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Treze Tílias – Mercado leiteiro ainda depende da competitividade para exportar


A afirmação é de Valter Brandalise, diretor de política leiteira da Laticínios Tirol e também presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios de Santa Catarina (Sindileite/SC).

Ele conversou com a reportagem da Rádio Tropical sobre a abertura do mercado chinês para os produtos lácteos brasileiros. 

A China abriu o mercado para os produtos lácteos brasileiros, e Santa Catarina tem duas empresas habilitadas a exportar queijo, manteiga e leite condensado. O anúncio foi feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) nesta quarta-feira, 24. A notícia anima o setor produtivo.

A China habilitou 24 plantas brasileiras para exportação de produtos como leite em pó e queijos. Em Santa Catarina, estão autorizadas as empresas Laticínios Lac Lélo, de São João do Oeste, e a Aurea Indústria e Comércio, de Braço do Norte.

De acordo com Valter, a cadeia produtiva do leite já vinha há muito tempo esperando por essa notícia, uma vez que a produção de leite no Brasil vem aumentando consideravelmente e o mercado interno não deve consumir todo esse volume.

Por ser um dos maiores mercados consumidores do mundo, a China é um país importante para se manter as relações comerciais.

Segundo Brandalise, a região sul do Brasil pode capitanear a exportação já que dispõe de todas as condições de produzir um leite de qualidade que o mundo espera consumir.

No entanto, apesar da euforia com a notícia, o presidente do Sindileite alerta para a necessidade de cautela. “Quando falamos em exportar é importante pensar em competitividade. Não adianta achar que vamos vender a preços acima do que o mercado mundial paga”, afirmou Valter.

De acordo com Brandalise, o governo instituiu as normativas 76 e 77 que abrangem os pré-requisitos para exportação, mas ainda tem muito a ser feito em termos de competitividade.

“A China não vai comprar leite do Brasil só porque o mercado está aberto. Hoje a cotação é de $3 mil dólares a tonelada de leite em pó e o mercado não vai pagar mais que isso”, adianta.

Transformando em reais, o valor fica em torno de R$11,22 o kg do leite em pó, o que ainda está abaixo do valor de comercialização no mercado interno.

Valter Brandalise ressalta que o Brasil ainda precisa melhorar a qualidade, a escala de produção, a organização logística, o sistema de fornecimento de energia e também sistema viário, além de reduzir na carga tributária para se tornar de fato competitivo.

“Brasil ainda precisa fazer o dever de casa antes de se tornar exportador mundial de leite. Não basta produzir o melhor leite se ele for também o mais caro”, complementa.

Próximos passos

O presidente do Sindileite reafirma que a liberação de plantas e abertura do mercado são importantes, mas ainda tem muito trabalho antes de se consolidar na exportação de leite.

“É preciso ver a necessidade que a China tem e o preço que está disposta a pagar. É preciso também ter cautela, pois quando se fala em importação não é tão simples. Agora tem a parte de negociação, que pode demorar”, alerta Brandalise.

Ele fez ainda uma comparação com o mercado da carne. Que primeiro tornou-se apto para exportar e agora aproveita a janela de oportunidade com os problemas enfrentados pela suinocultura chinesa.

Queda no preço pago ao produtor


Sobre o atual momento da cadeia produtiva do leite, o presidente do Sindileite explica que a queda acentuada no preço pago ao produtor é justamente por conta da produção excedente no país.

Segundo ele, o momento é de grande produção no país e como a procura é menor que a oferta os preços caíram consideravelmente.

Brandalise reitera que são nesses momentos que a exportação de leite é importante para o reequilíbrio do mercado, desde que existam preços competitivos.

Fonte: Rádio Tropical FM