Notícias do Novo Tílias News

Três pessoas morrem em desabamento de prédios na Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio

Sete pessoas ficaram feridas e foram resgatadas com vida. Bombeiros vasculham local para tentar localizar outras possíveis vítimas; parentes e moradores citaram desaparecidos.


Equipes de resgate trabalham na área onde prédios desabaram no Rio
Foto: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Dois prédios desabaram na Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio, na manhã desta sexta-feira (12). Ao menos três pessoas morreram e outras sete foram resgatadas com vida (veja lista mais abaixo). Bombeiros vasculham os escombros para tentar localizar outras vítimas. Parentes e moradores dizem que há pessoas desaparecidas.

Os imóveis tinham entre quatro e seis andares. A Prefeitura do Rio informou que as construções são irregulares e já haviam sido interditadas, mas uma liminar de 2018 impediu que fossem demolidas.


Resumo

Dois prédios desabaram em área perto de mata; as causas ainda são investigadas

3 mortos: dois homens e uma criança

7 pessoas feridas

Desaparecidos estão sendo procurados, mas não há balanço atualizado do número de pessoas

Prefeitura informou que construções são irregulares e foram interditadas

A comunidade da Muzema é controlada por milicianos


Região foi muito afetada pelo temporal do início da semana

Resgates emocionantes


Das oito pessoas resgatadas com vida, ao menos duas foram levadas de helicóptero para o hospital. Como a região é de difícil acesso, os bombeiros tiveram que fazer uma operação especial para tirar as vítimas sem pousar em nenhum lugar (veja no vídeo).

O helicóptero ficou pouco mais de um minuto acima de um prédio, mas sem encostar na laje, que não suportaria o peso da aeronave. Rapidamente, o ferido foi colocado dentro do helicóptero.

As vítimas foram levadas para os hospitais municipais Lourenço Couto e Miguel Couto e para o hospital particular Unimed-Rio. Entre os resgatados dos escombros, está uma família que se mudou há uma semana para o local: um casal e uma filha de 10 anos.


Mortos (nome e idade estão sendo atualizados):

Raimundo Nonato do Nascimento

Cláudio Rodrigues, 40 anos, está internado em hospital particular; segundo a família, teve 4 paradas cardíacas e traumatismo craniano

Criança - ainda sem identificação


Feridos:

Adilma Rodrigues, 35 anos, teve ferimento na barriga, passou por cirurgia e está em estado grave.

Clara Rodrigues, 10 anos, teve fratura na perna e machucado na cabeça; está em hospital particular.

Raimundo Nonato Ferreira Gomes, de 41 anos, teve escoriações na cabeça e queixo.

Luciano Paulo dos Santos, de 38 anos, teve escoriações múltiplas.
Evaldo Vieira Silva, 46 anos, está internado, mas o estado de saúde não foi informado.

Carolina Ferreira Andrade, de 34 anos, foi levada para o Miguel Couto.


Ferido identificado como Arlan, marido de Carolina, está internado no Hospital Municipal Miguel Couto


Uma menina de 4 anos (veja no vídeo), que morava no terceiro andar de um dos prédios, saiu do local apenas com ferimentos leves. Os pais e os irmãos dela continuam desaparecidos.


"Tentamos acalmar, ela chegou aqui tremendo, em estado de choque, muito abalada. Ela só falou que alguma coisa desceu e ela escorregou na terra", disse uma vizinha que acolheu a criança.


Situação dos prédios

O desabamento aconteceu por volta das 7h desta sexta. Não chovia no momento, mas a região sofreu com os temporais desta semana. As avenidas de acesso ainda estão alagadas.

A área onde ocorreu o acidente foi isolada, e os bombeiros disseram que outros prédios da região podem ir abaixo. No início da manhã, havia um forte cheiro de gás.

Segundo o repórter Genilson Araújo, há cerca de 60 prédios em construção na região, que é dominada por milícias. Reportagem do RJ2 mostrou que os criminosos atuam na construção e venda de imóveis irregulares. Veja mapas que mostram a expansão de imóveis na região da Muzema.


Muzema, local onde os dois prédios desabaram, fica na Zona
Oeste da cidade. — Foto: Wagner Magalhães / Arte G1

Os moradores dos prédios que desabaram disseram que eles foram inaugurados há seis meses. O prefeito Marcelo Crivella, que foi para o local do acidente, disse que as obras no local continuaram mesmo após a interdição, em 2018.

"A Prefeitura do Rio já havia comunicado ao Ministério Público e tentado interditar, mas, infelizmente, uma liminar judicial impediu a demolição desses prédios, e as obras continuaram", disse Crivella.


"Estamos aqui com a nossa equipe trabalhando para tentar resgatar as pessoas dos escombros. Fica para todos nós uma lição: quando a Prefeitura alertar sobre esses riscos, vamos dar ouvidos para que isso não aconteça nunca mais", afirmou Crivella.


Relatos de moradores e vizinhos

Uma mulher, que se identificou como Érica, contou que tentava encontrar a mãe nos escombros. O padrasto conseguiu sair prédio.

“Meu padrasto está vindo pra cá, mas a minha mãe está gritando ali. Os moradores que estão ajudando foram até ali e ouviram uma senhora gritar exatamente no quarto dela”, disse a moradora.

De acordo com ela, os moradores estavam preocupados com as consequências da chuva e o andamento das construções.


“Eles construindo sem fim, sem parar. Uma construção atrás da outra, uma loucura. Era retroescavadeira, explosões constantes. Só querem construir e vender”, afirmou a moradora.

Edvaldo, morador do primeiro andar do prédio, disse que teve que correr para conseguir escapar. Ele tem escoriações na perna.

“Eu estava no quarto, aí corri para a sala. Quando eu cheguei lá, desmoronou tudo em cima de mim. Foi muito rápido. Passou um pó branco, muita poeira”, destacou Edvaldo.


Outro morador, chamado Ronaldo, contou que as construções são novas. “D e repente foi um estrondo, foi tudo de uma vez. Do nada começou a desmoronar”, explicou.


Chuvas

A Muzema foi uma das áreas mais atingidas pelo temporal que caiu no Rio. A cidade está em estágio de crise desde segunda-feira (8). O desabamento aconteceu em uma das áreas mais elevadas da comunidade, perto da mata.

Na manhã de quinta-feira (11), a principal avenida de ligação do bairro, que também dá acesso ao Rio das Pedras, continuava alagada e interditada.


Fonte: G1 RJ