Os últimos anos mostravam o controle do sarampo em Santa Catarina. De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC), a circulação endêmica do vírus foi interrompida no ano 2000 e, desde então, apenas casos esporádicos foram registrados. Entre 2016 e 2018, não houve um registro sequer. Mas, em 2019, esse panorama mudou, e Santa Catarina contabiliza 15 casos da doença.
Para Alda Rodolfo da Silva, enfermeira responsável pelo setor de imunopreveníveis da Dive-SC, a realidade catarinense hoje não é diferente da enfrentada em outras partes do país. Ela cita que 11 estados vivem situação de surto de sarampo, e sugere que o aumento de casos pode estar relacionado, entre outros fatores, à questão migratória.
— Em meados de 2018, com a crise no país vizinho, muitos venezuelanos começaram a vir para o Brasil, e muitos deles sem vacina para o sarampo. Essa pode ser uma explicação para o surgimento do surto, que começou na mesma época — aponta Alda Rodolfo da Silva.
A enfermeira da Dive-SC também ressalta que é difícil controlar o vírus depois que ele se instala. Cada pessoa infectada, por exemplo, pode transmitir a doença para até outras 18 pessoas. O contágio ocorre pelo ar, através da respiração, tosse ou espirros, e começa antes mesmo que a pessoa infectada apresente os sintomas mais agudos da doença.
— A gente não parou de atuar para a prevenção, o problema é que o vírus opera numa rapidez que a Vigilância não alcança — comenta Alda.
Na tentativa de impedir que o vírus se espalhe, a Dive-SC tem procurado familiares e pessoas que possivelmente tenham tido contato com pacientes diagnosticados com a doença. Como ocorreu na busca por passageiros do voo da empresa Latam, LA3667, que saiu de Guarulhos, às 17h25min do dia 3 de agosto, e pousou em Florianópolis — um dos casos de sarampo é de uma das pessoas que estava no avião.
Além disso, a falta de vacinação ou a vacinação incompleta são outros agravantes para a transmissão do vírus.
A nossa orientação é para que todas as pessoas que estão dentro do calendário procurem se vacinar. O vírus procura as pessoas desprotegidas — diz a enfermeira da Dive-SC.
Maioria de casos é de jovens entre 20 e 29 anos
De acordo com o boletim da Dive-SC divulgado nesta segunda-feira (19), Florianópolis é a cidade catarinense com mais casos: são 10. Os outros registros são em Guaramirim (1), no Norte, e Barra Velha (1), no Vale do Itajaí.
Os outros três são de tripulantes de um navio que atracou no litoral catarinense em fevereiro. Outras cinco suspeitas seguiam em análise nesta segunda.
Ainda de acordo com o boletim da Dive-SC, a faixa etária com maior número de casos confirmados de sarampo em Santa Catarina é a de adultos jovens entre 20 e 29 anos, com sete casos, seguida da faixa etária de 10 a 14 anos, com três casos.
A Dive-SC também informou que os casos confirmados até agora são classificados como importados, pois as evidências epidemiológicas apontam que o contágio aconteceu em São Paulo.
Vacinação
As vacinas tríplice viral e tetra viral são a maneira mais eficaz de prevenir o sarampo, além de proteger também contra a rubéola, caxumba e varicela (catapora). A vacina é administrada aos 12 meses de idade (tríplice viral) com reforço aos 15 meses (tetra viral).
Caso a pessoa não tenha se vacinado nesta faixa etária ou não tenha completado o esquema vacinal com duas doses, deve, até os 29 anos, receber duas doses da vacina tríplice viral. Os não vacinados entre 30 e 49 anos recebem uma dose.
Riscos e sintomas
O sarampo é uma doença causada por um vírus que pode matar, principalmente crianças desnutridas e menores de um ano de idade.
Os principais sintomas do sarampo são: febre, tosse, coriza, aparecimento de manchas vermelhas no corpo e olhos avermelhados. Apresentando sinais e sintomas do sarampo, o serviço de saúde deve ser procurado imediatamente para que seja feito o diagnóstico e tratamento da doença.
Fonte: NSC