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Novo e PSL são os partidos com maior alta de filiações em Santa Catarina

Legendas tiveram crescimento de 50% e 25%, respectivamente, da eleição de outubro até maio deste ano no Estado


Com bons resultados nas eleições, siglas estão construindo base em SC
(Foto: Tiago Ghizoni / Diário Catarinense)

Os partidos Novo e PSL registraram o maior crescimento no número de filiados em Santa Catarina das eleições do ano passado até maio de 2019. O levantamento foi feito com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


O resultado sucede um período de desempenho expressivo dos dois partidos nas urnas. As duas legendas foram as principais novidades da última eleição. No Estado, o Novo elegeu um deputado federal, e, no país, foi responsável pela segunda maior votação proporcional do candidato a presidente João Amoêdo, estreante em disputas eleitorais. 

O PSL fez quatro deputados federais e seis estaduais em SC, além das vitórias do governador Carlos Moisés da Silva e da segunda maior votação proporcional do país a Jair Bolsonaro no segundo turno.

O maior crescimento em total de filiados no Estado foi do Novo, com 50% de aumento. A legenda partiu de cerca de 1,6 mil correligionários em outubro do ano passado para 2,4 mil em maio deste ano. Já o PSL teve aumento de 25% no período. O partido saltou de 3 mil para cerca de 3,8 mil filiados. 

A comparação entre maio deste ano e do ano passado, antes do processo eleitoral, mostra que os partidos mantiveram o viés de alta que já atravessavam desde 2017 (confira os dados na tabela abaixo). O Novo cresceu 123% nesses últimos 12 meses, e o PSL, 29% – novamente os dois maiores índices entre todos os partidos no Estado.

A posição dos partidos

O presidente do Novo em SC, Eduardo Rodrigo Ribeiro, credita o desempenho ao trabalho de reuniões pelo interior do Estado feitas para apresentar o partido desde a fundação do diretório, no início de 2016. Depois da eleição, no entanto, a procura de novos filiados tem crescido mais, segundo ele. Nos últimos dois meses, uma meta de 150 filiados estabelecida para que uma cidade tenha um projeto de candidatura na eleição municipal de 2020 voltou a impulsionar os novos registros.

Para o próximo ano, o plano do partido é continuar com as reuniões de apresentação da legenda para expandir a rede de filiados. Como pelo estatuto do Novo cada filiado precisa fazer uma contribuição de pelo menos R$ 29,90, o presidente valoriza mais o fato de a legenda ter tido a maior alta no número de registros. No perfil da maior parte de filiados do partido, segundo o dirigente, estão pessoas de 26 a 40 anos, de áreas diversas – desde estudantes até funcionários públicos e empresários de pequenos e grandes estabelecimentos.


– Todo esse crescimento mostra que o público catarinense compreendeu muito bem as ideias do Novo, por ter um perfil mais empreendedor, com exemplos como os do Vale, do Norte e de Florianópolis. Mostra que, de fato, aqui o negócio vingou – afirma Ribeiro.


O presidente do PSL em Santa Catarina, Lucas Esmeraldino, atribui o crescimento de filiados ao bom desempenho que o partido teve nas eleições do último ano. Segundo ele, por enquanto, o foco da sigla está na estruturação das executivas da legenda nos municípios.

O PSL pretende concluir esse trabalho até agosto para, a partir de então, pavimentar candidaturas a prefeito nas 295 cidades catarinenses. Por esse motivo, segundo o presidente estadual, o crescimento do total de registros até aqui tem sido reflexo das executivas já montadas nos municípios e do resultado das urnas em outubro, quando o PSL de SC teve proporcionalmente o melhor desempenho do país, em comparação com o tamanho da população e os cargos eleitos.

– Nosso partido tem atraído muitos empresários, militares e pessoas que nunca foram candidatas a nada. O PSL de Santa Catarina respira uma nova fase, como a renovação, que vem demonstrando na prática. E isso atrai os filiados, pela organização, pela nossa maneira de gerir o partido aqui – avalia Esmeraldino.

Variação mais tímida entre demais partidos

Entre os outros partidos que registraram crescimento no número de eleitores filiados em Santa Catarina desde a eleição passada, ainda estão PCB (13%), PROS (9%) e PSOL (7%). Desses três, o PSOL tem o maior número de correligionários. A sigla, que está inserida no contexto de oposição ao atual governo federal, passou de 1,7 mil em outubro de 2018 para 1,9 mil em maio deste ano.


Apenas cinco legendas tiveram queda no número de filiados desde outubro. Ainda assim, em proporções reduzidos. São elas: PCO (-7%), Rede (-5%), PSB (-2%), Patriota (-2%) e PPL (-1%).

Duas vezes por ano, em abril e outubro, os partidos têm obrigatoriedade de atualizar a relação de filiados e apresentá-la ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Os dados são disponibilizados também por meio do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É com base nesta relação que se verificam os principais crescimentos dos partidos e variações de filiados entre as siglas.

A partir dessas informações, também é possível apontar que o total de eleitores filiados a algum partido no Estado cresceu timidamente nos últimos dois anos, período marcado por um intenso debate político e por eleições gerais com mudança no governo federal.

De maio de 2017 para maio 2018, o número havia passado de 877 mil para 883 mil (leve alta de 0,7%). Nos últimos 12 meses, em que houve eleições gerais e mudança no governo federal, o número voltou a crescer, chegando a 888 mil pessoas com vínculo com algum partido no Estado (aumento de 0,5%, ou 4,6 mil pessoas a mais filiadas a algum partido).

PSDB e PT evitam reflexos após os resultados nas urnas

Se para Novo e PSL o destaque na eleição de outubro trouxe mais filiados, o desempenho nacional abaixo da expectativa nas urnas não se refletiu especificamente na movimentação de filiação e desfiliação de apoiadores em partidos tradicionais, como PSDB e PT.

Duas das principais siglas do país, haviam se revezado na Presidência da República por mais de duas décadas, mas sofreram perda de espaço na eleição do último ano, ao eleger menos deputados federais e governadores pelo país.

No entanto, esse desempenho não fez com que as legendas tivessem queda no número de filiados em Santa Catarina até o momento. Os partidos praticamente mantiveram as fileiras de apoiadores no mesmo patamar, com uma leve alta, de 1% cada. 

Entre os tucanos, o número de filiados passou de 104,9 mil para 105,6 mil. Já os petistas somavam 58,1 mil no ano passado e, com o sutil aumento, agora são 58,5 mil (confira no gráfico abaixo o total de filiados por partido em maio).

Maiores siglas de SC mantêm quadros


O resultado inesperado em muitas das disputas das eleições de 2018 também não significou redução no quadro de filiados dos principais partidos de SC. A ordem das legendas com mais apoiadores vinculados se mantém a mesma de dois anos atrás, com números semelhantes. O MDB lidera a relação, com 195 mil membros, seguido por PP, com 141 mil, e pelo DEM, 110 mil. Na sequência, estão PSDB e PT.

O professor de Administração Pública e coordenador do programa de extensão Cultura Política da Udesc Esag, Daniel Pinheiro, defende que é normal um movimento de migração a partidos que se destacam depois de eleições para presidente e governadores, que têm visibilidade maior.

Além disso, pesa em favor o fato em comum de as duas siglas que mais cresceram – Novo e PSL – terem assumido discursos que, segundo o professor, estavam fora da pauta das legendas nos anos de polarização entre PSDB e PT no governo federal. No caso do PSL, o conservadorismo, e no Novo, o discurso liberal para a economia.


— Muitos eleitores encontram discursos dos quais estavam órfãos e acabam migrando para eles — avalia Pinheiro.

Na avaliação do professor, os novos partidos não significam ameaças de tomar o espaço das siglas tradicionais. Podem conseguir parte dos votos deles, mas em muitas situações os partidos em maior evidência podem assumir caráter de aliadas das já existentes.

A conjuntura atual de filiação e de partidos que tentam mudar de nome e criar uma imagem que, conforme Pinheiro, havia sido perdida, não afasta a crítica sobre o alto número de siglas existentes no país. O problema maior, no entanto, não estaria tanto na quantidade, mas no fato de que poucos assumem uma postura ideológica mais clara, como os dois que mais cresceram no Estado. Pelo contrário, muitos iriam em uma direção comum.


— Defendemos que o cidadão precisa resgatar o protagonismo na sociedade e o engajamento. Primeiro, entendendo e participando. Depois, sabendo que política não é delegada a um político profissional, mas que você é um agente ativo, tem que cobrar do político. E terceiro, saber que várias instituições têm seu papel. O partido é importante, até para ensinar o eleitor, mas a universidade tem papel de educar estudantes a serem mais engajados, a irem para a prática política, que as associações de bairro têm papel fundamental, a mídia, ao trazer informação verdadeira. A política não é a doença, a gente é que precisa curar a doença da política — resume Pinheiro.

Fonte: NSC