Volni Figueiredo, de 59 anos, é o único sobrevivente do acidente que matou a esposa, uma das filhas e duas netas.
Foto de família foi tirada no dia 7 de janeiro, no aniversário de Fernanda
Foto: Fernanda Figueiredo/Divulgação/ND
“Na hora, eu pensei: queria ter ido junto. Em seguida, lembrei de você, filha. Você não suportaria sozinha. Deus me deixou pra cuidar de ti, a mãe ia querer assim”.
Estas foram as palavras de Volni Figueiredo para a filha Fernanda, no encontro dos dois nessa quinta-feira (17). Volni, de 59 anos, é o único sobrevivente da tragédia que tirou a vida da família em acidente na BR-282 em Águas Mornas, na Grande Florianópolis, na quarta-feira (16).
Naquela tarde de quarta-feira, Volni voltava de carro para Ituporanga com a esposa, Angelita Aparecida do Nascimento, de 53 anos; a outra filha, Fabiana Figueiredo Felaço, 31 anos; e as netas – filhas de Fabiana – Eduarda Vitória Felaço, 7 anos, e Eloá Vitória, de 5 anos.
A família retornava para casa após uma rápida viagem a Florianópolis, onde Eduarda, que era cardiopata, realizou um exame. No entanto, além de Volni, as outras quatro ocupantes do Toyota Corolla não chegaram ao destino.
No km 49 da BR-282, que corta o município de Águas Mornas, o veículo “rodou” na pista molhada. A parte traseira do Corolla acabou colidindo contra um Toyota Hilux SW4 que transitava no sentido contrário.
Com o impacto da colisão, morreram no local Angelita, Fabiana, Eduarda e Eloá. Volni fraturou três costelas e sofreu uma contusão pulmonar. Foi encaminhado ao hospital, onde permanece internado. Ele completa 60 anos na próxima quinta-feira, dia 24 de outubro.
Volni irá passar seu aniversário com a filha Fernanda, de 27 anos, para quem fez o desabafo sobre ser o motivo para continuar vivo. Ela estava em Ituporanga quando perdeu a mãe, a irmã e as sobrinhas. Fernanda e Fabiana são as duas únicas filhas dele e de Angelita.
“Meu pai deu o terreno pra cada filha, sempre quis que a gente morasse perto”, conta Fernanda. Ela e a irmã, inclusive, trabalhavam juntas há 13 anos, em uma confecção de roupas.
Marido de Fabiana e pai das meninas, Luis Carlos Felaço estava na Bahia quando ocorreu o acidente. A empresa em que ele trabalha pagou a passagem de avião para que pudesse enterrar a companheira e as duas filhas.
Eduarda e Eloá nasceram após muita persistência. A irmã Fabiana, conta Fernanda, sempre teve dificuldade em manter as gestações.
Após três abortos espontâneos, nasceu Eduarda, em 2012. Quando ela tinha apenas um mês de vida, descobriram que a Duda, como era chamada pela família, era cardiopata. Ela foi diagnosticada com tetraologia de Fallot.
Por causa do problema, a menina sempre precisou passar por exames periódicos. Aos seis meses, e também com 1 ano, fez cirurgias. O aniversário do primeiro ano de vida foi comemorado no leito do hospital.
Foi nessa época que Fabiana soube que a segunda filha estava a caminho. Eloá nasceu em 2014.
Avós deixaram trabalho pela família
O avô Volnir era o responsável por buscar as meninas na escola, enquanto Fabiana trabalhava. “A Eloá adorava que o vô buscasse, porque ele parava pra comprar balas”, lembra Fernanda.
Eduarda, que estava na primeira série, chegou a ganhar o título de aluna destaque da turma em setembro. Segundo Fernanda, a menina lia muito bem e adorava fazer as listas de compras para a mãe.
As meninas e a mãe costumavam passar as manhãs com Angelita. A avó costumava trabalhar como zeladora, mas deixou a ocupação. O marido Volnir, também.
O pai e avô, que trabalhava como montador em uma marmoraria, queria passar mais tempo a família. “Fazia um mês que ele tinha saído do trabalho. Os dois (Angelita e Volnir) estavam tão felizes que iam ter tempo um para o outro”, conta Fernanda. O casal estava junto há 33 anos.
Viagem sem volta
No dia do acidente, Eduarda tinha exame marcado no Hospital SOS Cardio, no bairro Itacorubi, em Florianópolis. O avô Volnir tse prontificou em levar a mãe e a criança. A avó decidiu prestar apoio ir também. Já a irmãzinha Eloá, quis viajar por curiosidade.
“Eles me mandaram um áudio às 15h, dizendo que estavam saindo de Florianópolis, que estavam bem e que a Duda estava ótima”, lembra Fernanda. Uma hora e meia mais tarde, aconteceu a tragédia.
Fernanda soube do acidente três horas depois. Ela estava na faculdade e recebeu a notícia por meio de fotos em redes sociais.
“Se as pessoas soubessem como isso é triste, não fariam essas publicações. Todo mundo quer ser repórter por um minuto sem se preocupar se a família já sabe”, desabafou.
Na manhã desta sexta-feira (18), Fernanda permanecia ao lado do pai, que está internado no pronto socorro de Ituporanga. Enquanto isso, a comunidade aguarda a duplicação da BR-282, antiga reivindicação de quem a utiliza e que não tem prazo para começar.
Apenas nos 18 dias de outubro, sete vidas já foram perdidas na rodovia.
Fonte: ND+
Foto de família foi tirada no dia 7 de janeiro, no aniversário de Fernanda
Foto: Fernanda Figueiredo/Divulgação/ND
“Na hora, eu pensei: queria ter ido junto. Em seguida, lembrei de você, filha. Você não suportaria sozinha. Deus me deixou pra cuidar de ti, a mãe ia querer assim”.
Estas foram as palavras de Volni Figueiredo para a filha Fernanda, no encontro dos dois nessa quinta-feira (17). Volni, de 59 anos, é o único sobrevivente da tragédia que tirou a vida da família em acidente na BR-282 em Águas Mornas, na Grande Florianópolis, na quarta-feira (16).
Naquela tarde de quarta-feira, Volni voltava de carro para Ituporanga com a esposa, Angelita Aparecida do Nascimento, de 53 anos; a outra filha, Fabiana Figueiredo Felaço, 31 anos; e as netas – filhas de Fabiana – Eduarda Vitória Felaço, 7 anos, e Eloá Vitória, de 5 anos.
A família retornava para casa após uma rápida viagem a Florianópolis, onde Eduarda, que era cardiopata, realizou um exame. No entanto, além de Volni, as outras quatro ocupantes do Toyota Corolla não chegaram ao destino.
No km 49 da BR-282, que corta o município de Águas Mornas, o veículo “rodou” na pista molhada. A parte traseira do Corolla acabou colidindo contra um Toyota Hilux SW4 que transitava no sentido contrário.
Com o impacto da colisão, morreram no local Angelita, Fabiana, Eduarda e Eloá. Volni fraturou três costelas e sofreu uma contusão pulmonar. Foi encaminhado ao hospital, onde permanece internado. Ele completa 60 anos na próxima quinta-feira, dia 24 de outubro.
Volni irá passar seu aniversário com a filha Fernanda, de 27 anos, para quem fez o desabafo sobre ser o motivo para continuar vivo. Ela estava em Ituporanga quando perdeu a mãe, a irmã e as sobrinhas. Fernanda e Fabiana são as duas únicas filhas dele e de Angelita.
“Meu pai deu o terreno pra cada filha, sempre quis que a gente morasse perto”, conta Fernanda. Ela e a irmã, inclusive, trabalhavam juntas há 13 anos, em uma confecção de roupas.
Marido de Fabiana e pai das meninas, Luis Carlos Felaço estava na Bahia quando ocorreu o acidente. A empresa em que ele trabalha pagou a passagem de avião para que pudesse enterrar a companheira e as duas filhas.
Eduarda e Eloá nasceram após muita persistência. A irmã Fabiana, conta Fernanda, sempre teve dificuldade em manter as gestações.
Após três abortos espontâneos, nasceu Eduarda, em 2012. Quando ela tinha apenas um mês de vida, descobriram que a Duda, como era chamada pela família, era cardiopata. Ela foi diagnosticada com tetraologia de Fallot.
As meninas Eloá, de 5 anos, e Eduarda, 7, morreram no acidente
Foto: Fernanda Figueiredo/Arquivo Pessoal/ND
Por causa do problema, a menina sempre precisou passar por exames periódicos. Aos seis meses, e também com 1 ano, fez cirurgias. O aniversário do primeiro ano de vida foi comemorado no leito do hospital.
Foi nessa época que Fabiana soube que a segunda filha estava a caminho. Eloá nasceu em 2014.
Avós deixaram trabalho pela família
O avô Volnir era o responsável por buscar as meninas na escola, enquanto Fabiana trabalhava. “A Eloá adorava que o vô buscasse, porque ele parava pra comprar balas”, lembra Fernanda.
Eduarda, que estava na primeira série, chegou a ganhar o título de aluna destaque da turma em setembro. Segundo Fernanda, a menina lia muito bem e adorava fazer as listas de compras para a mãe.
As meninas e a mãe costumavam passar as manhãs com Angelita. A avó costumava trabalhar como zeladora, mas deixou a ocupação. O marido Volnir, também.
O pai e avô, que trabalhava como montador em uma marmoraria, queria passar mais tempo a família. “Fazia um mês que ele tinha saído do trabalho. Os dois (Angelita e Volnir) estavam tão felizes que iam ter tempo um para o outro”, conta Fernanda. O casal estava junto há 33 anos.
Angelita e Fabiana – Foto: Fernanda Figueiredo/Divulgação/ND
Viagem sem volta
No dia do acidente, Eduarda tinha exame marcado no Hospital SOS Cardio, no bairro Itacorubi, em Florianópolis. O avô Volnir tse prontificou em levar a mãe e a criança. A avó decidiu prestar apoio ir também. Já a irmãzinha Eloá, quis viajar por curiosidade.
“Eles me mandaram um áudio às 15h, dizendo que estavam saindo de Florianópolis, que estavam bem e que a Duda estava ótima”, lembra Fernanda. Uma hora e meia mais tarde, aconteceu a tragédia.
Fernanda soube do acidente três horas depois. Ela estava na faculdade e recebeu a notícia por meio de fotos em redes sociais.
“Se as pessoas soubessem como isso é triste, não fariam essas publicações. Todo mundo quer ser repórter por um minuto sem se preocupar se a família já sabe”, desabafou.
Na manhã desta sexta-feira (18), Fernanda permanecia ao lado do pai, que está internado no pronto socorro de Ituporanga. Enquanto isso, a comunidade aguarda a duplicação da BR-282, antiga reivindicação de quem a utiliza e que não tem prazo para começar.
Apenas nos 18 dias de outubro, sete vidas já foram perdidas na rodovia.
Fonte: ND+