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Tromba d’água provoca rompimento de barragem em Rondônia

Polícia Ambiental informou neste sábado (30) que cerca de 100 famílias ficaram isoladas


FOTO: POLÍCIA AMBIENTAL


A Polícia Ambiental informou neste sábado (30) que cerca de 100 famílias ficaram isoladas em Rondônia devido ao rompimento de uma barragem da mineradora MetalMig em Oriente Novo, distrito de Machadinho D'Oeste, a pouco mais de 350 quilômetros de Porto Velho. Não há registro de vítimas e nem informações sobre o tamanho do dano ambiental.

O rompimento ocorreu nesta sexta-feira (29), após a forte chuva que atingiu a região. Segundo o comandante da Polícia Ambiental, Washington Soares Francisco, as famílias ficaram isoladas devido à queda de sete pontes que foram destruídas pela força da água.

Duas das pontes atingidas estão localizadas na RO-257, que liga os municípios de Ariquemes (RO) e Machadinho D'Oeste.


Água, areia e argila vazaram após rompimento
de barragem em Machadinho D'Oeste.
Foto: Divulgação/Polícia Ambiental

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam) informou que o material derramado é formado por areia e argila, sem a presença de metais pesados. De acordo com a pasta, não há risco de contaminação.


A barragem é proveniente da mineração de cassiterita. A mineradora MetalMig atua desde 1970 na localidade. Ainda segundo Sedam, a empresa está com as licenças ambientais e de operação em dia.


Uma equipe do Ibama faz sobrevoo pelo local para estimar o tamanho do dano ambiental.
 — Foto: Luiz Martins/ Rede Amazônica



 
Na manhã deste sábado (30), uma equipe de perícia da Polícia Civil com apoio da aéreo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), iniciou sobrevoo no local atingido para estimar os danos causados pelo rompimento da barragem.

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Rompimento de barragem em Rondônia foi impulsionado por desmatamento, diz pesquisadora


Desmatamento na região de Machadinho D'Oeste (RO), pode ser o principal causador do rompimento da barragem de mineração de cassiterita no distrito de Oriente Novo, segundo pesquisadores.

A doutora em Geotecnologias e pesquisadora do Centro de Estudos da Cultura e do Meio Ambiente da Amazônia (Rio Terra), Fabiana Gomes, desenvolveu um estudo para entender a vulnerabilidade da região em decorrência de fatores que levam a erosão.

De acordo com o estudo, Machadinho faz parte do arco de desmatamento amazônico e está inserido na bacia do rio Machado. A exploração ilegal dessa área levou a degradação ambiental e social da região, acelerando processos erosivos.


As voçorocas são comuns no local, esse fenômeno geológico consiste na formação de valas naturais. Por causa delas, buracos com mais de sete metros, já foram encontrados no município. Com o desmatamento, retira-se a proteção natural, causando a vulnerabilidade do solo.

"O que aconteceu em Machadinho foi um conjunto de coisas, não somente a questão da barragem. O relevo é ondulado, a chuva vinha se acumulando em uma parte mais alta do município e em decorrência desse acumulo ela agora veio carregando várias coisas no meio do caminho", diz Fabiana Gomes.


A pesquisadora explica que a água da chuva poderia ter sido retida pelas árvores. As raízes dessas árvores poderiam ter segurado o sedimento da barragem.

"A gente ocupa a beira do rio, a gente desmata e dá outros usos para a natureza. E a água que poderia ser segurada não encontra mais a barreira natural. O que pode ter intensificado é o desmatamento. A vegetação segura muita coisa então quando você altera, muda a capacidade de suporte do ambiente. Tinha uma vegetação que segurava, mas agora não tem mais nada", comenta a pesquisadora.

Machadinho D'Oeste ocupava em 2007 o 15º lugar no ranking de municípios que mais desmatam no Brasil, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Uma pesquisa divulgada em 2018, diz que a Floresta Amazônica pode virar cerrado por causa do desmatamento. Atualmente, a área desmatada corresponde a 18%.


"Temos que pensar na questão ambiental e não só na questão econômica. Hoje as comunidades estão sofrendo com o isolamento porque as pontes foram levadas pela água", comenta Fabiana.

Fonte: G1