Notícias do Novo Tílias News

Pesquisador identifica enzima que pode aumentar longevidade humana

O biólogo francês Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Instituto Serrapilheira, coordenou o projeto de pesquisa que realizou a descoberta


LIPASE PERMITE QUE GORDURA SEJA METABOLIZADA MAIS RAPIDAMENTE, LIMITANDO ENVELHECIMENTO CAUSADO PELA RESTRIÇÃO CALÓRICA (FOTO: PIXABAY)

Um grupo de pesquisadores descobriu que a inibição da lipase (enzima que queima gordura) LIPL-5 pode aumentar a longevidade das pessoas. O biólogo francês Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Instituto Serrapilheira, coordenou a equipe do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica, da França) responsável pelo achado.

Os experimentos foram realizados submetendo o nematoide C. elegans à restrição calórica na presença de oito lipases. O trabalho identificou que a LIPL-5 permite que a gordura seja metabolizada mais rapidamente e limita o aumento da longevidade causada pela restrição calórica.

Por outro lado, quando os cientistas inibiram artificialmente a LIPL-5, a longevidade do nematoide aumentou aproximadamente 80% — em comparação a 45% das demais lipases —, e a queima calórica perdeu velocidade. Isso porque, de acordo com Aguilaniu, "é maximizado o impacto positivo da restrição calórica sobre a expectativa de vida e limitada a perda de gordura (o que é positivo na velhice)”.


ENZIMA PRESENTE NO NEMATOIDE C. ELEGANS É GENETICAMENTE PRÓXIMA A UMA LIPASE HUMANA COM MESMA FUNÇÃO (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)

Embora os testes tenham sido realizados em nematoides, a LIPL-5 tem sequência genética muito parecida com a da lipase humana LIPF. Portanto, os resultados abrem portas para estudos sobre a longevidade humana: “Os dados sugerem a possibilidade de ter um impacto significativo na longevidade e na qualidade de vida de seres humanos na velhice, se essa lipase for inibida", escreveu Aguilaniu em comunicado.

A esperança da equipe é que a descoberta possa propiciar o surgimento de um medicamento que iniba a enzima e aumente a expectativa de vida, potencializando os benefícios da restrição calórica na longevidade do ser humano e na qualidade de vida. "Todo mundo achava que a recessão calórica já era uma forma otimizada de viver mais tempo com boa saúde, mas mostramos que inibindo essa molécula a qualidade aumenta ainda mais", explicou em entrevista à GALILEU.


Batizado com o nome dado à camada de matéria orgânica que fornece a maior quantidade de nutrientes ao solo das florestas, o Serrapilheira é o primeiro instituto privado a investir em ciência no Brasil. Após analisar 138 currículos vindos de diferentes partes do mundo, um comitê de cientistas escolheu o nome do geneticista francês Hugo Aguilaniu para ocupar o cargo de diretor-presidente do Serrapilheira. Pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França, ele ganhou notoriedade com seu trabalho de genética relacionado ao envelhecimento dos animais.

Fonte: Revista Galileu