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Conheça a preparação dos cães de SC que atuam em missões de resgate, como a de Brumadinho

Barney e Hunter são os representantes caninos do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina que atualmente participam das buscas no município mineiro


(Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina)

O olfato apurado apto a captar odores a metros de distância e o comportamento dócil que favorece o convívio até mesmo com os corações mais endurecidos são algumas das características que faz do labrador a raça de cão ideal para missões de busca e resgate.

A cinotecnia, nome dado a essa prática, tem sido fundamental no trabalho desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) em Brumadinho (MG), que atua no resgate às vítimas da tragédia causada pelo rompimento da barragem da Vale.


Santa Catarina tem sete cães certificados pelo International Rescue Dogs Organization (IRO). Desses, atualmente dois estão em Brumadinho na missão de apoio que teve início no dia 30 de janeiro: o cão Barney, sob a tutoria do soldado bombeiro militar Luciano Rangel, e o cão Hunter, do soldado Ronaldo Fumagalli, formando a dupla conhecida como binômio.

Para os agentes caninos, a rotina em solo mineiro conta com exercícios de aquecimento, massagens de recuperação muscular e anti-estresse, suplementação vitamínica, aplicação de vacinas e higienização. 


Todos os dias, ao fim das buscas, eles passam por uma avaliação antes de voltar às bases para verificar se houve algum dano à saúde do animal. No dia 25 de fevereiro, o cão Iron, que estava na missão, precisou passar por cirurgia e retornar a Santa Catarina após ter a pata perfurada por um espinho.




A atuação conjunta, no entanto, começa muito antes da missão. Isso porque os cães vivem na casa dos seus tutores, onde são socializados e treinados diariamente. 

— Muitos deles convivem com crianças. Mais do que uma eficiente ferramenta de busca, os cães são parte da instituição e da família do bombeiro condutor —, explica a médica veterinária do CBMSC, soldado Andreza Amorim Moraes.

Para que um filhotinho possa desenvolver suas habilidades, desde cedo ele é submetido a um treinamento com o intuito de transformá-lo em um verdadeiro agente da corporação. Entretanto, o Corpo de Bombeiros Militar assegura que essa capacitação não é feita de maneira traumática para o cão. 


Todo o procedimento é executado com base em feedbacks positivos e não contam com práticas baseadas em maus tratos, sejam relacionados aos aspectos técnicos ou no que diz respeito à obediência do animal.

(Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina)



O tempo de trabalho dos cães "na rua" é de cerca de oito anos. Ao fim desse ciclo, quando os labradores alcançam o oitavo ano de vida, se aposentam das atividades de busca e começam a desempenhar a função de verdadeiros terapeutas e professores. Isso porque eles passam a fazer parte da cinoreterapia, prática terapeuta que conta com o auxílio de cães em hospitais, e do treinamento de outros cães.

Genética favorece o desempenho

Um importante fator levado em conta na hora da escolha do filhote está relacionado à genética. Os cães que atuam pelo Corpo de Bombeiros do Estado pertencem a uma mesma linhagem da raça e fazem parte de uma árvore genealógica que favorece o desenvolvimento das atividades de busca e resgate.


— Nosso processo de seleção de filhotes é bem complexo. Nós começamos a análise a partir dos pais, escolhendo aqueles animais com o perfil que desejamos e cruzamos sempre os melhores, dentro do nosso parâmetro e com toda segurança necessária aos animais. Além dessa seleção daqueles com o melhor desempenho, também são escolhidos aqueles que não possuem probabilidade de terem problemas genéticos — destaca o coordenador da atividade em Santa Catarina, tenente-coronel Walter Parizotto.

Cão Barney e bombeiro Rangel seguem nas buscas pelos desaparecidos
(Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina)

Saúde dos cães é acompanhada

Por serem animais de porte grande, os labradores estão sujeitos à desenvolverem doenças genéticas, como a atrofia de retina, que pode levá-los à cegueira, e a displasia de cotovelo, que afeta as articulações do animal. Essas enfermidades podem acabar comprometendo a atuação nas missões, por isso há um rigoroso acompanhamento da saúde do animal realizado pela Coordenadoria de Busca, Resgate e Salvamento.

— Essas doenças são cuidadosamente monitoradas por meio de exames. Nosso objetivo é não deixar entrar no nosso plantel doenças genéticas, que podem ser evitadas por meio de exames prévios e cruzamentos planejados — conta a veterinária Andreza Amorim Moraes.


Apesar de cada cão ter seu veterinário de confiança na cidade onde vive, há também um acompanhamento conjunto de acordo com o CBMSC. Os labradores são submetidos a exames de check-up todos os anos, realizados em universidades parceiras que contam com o curso de Medicina Veterinária, como a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em Lages, na Serra, e a Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), em Xanxerê, no Oeste do Estado.

Fonte: NSC TOTAL