Programadas para entrarem em vigor a partir de 1º de junho, as instruções normativas 76 e 77 devem substituir a instrução normativa 62 que atualmente regula a cadeia produtiva do leite.
Conforme o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de Santa Catarina (Sindileite), Valter Antônio Brandalise as medidas são positivas no sentido de buscarem melhoria na qualidade do leite, no entanto acabam aumentando a preocupação quando se trata de custo.
As novas normativas já estão sendo discutidas há cerca de um ano, inclusive com consultas públicas às entidades representativas da cadeia produtiva do leite, mas ainda existem pontos sendo questionados.
Entre eles estão a fixação de 900 mil para contagem bacteriana do leite no silo das indústrias, uma vez que não existe qualquer estudo científico que estabeleça esse padrão. Brandalise adianta que se essa regra entrar em vigor, 60% do leite catarinense está condenado.
Outro ponto é o limite de temperatura de coleta, que passou de 10ºC para 7ºC, e as mudanças nas exigências de análises laboratoriais que vai encarecer consideravelmente o custo de industrialização do leite.
Valter Brandalise reitera que as instruções são importantes e que todo proprietário de indústria quer leite bom para processar, porque ele pode e deve oferecer um bom produto ao consumidor. Da mesma forma, o produtor que tem interesse em permanecer na atividade também quer produzir um leite de qualidade.
O presidente do Sindileite pontua, no entanto, que a grande preocupação é com a forma de implantação das medidas, que vão burocratizar ainda mais a produção e aumentar o custo, que vai recair sobre toda a cadeia, inclusive o consumidor.
As instruções normativas preveem, por exemplo, que todas as propriedades rurais tenham um plano de qualificação com metas a serem executadas e que devem que ser encaminhadas pela indústria para fiscalização do Ministério da Agricultura.
Hoje, exemplifica Brandalise, as indústrias já têm mais gente trabalhando em escritório do que na produção, para dar conta de toda a burocracia e isso deve ficar ainda mais complicado a com as novas regras.
O objetivo das normativas é produzir leite tipo exportação para ampliar a comercialização do produto. “Mas de nada adianta produzir o melhor leite do mundo se isso representa também ter o leite mais caro do mundo”, alerta o presidente do Sindileite.
Os produtores de leite já têm enfrentado problemas com o grande volume de importação de leite de países como Argentina, Uruguai e Nova Zelândia, por conta do preço mais atrativo ao mercado. Assim, o alto custo de produção, além de inibir o consumo interno, fará com que ele nem chegue ao consumo externo.
“O problema do Brasil hoje é que tudo é produzido com um custo muito alto”, destaca Brandalise.
Confira algumas mudanças
A partir da implantação das Instruções Normativas 76 e 77, o programa de autocontrole terá metas definidas para serem executadas e comprovadas aos fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), como prova de que está sendo desenvolvido o trabalho para melhoria da qualidade do setor leiteiro.
A obrigação da comprovação é da indústria, que vai ter que contratar mais técnicos, agrônomos, veterinários para acompanhar a propriedade e gerar os relatórios. Mesmo que o produtor tenha assistência técnica própria, a indústria precisa comprovar de alguma forma que ela está presente naquela propriedade.
Os resfriadores de imersão passam a ser proibidos. Já os tanques comunitários, que não são muito comuns em nossa região, podem continuar existindo, mas o responsável terá que fazer todo o controle por meio de análises laboratoriais.
No transporte a granel mudou apenas o limite da temperatura. Antes o leite poderia chegar em 10ºC na fábrica, agora o limite é 7ºC. Existe uma tolerância de 3ºC, mas somente quando acontecer algum fato excepcional, como falta de energia e que terá que ser comprovado.
Sobre a análise de antibióticos, agora além do teste feito no laboratório da indústria, uma amostra também terá que ser enviada a um laboratório externo, uma vez por mês de cada produtor. Cada análise dessas tem um custo de 50 a 70 reais, sem contar a logística de armazenamento e transporte.
Para a contagem bacteriana permanece 300 mil o limite, mas a mudança é de que a indústria terá que fazer uma média geométrica do produtor a cada três meses e se ele ultrapassar esse limite, terá que ser desligado da empresa.
Segundo Valter Brandalise estima-se que hoje, no estado de Santa Catarina, 20% a 30% dos produtores não estão enquadrados nessas regras. Caso a indústria não desligue o produtor, será multada.
Fonte: Rádio Tropical FM
Conforme o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de Santa Catarina (Sindileite), Valter Antônio Brandalise as medidas são positivas no sentido de buscarem melhoria na qualidade do leite, no entanto acabam aumentando a preocupação quando se trata de custo.
As novas normativas já estão sendo discutidas há cerca de um ano, inclusive com consultas públicas às entidades representativas da cadeia produtiva do leite, mas ainda existem pontos sendo questionados.
Entre eles estão a fixação de 900 mil para contagem bacteriana do leite no silo das indústrias, uma vez que não existe qualquer estudo científico que estabeleça esse padrão. Brandalise adianta que se essa regra entrar em vigor, 60% do leite catarinense está condenado.
Outro ponto é o limite de temperatura de coleta, que passou de 10ºC para 7ºC, e as mudanças nas exigências de análises laboratoriais que vai encarecer consideravelmente o custo de industrialização do leite.
Valter Brandalise reitera que as instruções são importantes e que todo proprietário de indústria quer leite bom para processar, porque ele pode e deve oferecer um bom produto ao consumidor. Da mesma forma, o produtor que tem interesse em permanecer na atividade também quer produzir um leite de qualidade.
O presidente do Sindileite pontua, no entanto, que a grande preocupação é com a forma de implantação das medidas, que vão burocratizar ainda mais a produção e aumentar o custo, que vai recair sobre toda a cadeia, inclusive o consumidor.
As instruções normativas preveem, por exemplo, que todas as propriedades rurais tenham um plano de qualificação com metas a serem executadas e que devem que ser encaminhadas pela indústria para fiscalização do Ministério da Agricultura.
Hoje, exemplifica Brandalise, as indústrias já têm mais gente trabalhando em escritório do que na produção, para dar conta de toda a burocracia e isso deve ficar ainda mais complicado a com as novas regras.
O objetivo das normativas é produzir leite tipo exportação para ampliar a comercialização do produto. “Mas de nada adianta produzir o melhor leite do mundo se isso representa também ter o leite mais caro do mundo”, alerta o presidente do Sindileite.
Os produtores de leite já têm enfrentado problemas com o grande volume de importação de leite de países como Argentina, Uruguai e Nova Zelândia, por conta do preço mais atrativo ao mercado. Assim, o alto custo de produção, além de inibir o consumo interno, fará com que ele nem chegue ao consumo externo.
“O problema do Brasil hoje é que tudo é produzido com um custo muito alto”, destaca Brandalise.
Confira algumas mudanças
A partir da implantação das Instruções Normativas 76 e 77, o programa de autocontrole terá metas definidas para serem executadas e comprovadas aos fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), como prova de que está sendo desenvolvido o trabalho para melhoria da qualidade do setor leiteiro.
A obrigação da comprovação é da indústria, que vai ter que contratar mais técnicos, agrônomos, veterinários para acompanhar a propriedade e gerar os relatórios. Mesmo que o produtor tenha assistência técnica própria, a indústria precisa comprovar de alguma forma que ela está presente naquela propriedade.
Os resfriadores de imersão passam a ser proibidos. Já os tanques comunitários, que não são muito comuns em nossa região, podem continuar existindo, mas o responsável terá que fazer todo o controle por meio de análises laboratoriais.
No transporte a granel mudou apenas o limite da temperatura. Antes o leite poderia chegar em 10ºC na fábrica, agora o limite é 7ºC. Existe uma tolerância de 3ºC, mas somente quando acontecer algum fato excepcional, como falta de energia e que terá que ser comprovado.
Sobre a análise de antibióticos, agora além do teste feito no laboratório da indústria, uma amostra também terá que ser enviada a um laboratório externo, uma vez por mês de cada produtor. Cada análise dessas tem um custo de 50 a 70 reais, sem contar a logística de armazenamento e transporte.
Para a contagem bacteriana permanece 300 mil o limite, mas a mudança é de que a indústria terá que fazer uma média geométrica do produtor a cada três meses e se ele ultrapassar esse limite, terá que ser desligado da empresa.
Segundo Valter Brandalise estima-se que hoje, no estado de Santa Catarina, 20% a 30% dos produtores não estão enquadrados nessas regras. Caso a indústria não desligue o produtor, será multada.
Fonte: Rádio Tropical FM