O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que continuará a defender junto à equipe econômica que contribuintes que ganhem até cinco salários mínimos, cerca de R$ 5 mil, fiquem isentos de pagar o Imposto de Renda (IR). A proposta foi anunciada por ele durante a campanha eleitoral, no ano passado. Hoje, o limite de isenção do IR é de R$ 1.903,98.
— Falei durante a campanha, falei isso aí, sim, tinha conversado com o Paulo Guedes [atual ministro da Economia]. Vou continuar batendo nessa tecla, porque eu acho que quem ganha até cinco [salários] mínimos, em grande parte, tem o imposto retornado para ele. Então se a gente puder facilitar a vida deles, né?, seria muito bom, no meu entender - declarou, em entrevista coletiva na saída do Palácio da Alvorada, pela manhã.
Sobre a proposta da equipe econômica de corrigir a faixa de isenção pela inflação, Bolsonaro disse que essa é uma possibilidade "mesmo que não mude nada".
— Isso eu já falei com eles, mesmo que não mude nada, pelo menos corrigir de acordo com a inflação. Porque não passou a ser imposto de renda, passou a ser redutor de renda. Nós queremos mostrar que dá para fazer diferente — justificou.
Depois de falar sobre a possibilidade de reajuste da tabela durante a campanha, Bolsonaro voltou a tocar no tema em maio. A tabela do IR não é reajustada desde 2015. Nesta sexta-feira, o presidente disse saber das dificuldades que o Brasil atravessa e que quer melhorar a vida das pessoas:
— Em vez de "x" pegar de imposto de renda todo ano, quem sabe "x menos y". Isso que a gente pretende.
O reajuste da tabela do IR viria acompanhado de uma reestruturação completa do imposto. A equipe econômica trabalha em um plano para diminuir a alíquota de 27,5% (para a faixa de renda acima de R$ 4.664,68) e, ao mesmo tempo, reduzir a possibilidade de deduções, que custam R$ 20 bilhões por ano, segundo dados da Receita Federal.
As mudanças fariam parte da reforma tributária que deve ser apresentada pelo governo na semana que vem. Nesta quarta, em evento em São Paulo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não deu detalhes sobre a proposta para confirmou que há mudanças em curso.
Na avaliação do governo, como a reforma da Previdência já foi aprovada na Câmara e seguiu para o Senado, há espaço para o anúncio de outras medidas.
O presidente também voltou a dizer que "não existe CPMF", quando perguntado sobre o anúncio do secretário especial da Receita Federal,Marcos Cintra, de que a equipe econômica pretende criar um tributo sobre pagamentos da "mesma espécie" da antiga CPMF.
Fonte: O Globo