ruído e de oscilação elétrica, além de temperaturas tão baixas que beiram zero Kelvin, o zero absoluto, ou -273 °C.

O nosso computador tradicional funciona através de bits, que salvam e escrevem informação em sequências binárias de 0 ou 1. Já o computador quântico usa qubits (se fala "quilbit") — os bits quânticos.


Os qubits são bastante delicados e só conseguem funcionar em temperaturas muito baixas, que é quando alcançam propriedades da mecânica quântica, daí o nome do computador.

O 'Lustre', como é chamado o computador quântico da IBM, não é vendido pela empresa, apenas sua capacidade de processamento. — Foto: Thiago Lavado/G1

Uma dessas propriedas se chama superposição. Ao invés de escolher entre 0 ou 1, o computador quântico consegue usar a superposição para realizar uma combinação matemática entre 0 e 1, algo difícil de entender intuitivamente. Isso permite que o computador pegue alguns atalhos e realize cálculos mais rápidos.


Outra característica quântica é o entrelaçamento, também um fenômeno da mecânica quântica, que permite a um qubit exercer efeito instantâneo nos outros qubits do sistema, o que acelera ainda mais os cálculos.


Diferença do computador tradicional

Um algoritmo quântico teria que realizar 10 mil operações para encontrar um nome em uma lista telefônica com 100 milhões de nomes. Em comparação, o típico computador binário teria que fazer 50 milhões de operações, na média.

Por essas peculiaridades, espera-se que o computador quântico seja uma revolução na indústria.

O Q System One da IBM tem capacidade de processamento de 20 qubits. Especialistas afirmam que será necessário centenas de qubits para começarmos a ver uma revolução acontecer. Por isso, o lançamento de agora é um passo e não um grande salto na direção do futuro.

Mas a tecnologia também desperta preocupações: o aumento na capacidade de processamento pode ameaçar, por exemplo, toda a criptografia que temos hoje para proteger bancos, transações financeiras e outras informações.


Nos Estados Unidos, legisladores já afirmam que o país deve liderar esforços para criar sistemas de segurança que sejam resistentes a computadores quânticos.


Fonte: G1