Recapitulando a primeira década: Acreditando no propósito de fomentar a economia local por meio da cultura do leite, 34 sócios compraram o empreendimento iniciado por Padre King. Eles Investiram para concluir as obras e em 26 de setembro de 1974, foi fundada a Lacticínios Tirol Ltda.
Os 10 primeiros anos foram acompanhados de muitos desafios, como acessibilidade, transporte, dificuldades financeiras entre outras. Mas também de importantes conquistas como a conquista do Selo de Inspeção Federal que possibilitou abrir novos horizontes, fidelizar clientes e adquirir a primeira balança mecânica. Nessa época também se deu início a área de fomento da empresa, com o objetivo de auxiliar os produtores de leite no desenvolvimento da atividade visando a qualidade do leite. Foi ainda na primeira década de empresa que se deu a construção do primeiro posto de resfriamento, localizado em Peritiba (SC) e a compra do primeiro caminhão isotérmico.
Já a segunda década é marcada pela diversificação. São adquiridos novos equipamentos, o empreendimento é expandido e se inicia a produção de leite longa vida.
Aquisição do primeiro computador
Em 1985, acompanhando a expansão do mercado no segmento da informática e as necessidades de acompanhar o crescimento da empresa, agilizar os processos internos, os controles e a segurança da informação, a Tirol adquiriu seu primeiro computador. Um equipamento revolucionário para a época porque poucos tinham acesso.
Curiosamente, o equipamento não tinha HD para armazenamento de dados. Para inicializar o computador era preciso inserir disquete e para iniciar as operações era necessário trocar o disquete, só depois desse procedimento é que o usuário teria acesso ao sistema desenvolvido pela empresa.
Os benefícios da nova aquisição
Instalações Unidade da Matriz em Treze Tílias (Arquivo Tirol)
Em um primeiro momento o equipamento permitiu automatizar o procedimento de impressão das notas de pagamento aos produtores, que antes eram feitas manualmente ou por meio da máquina de datilografia.
Apesar da novidade assustar um pouco no início, logo, o equipamento se tornou indispensável. No fundo todos sabiam que ninguém consegue conter o futuro e a evolução tecnológica. Foi preciso mudar, aceitar o novo, aprender a manipular a novidade.
A evolução foi natural e não demorou muito para outros equipamentos serem adquiridos e os processos começarem a fluir de forma mais ágil, permitindo que a empresa pudesse expandir mais rapidamente.
Produção de leite catarinense e o contexto nacional
Considerando a permeabilidade da atividade leiteira familiar na região de Treze Tílias e do Extremo Oeste Catarinense, a Tirol intensificou o trabalho da área de Fomento junto aos produtores rurais com o objetivo de auxiliá-los na atividade, instruindo-os quanto a alimentação adequada, manejo, sanidade do rebanho, melhoramento genético entre outras ações de suporte técnico.
O Fomento Tirol viabilizou ações direcionadas ao crescimento na produção, como produtividade e melhoria da genética por meio da aquisição de vacas e novilhas adquiridas no Uruguai e financiadas a médio e longo prazo.
A equipe técnica auxiliava também os produtores na inseminação artificial, ou seja, foi eliminado o papel dos touros e começou a ser utilizado sêmen próprio para a produção de leite. Essa tecnologia revolucionou a produção elevando o patamar de qualidade do rebanho. A partir de então, o produtor acreditou que valia a pena investir em sêmem de qualidade, porque melhorava muito a produtividade e consequentemente seus rendimentos.
A partir dos anos 90 a cadeia produtiva do leite catarinense passa a ser influenciada fortemente pelo contexto nacional e começa a apresentar uma trajetória de crescimento constante, tendo em vista a combinação de várias razões entre elas o fim do tabelamento de preços por parte do governo (O tabelamento do leite iniciou em 1945 no Rio de Janeiro, que se estendeu a todo o pais e perpetuou durante 50 anos – Todavia, ao contrário do propósito declarado pelo Governo Federal, o tabelamento que fixava preções e margens ao produtor, empresas e consumidores acabou inibindo o desenvolvimento do setor);
O tabelamento de preços foi uma trava ao crescimento nacional. Com o seu fim, algumas mudanças ocorreram, aumentou sensivelmente a produção de alguns estados; o consumidor passou a ser mais informado e exigente; cresceu a diferenciação de produtos lácteos; o leite longa vida passou a ter grande influência na formação de preço da matéria-prima; teve início as políticas de pagamento por volume e por qualidade de leite.
A partir de então, a região do Oeste Catarinense atingiu taxas de crescimento na produção muito expressivas e começou a se sobressair diante de outras regiões do Estado e do País. O leite passa a ter grande importância econômica e social para toda região em especial para o Oeste Catarinense.
As conquistas de 1994
De encontro aos avanços da região e diante da disponibilidade em abundância da matéria prima, a Tirol faz dois grandes investimentos no ano de 1994. A aquisição da Unidade de Chapecó e a instalação da Unidade de leite longa Vida.
Unidade Industrial Leite Longa Vida Treze Tílias (SC) (Arquivo Tirol)
Aquisição da Unidade de Chapecó
1994 - Aquisição da Fábrica em Chapecó (Arquivo Tirol)
Em 1994 a Laticínios Chapecó que na época trabalhava com queijos e derivados, foi adquirida pela Tirol. A Tirol assumiu a indústria, manteve toda estrutura funcional, e enviou uma pessoa de confiança que trabalhava em Treze Tílias para administrar a planta.
Depois de assumir o empreendimento os métodos de trabalho evoluíram muito, especialmente porque a Tirol sempre prezou pela qualidade de seus produtos e investimento em novas tecnologias.
Em 1997, a unidade ganhou o Prêmio Estadual por Inovação e Melhorias no Ambiente de Trabalho. Na época a premiação foi feita pelo governo do estado entregue na FIESC.
Quando a unidade foi adquirida pela Tirol, ela já contava com o Selo de Inspeção Federal (SIF), sendo assim, logo passou a atender o mercado institucional como clientes como Perdigão e Sadia.
Com aquisição da Unidade de Chapecó, foi adquirido também os Postos de Resfriamento das cidades de Ipumirim (SC), Pinhalzinho (SC) e Trindade do Sul (RS), marcando a entrada da captação de leite também no Estado do Rio Grande do Sul.
Implantação da Unidade de Leite Longa Vida
Inauguração Unidade Industrial Leite Longa Vida (Arquivo Tirol)
Inauguração Unidade Industrial Leite Longa Vida 2 (Arquivo Tirol)
Instalações Internas - Unidade Industrial Leite Longa Vida (Arquivo Tirol)
Embora a ultrapasteurizarão tenha sido desenvolvida nos Estados Unidos (EUA) e Europa nas décadas de 40 e 50, somente após o desenvolvimento da embalagem asséptica, na década de 60, na Suécia, que a comercialização do leite longa vida torna-se viável. E, é somente em 1972 que essa tecnologia chega no Brasil.
O procedimento do leite longa vida é quando o leite é submetido a um novo tipo de tratamento térmico: a ultrapasteurizarão, mais conhecido como UHT. Neste processo, a temperatura do leite é elevada a 130-150 ° C por 2 a 4 segundos.
A Tirol conheceu a novidade durante a realização da Feira Internacional de Produtos e Serviços para a Alimentação fora do Lar (FISPAL) em São Paulo, em que a equipe da Tirol teve o seu primeiro contato com a empresa Tetra Pak. Acreditando que o produto era o futuro, investiu muito pesado no processo de fabricação do Leite Longa Vida.
No início dos anos 90, poucas empresas produziam leite longa vida no Brasil e a Tirol foi a primeira no Estado de Santa Catarina a investir no processo UHT. Como era um novo produto que necessitava de investimento em tecnologia, o início do processo foi complicado, mas não tinha mais volta em função dos vultuosos investimentos.
O novo produto mudou os hábitos de consumo do leite em função de sua praticidade, prazo de validade maior e armazenamento em temperatura ambiente, permitindo com que a Tirol conquistasse novos mercados e expandisse a comercialização de produtos para centros como Curitiba (PR) e São Paulo.
O UHT tomou conta do mercado e as indústrias que não acreditavam neste produto tiveram dificuldades em se manter.
Os primeiros investimentos na Unidade Longa Vida
Foi um investimento alto em construção civil, áreas grandes de armazenagem (todas com drivers), tanto de embalagens como de produto final. Houve também mudanças significativas no sistema de transportes que antes era refrigerado.
Além de todas as máquinas auxiliares foram adquiridas duas máquinas de envase com capacidade de 3 mil litros hora. Nos anos seguintes, as máquinas foram substituídas por outras, com capacidade de 6 mil litros hora, impulsionando a captação e processamento de leite.
Foi investido também no sistema de fornecimento de energia, devido a expressiva demanda dos novos equipamentos.
A reestruturação da cadeia produtiva do leite nos anos 1990
Por conta do processo de mundialização e com o intuito de melhorar as condições sanitárias do setor a partir de mudanças na legislação, a cadeia produtiva do leite no Brasil passa por um profundo processo de reestruturação produtiva, decorrente do lançamento do Ministério da Agricultura, que exigia:
A granelização da coleta do leite (utilização de caminhões isotérmicos para transportar a produção da propriedade até o laticínio) e;
A adequação por parte dos produtores, de tanques de resfriamento (tanque de expansão) do leite na propriedade rural.
Muito embora o Sistema de Inspeção não exigisse a granelização em um primeiro momento, ou seja, a empresa poderia migrar aos poucos, a Tirol acreditou na modernização do processo de coleta de leite e com isso, uma das vantagens foi a melhoria da qualidade do leite. O mesmo ficava acondicionado em caminhão isotérmico, não perdia temperatura preservando a qualidade do leite.
Antes da granelização o leite era recolhido em latões, que ficava muitas vezes na estrada esperando o caminhão chegar, era complicado carregar e descarregar em função do peso, ao entrar na indústria o leite tinha que ser pesado e cada latão lavado individualmente. O transportador inicialmente foi resistente a mudança porque o investimento era alto, mas quando viu as facilidades não teve dúvidas em adotar o novo sistema.
Com a entrada dos caminhões de coleta a granel, logo em seguida veio também o resfriador a granel, que permitiu agilidade no processo e garantia da qualidade do leite por meio de um sistema que resfriava mais rápido e mantinha a temperatura até a chegada do caminhão de coleta.
As dificuldades iniciais foram grandes porque o equipamento era muito caro. A saída encontrada foi o financiamento por meio do sistema bancário e também a ajuda de parceiros (empresa fabricante) para viabilizar por meio de parcelamento, a aquisição do equipamento pelo produtor.
Em resumo, além da evolução tecnológica do processo a granelização do leite no sistema de transporte e no produtor, permitiu ganhos logísticos, melhoria considerável da qualidade do leite, redução da mão de obra e trabalho braçal, facilidade de carga e descarga do leite, bem como o crescimento da produção em escala e ainda, a redução de custos nas propriedades e nas indústrias.
Link da 1ª Reportagem da série: https://www.tiliasnews.com/2019/09/treze-tilias-tirol-45-anos-conheca.html
Fonte: Rádio Tropical FM