Uma escola particular de Florianópolis postou nas redes sociais um bilhete direcionado aos pais de alunos que gerou repercussão. Em semana de publicação de notas das provas, a unidade sugere aos pais que não julguem os filhos pelos resultados obtidos. Até a tarde desta sexta-feira (26), a postagem já tinha mais de 13 mil compartilhamentos.
Do recado, consta que "um artista não precisa entender de matemática. Há um empreendedor que não se importa nem um pouco com história ou literatura. Há um músico cujas notas de matemática não importam".
Outro trecho diz que se os estudantes não tiverem conseguido as melhores notas, "não tirem deles a confiança e a dignidade".
Conforme a coordenadora pedagógica da unidade de ensino, Claudia Rosa, o bilhete não foi enviado para a casa dos alunos ou colocado na escola, apenas publicado pela equipe de marketing da escola no dia 8 de abril.
"Veio em um momento de angústias, final de bimestre. Foi uma preocupação de não menosprezar o desenvolvimento do aluno por uma nota. Nota é uma consequência. Mas a escola faz um trabalho muito maior", disse Cláudia.
Interpretações
Pais de alunos receberam bem o recado. “Diante de uma nota baixa, a gente senta com eles, refaz a prova, tenta identificar o problema e estudar junto com eles”, fala uma mãe. “A gente traz pra conversa. Pede para eles tentarem interpretar o porquê daquela nota baixa e eles mesmos falam pra gente: não prestei atenção na aula”, explica pai.
O corpo docente também aprovou a mensagem. “Eu, como professora, sei que se um aluno tirou nota baixa, pode ser que naquele dia ele não esteja tão bem”, diz a professora Maria Luiza Gonçalves. “Quando você alcança uma nota 7, por exemplo, dependendo do aluno é um 10", completa Patrícia Balestra.
Já para a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em sociologia da educação Ione Ribeiro, a escola errou ao colocar um bilhete administrativo nas redes sociais, levantando assim uma polêmica maior, ligada à função social da escola.
"Estamos vivendo um momento em que se desvaloriza o conhecimento. Muito complicado quando desvia o foco da escola para outras questões, principalmente as morais. Desqualifica o ensino”, disse Ione.
Ainda segundo a especialista, há uma disputa atual entre uma escola laica, focada no saber, pública, e um modelo de uma escola ideológica, focada nos valores morais. "O debate de quais conteúdos ensinar, que saberes são prioritários, acabou de acontecer. Não se pode negar à escola o ensino do conteúdo. A ciência ensina a ser crítico e desnaturalizam a visão do mundo”, disse.
A coordenadora da escola afirma que qualquer publicação é apta a críticas e elogios. "Nós não tínhamos nenhuma expectativa. Só queríamos ajudar um pouco as famílias a ver o lado humano. A criança é mais que um número", completou.
Fonte: Rádio Tropical FM
Do recado, consta que "um artista não precisa entender de matemática. Há um empreendedor que não se importa nem um pouco com história ou literatura. Há um músico cujas notas de matemática não importam".
Outro trecho diz que se os estudantes não tiverem conseguido as melhores notas, "não tirem deles a confiança e a dignidade".
Conforme a coordenadora pedagógica da unidade de ensino, Claudia Rosa, o bilhete não foi enviado para a casa dos alunos ou colocado na escola, apenas publicado pela equipe de marketing da escola no dia 8 de abril.
"Veio em um momento de angústias, final de bimestre. Foi uma preocupação de não menosprezar o desenvolvimento do aluno por uma nota. Nota é uma consequência. Mas a escola faz um trabalho muito maior", disse Cláudia.
Interpretações
Pais de alunos receberam bem o recado. “Diante de uma nota baixa, a gente senta com eles, refaz a prova, tenta identificar o problema e estudar junto com eles”, fala uma mãe. “A gente traz pra conversa. Pede para eles tentarem interpretar o porquê daquela nota baixa e eles mesmos falam pra gente: não prestei atenção na aula”, explica pai.
O corpo docente também aprovou a mensagem. “Eu, como professora, sei que se um aluno tirou nota baixa, pode ser que naquele dia ele não esteja tão bem”, diz a professora Maria Luiza Gonçalves. “Quando você alcança uma nota 7, por exemplo, dependendo do aluno é um 10", completa Patrícia Balestra.
Já para a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em sociologia da educação Ione Ribeiro, a escola errou ao colocar um bilhete administrativo nas redes sociais, levantando assim uma polêmica maior, ligada à função social da escola.
"Estamos vivendo um momento em que se desvaloriza o conhecimento. Muito complicado quando desvia o foco da escola para outras questões, principalmente as morais. Desqualifica o ensino”, disse Ione.
Ainda segundo a especialista, há uma disputa atual entre uma escola laica, focada no saber, pública, e um modelo de uma escola ideológica, focada nos valores morais. "O debate de quais conteúdos ensinar, que saberes são prioritários, acabou de acontecer. Não se pode negar à escola o ensino do conteúdo. A ciência ensina a ser crítico e desnaturalizam a visão do mundo”, disse.
A coordenadora da escola afirma que qualquer publicação é apta a críticas e elogios. "Nós não tínhamos nenhuma expectativa. Só queríamos ajudar um pouco as famílias a ver o lado humano. A criança é mais que um número", completou.
Fonte: Rádio Tropical FM