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Micróbios da vaca garantem leite mais saboroso e ar mais limpo, diz estudo


Os micróbios intestinais da vaca são tão importantes para produzir um leite de qualidade quanto, por exemplo, a grama que ela come ou os cuidados que recebe. Mas não é qualquer micróbio: uma nova pesquisa conseguiu identificar os responsáveis por um leite mais saboroso e também por fazer com que esses animais emitam menos gases estufa (sim, isso acontece).

Os ruminantes – caso das vacas e das cabras, por exemplo – têm um estômago especial, o rúmen (também conhecido como “pança”), que abriga milhões de microrganismos. Eles têm a função de "quebrar" alimentos difíceis de ser digeridos, como feno e grama, e extrair deles mais nutrientes. O problema é que, nesse processo, os bichinhos microscópicos acabam emitindo metano, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa. O gás produzido sai pelo pum ou arroto da vaca.

Agora, considerando todas as vacas que existem no mundo, não se trata de um simples pum: cerca de 100 milhões de toneladas de metano são emitidas por ano ao redor do globo por esses animais. Não à toa, eles estão entre os maiores geradores de gases estufa do planeta. 

Para a nova pesquisa, cientistas das universidades de Ben-Gurion, em Israel, e de Aberdeen, no Reino Unido, analisaram a flora intestinal de diferentes rebanhos: pouco mais de mil vacas de fazendas britânicas, italianas, suecas e finlandesas, das raças holstein e norueguesa vermelha — as mais comuns na Europa. Nelas, verificaram como os micróbios agiam na produção de leite (quantidade e qualidade) e na emissão de metano.

Os pesquisadores compararam a flora intestinal de cada animal e viram o que eles tinham em comum. Depois usaram um programa de aprendizado automático — que consegue traçar conexões num mar de informações distintas — para entender quais micróbios influenciavam determinadas características das vacas.

Cada mamífero tem uma flora particular, é claro, mas o estudo mostrou que metade das vacas tinha 512 espécies de micróbio em comum. Publicada na revista Science Advances, a análise indica que há 39 “micróbios centrais”, e eles têm mais peso do que a genética para determinar a qualidade do leite e a emissão de metano.

Manipular toda a flora intestinal das vacas não é tarefa fácil, mas os estudiosos acreditam que seria possível inserir determinados micróbios na alimentação dos animais (da mesma forma que nós tomamos alguns probióticos). E isso, dizem, já teria efeitos na qualidade do leite... e do ar que respiramos.



Fonte: Revista Galileu