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Veja o que o servidor que desviou mais de R$ 1 milhão do Fórum de Joaçaba diz em sua confissão

A Central de Jornalismo da Rádio Catarinense FM teve acesso a declaração de “próprio “punho” onde o chefe do cartório 1ª Vara Cível de Joaçaba, afastado de suas funções e que encontra-se preso, confessa ter se apropriado de forma indevida de valores oriundos de depósitos judiciais. No documento de 3 páginas, assinado no dia 11 de junho deste ano, ele relata como agiu e diz estar disposto a assumir pelo “erro”.


Investigação, ainda em curso, revelou que o servidor ao longo dos últimos anos desviou cerca de R$ 1 milhão e 300 mil. Entre outubro de 2014 e abril de 2019 foram feitas mais de 140 transferências. Os valores estavam depositados em subcontas de diversos processos judiciais em trâmite na 1ª Vara Cível de Joaçaba.  No esquema, o servidor é acusado de inserir dados falsos no Sistema de Depósitos Judiciais, que tinha autorização para operar.  Sem qualquer ordem judicial, ele formalizou pedidos de saque nas subcontas por meio desse sistema, afirma o MPSC. Como beneficiária desses valores, ele cadastrou a enteada e informou a conta-poupança dela.

Na declaração ele alega que há alguns anos, não sabendo precisar a data, passava por dificuldades financeiras, quando decidiu fazer um teste junto a conta única para ver se seria liberado valores sem qualquer assinatura no alvará. Ele disse que na época pediu emprestado uma conta poupança da enteada, que ela não usava, dizendo que iria receber valores referente a um trabalho. A enteada repassou o cartão e a senha e desta forma ele passou a usar a conta para receber os valores. “E assim durante todo este tempo utilizei o cartão sem que ela suspeitasse de alguma coisa, visto que ao vezes que precisei que ela fosse ao caixa, sempre inventei desculpadas, dizendo que era de trabalho, ou que tinha refinanciado a casa, empréstimos e ela sempre fez o que pedi” escreve ele.

INTENÇÃO DE DEVOLVER

O servidor diz na declaração que a intenção dele era “logo” repor os valores retirados , fato que acabou não acontecendo. “Depois de algum tempo não sei porque fiz novamente, e novamente, perdendo totalmente a noção do tempo e valores. Reconheço que errei e errei feio e agora só me resta assumir o que fiz e de alguma forma repassar o que for possível”. Ele esclarece que nos alvarás de liberação dos valores não consta nenhuma assinatura de juízes, nem do chefe do cartório “apenas eram emitidos e encaminhados”.

ONDE ESTÁ O DINHEIRO

Sobre o dinheiro, o servidor não ter mais em conta valores disponíveis. Alega que seus bens estão financiados e ainda possui empréstimos em bancos. E finaliza: “Perdi o respeito e a confiança dos meus familiares e colegas. Perdi minha dignidade, assim como perdi anos de trabalho.Peço desculpas as pessoas que confiaram em mim e eu as decepcionei” finaliza ele.

O QUE DIZ A DEFESA

O advogado de defesa, Ricardo Nodári, diz que seu cliente, que encontra-se no presídio, desde o início assumiu a responsabilidade, declarando que não existe envolvimento de terceiros, nem mesmo da enteada ou de funcionários do Fórum. Sobre o dinheiro desviado, desde 2014, ele foi usado para diversos fins de uso pessoais. Ele está sendo acusado em três processos: administrativo disciplinar por parte do Tribunal de Justiça, uma Ação Civil pública do MP e um Processo Crime.


Por Marcelo Santos

Fonte: Rádio Catarinense