Relatório da Epagri mostra que SC perdeu unidades produtivas e força de trabalho no campo, mas atividades estão mais diversificadas
A agricultura catarinense perdeu unidades produtivas e força de trabalho em uma década. Por outro lado, os estabelecimentos rurais do Estado passaram a contar com mais fontes de renda além das atividades agrícolas. Hoje, o perfil de quem produz no campo em Santa Catarina pode ser retratado na imagem de um agricultor experiente, cada vez mais voltado à produção para o consumo familiar.
É que o aponta a Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina 2017-2018, publicação apresentada na última semana pela Epagri com dados comparativos do Censo Agropecuário do IBGE. O estudo mostra que praticamente nove em cada 10 produtores rurais de SC são homens e que um terço dos estabelecimentos agropecuários são administrados por pessoas com 60 anos ou mais.
Houve uma redução gradativa no número de estabelecimentos produtivos nas últimas três décadas, movimento que também coincide com a queda na força de trabalho. A redução de pessoas ocupadas foi de cerca de 400 mil nos últimos 30 anos. O cenário atual contrasta com a década de 1980, quando o volume de estabelecimentos e da força de trabalho foi impulsionado por um processo de crescimento da população rural, da expansão da fronteira agrícola e da partilha por herança. Era um período marcado por atividades produtivas de intensa utilização da mão de obra, principalmente nas lavouras de feijão, milho, soja e trigo. A modernização tecnológica e o processo de êxodo rural são apontados na pesquisa como motivos por trás das transformações no campo.
As mudanças também ampliaram as fontes de receitas dos estabelecimentos agrícolas, que na última década passaram a contar com mais aportes financeiros além da produção no campo.
—A partir do momento em que se tem uma redução das famílias e o envelhecimento dos chefes dos estabelecimentos, muito provavelmente teremos pessoas que permanecem no campo, mas não necessariamente em atividades agrícolas — analisa Tabajara Marcondes, coordenador da publicação.
Além de contar com receitas alternativas, diz Marcondes, a produção rural nos últimos anos também passou a ser menos diversificada nos estabelecimentos, com uma tendência de concentração em produções específicas.
—Se percebe uma mudança de perfil. Há menos atividades nas propriedades, mas são escolhidas atividades que gerem mais renda — aponta.
Capacitação para os jovens do campo é fundamental
A pesquisa apresentada pela Epagri revela que o espaço rural catarinense não tem mais vocação exclusivamente agrícola. São 82,3 mil estabelecimentos com rendas acrescidas de aposentadorias e pensões, enquanto outros 37,2 mil tem a produção voltada para o consumo familiar. Uma tendência apresentada pelos números é de que as funções abrigadas no meio rural, como a produção agrícola, pecuária e aquícola, passe a dividir espaço com atividades econômicas não ligadas à agricultura, como indústria, construção civil e prestação de serviços.
Embora a falta de sucessão do trabalho no campo desperte atenção, a diversificação das atividades é vista com certo otimismo.
—Há outras oportunidades no meio rural, que não precisa ser necessariamente agrícolas, como na atividade industrial, nos serviços. Quando são oportunizadas outras atividades, o jovem pode continuar vivendo naquele espaço, o que é salutar — observa Dilvan Ferrari, um dos autores da pesquisa.
Nesse cenário, destaca Ferrari, é fundamental a implementação de políticas públicas de capacitação para que os jovens tenham perspectivas permanência e atuação profissional no campo.
Por Roelton Maciel
Fonte: NSC TOTAL
A agricultura catarinense perdeu unidades produtivas e força de trabalho em uma década. Por outro lado, os estabelecimentos rurais do Estado passaram a contar com mais fontes de renda além das atividades agrícolas. Hoje, o perfil de quem produz no campo em Santa Catarina pode ser retratado na imagem de um agricultor experiente, cada vez mais voltado à produção para o consumo familiar.
É que o aponta a Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina 2017-2018, publicação apresentada na última semana pela Epagri com dados comparativos do Censo Agropecuário do IBGE. O estudo mostra que praticamente nove em cada 10 produtores rurais de SC são homens e que um terço dos estabelecimentos agropecuários são administrados por pessoas com 60 anos ou mais.
Houve uma redução gradativa no número de estabelecimentos produtivos nas últimas três décadas, movimento que também coincide com a queda na força de trabalho. A redução de pessoas ocupadas foi de cerca de 400 mil nos últimos 30 anos. O cenário atual contrasta com a década de 1980, quando o volume de estabelecimentos e da força de trabalho foi impulsionado por um processo de crescimento da população rural, da expansão da fronteira agrícola e da partilha por herança. Era um período marcado por atividades produtivas de intensa utilização da mão de obra, principalmente nas lavouras de feijão, milho, soja e trigo. A modernização tecnológica e o processo de êxodo rural são apontados na pesquisa como motivos por trás das transformações no campo.
As mudanças também ampliaram as fontes de receitas dos estabelecimentos agrícolas, que na última década passaram a contar com mais aportes financeiros além da produção no campo.
—A partir do momento em que se tem uma redução das famílias e o envelhecimento dos chefes dos estabelecimentos, muito provavelmente teremos pessoas que permanecem no campo, mas não necessariamente em atividades agrícolas — analisa Tabajara Marcondes, coordenador da publicação.
Além de contar com receitas alternativas, diz Marcondes, a produção rural nos últimos anos também passou a ser menos diversificada nos estabelecimentos, com uma tendência de concentração em produções específicas.
—Se percebe uma mudança de perfil. Há menos atividades nas propriedades, mas são escolhidas atividades que gerem mais renda — aponta.
Capacitação para os jovens do campo é fundamental
A pesquisa apresentada pela Epagri revela que o espaço rural catarinense não tem mais vocação exclusivamente agrícola. São 82,3 mil estabelecimentos com rendas acrescidas de aposentadorias e pensões, enquanto outros 37,2 mil tem a produção voltada para o consumo familiar. Uma tendência apresentada pelos números é de que as funções abrigadas no meio rural, como a produção agrícola, pecuária e aquícola, passe a dividir espaço com atividades econômicas não ligadas à agricultura, como indústria, construção civil e prestação de serviços.
Embora a falta de sucessão do trabalho no campo desperte atenção, a diversificação das atividades é vista com certo otimismo.
—Há outras oportunidades no meio rural, que não precisa ser necessariamente agrícolas, como na atividade industrial, nos serviços. Quando são oportunizadas outras atividades, o jovem pode continuar vivendo naquele espaço, o que é salutar — observa Dilvan Ferrari, um dos autores da pesquisa.
Nesse cenário, destaca Ferrari, é fundamental a implementação de políticas públicas de capacitação para que os jovens tenham perspectivas permanência e atuação profissional no campo.
Por Roelton Maciel
Fonte: NSC TOTAL