A 6ª Vindima de Altitude, que segue até dia 31 deste mês, reúne 14 vinícolas dispostas a apresentar o melhor de cada produção, com harmonizações, passeios e programação cultural.
O verde dos parreirais, a uva em processo final de maturação e a qualidade dos vinhos finos têm atraído cada vez mais turistas para a Serra catarinense. Março, que marca o início da colheita de uvas viníferas na região, se consolida a cada ano como um mês importante para a economia local. A 6ª Vindima de Altitude, que segue até dia 31 deste mês, reúne 14 vinícolas dispostas a apresentar o melhor de cada produção, com harmonizações, passeios e programação cultural.
A palavra vindima significa colheita da uva, mas para os produtores, é também a época de celebrar o trabalho de um ano inteiro. A Associação Vinhos de Altitude Produtores e Associados estima que, este ano, a produção passe de mil tonelada, em uma área de cerca de 250 hectares. Ao todo são 21 associados, porém alguns ainda não têm vinhos no mercado.
– Deve-se chegar a um milhão de garrafas, mas tudo depende da fase final de maturação, de como a uva vai se comportar. A colheita segue até final de abril, e as expectativas são as melhores – explica o presidente da Associação, Eduardo Bassetti.
Com solo basáltico, frio intenso no inverno e características climáticas típicas da região, a uva que cresce a mais de mil metros de altitude têm suas peculiaridades. O vinho originado dela também, ao apresentar mais corpo e longevidade no caso dos tintos, segundo especialistas. Para conhecer a bebida, quem visita a região em época de vindima pode usufruir de experiências enograstronômicas, com opções para todos os bolsos.
– O vinho é uma bebida gastronômica, então é preciso proporcionar a experiência de harmonizar. Dentro da estrutura que cada vinícola tem, ela oferece algum tipo de serviço: almoço, jantar, mesa de frios ao pôr do sol, piquenique, passeios, tudo que envolva degustação ou alimentação, que é a forma correta de se beber vinho – defende Basseti.
Busca pela Certificação
Com uma média de 30 a 40 mil visitantes por ano, a Villa Francioni tem registrado crescimento no número de turistas. Na propriedade, uma construção de seis andares utiliza a força gravitacional para conduzir o vinho entre as etapas de produção. O projeto arquitetônico também caprichou nos detalhes como vitrais e vista panorâmica para o parreiral. Para a sócia-proprietária Daniela Borges de Freitas, a época da vindima traz um público diferente, interessado em aprender e conhecer os vinhos da região.
– Tem ocorrido uma evolução do consumo de vinho ao longo dos anos, logo que a vinícola lançou os primeiros rótulos havia percepção diferente de como consumir, em quais ocasiões, e isso mudou. Um rosé, por exemplo, é versátil para um coquetel, com comida leve, salada, praia, se encaixa muito bem em um país tropical – explica ela.
As uvas viníferas, que dão cor às paisagens da região, estão espalhadas pelos municípios de São Joaquim, Monte Belo do Sul, Videira, Água Doce, Bom Retiro e Urubici. A história do vinho de altitude é recente, começou a despontar do ano 2000, mas os produtores têm trabalhado de maneira organizada. Um dos objetivos é buscar a Indicação Geográfica, que certifica a origem da bebida. No Brasil, somente seis regiões têm essa assinatura, cinco no Rio Grande do Sul e uma em Santa Catarina, no Vale da Uva Goethe.
Uvas são destinadas para fabricação de vinho
As videiras carregadas, que enchem os olhos e aguçam as papilas gustativas, não são indicadas para consumo in natura. Isso porque os parreirais da região abrigam uvas viníferas, com características diferentes das encontradas no mercado. As tintas Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, e as brancas Chardonnay e Sauvignon Blanc, por exemplo, são pequenas e possuem casca grossa, exatamente onde estão as principais propriedades funcionais da bebida.
Embora tenham um nível de açúcar maior, importante para a fermentação do vinho, as vitis viníferas têm sementes, são mais ácidas e tem menos poupa, segundo o enólogo Nei Geraldo Rasera. Não são ruins ao paladar, mas a vindima na serra é destinada à produção de vinho. A diretoria de marketing da Associação e sommelier da Monte Agudo, Carolina Rojas Ferraz, explica que o visitante não vai encontrar a tradicional colheita e degustação, como em outros locais, mas a experiência mais complexas e intensas ao paladar.
– A produção é pequena, então não é viável deixar o turista colher e depois descartar essa uva. Por isso nossa vindima é mais voltada à questão cultural, unir os produtores, com o vinho sempre ligado à enogastronomia – explica Carolina.
Busca pela Certificação
Entre uma taça e outra, acompanhado de um pão tostado e uma tábua de frios, o casal de São Paulo Marcela Ábila, 28 anos, e Douglas Marçal, 34, escuta atentamente a explicação da sommelier. Ao pôr-do-sol, eles optaram por uma degustação de oito rótulos, maneira especial que Douglas encontrou para apresentar a Serra catarinense à namorada.
– Gosto bastante das nossas bebidas, acho importante valorizar. Claro que o produtor sofre com a incidência de impostos, mas são vinhos diferenciados. Sem contar a questão da hospitalidade, da proximidade com os produtores, isso você não encontra em uma vinícola de grande porte – elogia o coordenador educacional.
Cinco mil pessoas no primeiro final de semana
A abertura da vindima, que reuniu as 14 vinícolas na Praça Cezário Amarante, na cidade de São Joaquim, deu início à programação. Somente durante o encontro, de 1º a 3 de março, cinco mil pessoas passaram pela cidade, segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio.
No ano passado, 40 mil turistas escolheram a Serra catarinense como destino durante todo o mês de março.
O município, que tem um média de dois mil leitos, aproveita a movimentação que precede o inverno para se preparar para a alta temporada.
No período de vindima, além dos amantes de vinho, São Joaquim também recebe grupos de idosos, pois a temperatura é mais amena e os preços mais atrativos. No São Joaquim Park Hotel, o maior da cidade, a supervisora Francine Urio comemora o lotação total dos quartos para este final de semana.
– Para o setor hoteleiro, todo evento é bem-vindo, e com a consolidação das nossas vinícolas, o período de visitação na cidade tem se prolongado. Os dias de semana ainda têm vagas, mas para os finais de semana é preciso antecipar – comenta ela.
O receptivo das vinícolas também celebram a programação em torno do evento. Por conta da busca pelo destino, algumas passaram a atender temporariamente aos domingos, como no caso da Leone Di Venezia, explica a gerente Katary Paim Souza. Especialista em uvas italianas, a vinícola foi um dos destinos escolhidos pelo casal Fátima Rodrigues e Valmir Valadares. Naturais do Rio de Janeiro, eles moram em Florianópolis há 11 anos, e se surpreenderam com os vinhos de altitude.
– Já conhecíamos a cidade de São Joaquim, mas não as vinícolas, fomos em três até agora. Ficamos surpresos para ser sincera, e com a visita descobrimos alguns locais que vendem as bebidas em Florianópolis, então fica mais fácil consumir por lá também – lembra a psicóloga.
Por Lariane Cagnini
Fonte: NSC TOTAL
Plantação na cidade de São Joaquim(Foto: Guilherme Hahn, Especial) |
O verde dos parreirais, a uva em processo final de maturação e a qualidade dos vinhos finos têm atraído cada vez mais turistas para a Serra catarinense. Março, que marca o início da colheita de uvas viníferas na região, se consolida a cada ano como um mês importante para a economia local. A 6ª Vindima de Altitude, que segue até dia 31 deste mês, reúne 14 vinícolas dispostas a apresentar o melhor de cada produção, com harmonizações, passeios e programação cultural.
A palavra vindima significa colheita da uva, mas para os produtores, é também a época de celebrar o trabalho de um ano inteiro. A Associação Vinhos de Altitude Produtores e Associados estima que, este ano, a produção passe de mil tonelada, em uma área de cerca de 250 hectares. Ao todo são 21 associados, porém alguns ainda não têm vinhos no mercado.
– Deve-se chegar a um milhão de garrafas, mas tudo depende da fase final de maturação, de como a uva vai se comportar. A colheita segue até final de abril, e as expectativas são as melhores – explica o presidente da Associação, Eduardo Bassetti.
Com solo basáltico, frio intenso no inverno e características climáticas típicas da região, a uva que cresce a mais de mil metros de altitude têm suas peculiaridades. O vinho originado dela também, ao apresentar mais corpo e longevidade no caso dos tintos, segundo especialistas. Para conhecer a bebida, quem visita a região em época de vindima pode usufruir de experiências enograstronômicas, com opções para todos os bolsos.
– O vinho é uma bebida gastronômica, então é preciso proporcionar a experiência de harmonizar. Dentro da estrutura que cada vinícola tem, ela oferece algum tipo de serviço: almoço, jantar, mesa de frios ao pôr do sol, piquenique, passeios, tudo que envolva degustação ou alimentação, que é a forma correta de se beber vinho – defende Basseti.
Busca pela Certificação
Com uma média de 30 a 40 mil visitantes por ano, a Villa Francioni tem registrado crescimento no número de turistas. Na propriedade, uma construção de seis andares utiliza a força gravitacional para conduzir o vinho entre as etapas de produção. O projeto arquitetônico também caprichou nos detalhes como vitrais e vista panorâmica para o parreiral. Para a sócia-proprietária Daniela Borges de Freitas, a época da vindima traz um público diferente, interessado em aprender e conhecer os vinhos da região.
– Tem ocorrido uma evolução do consumo de vinho ao longo dos anos, logo que a vinícola lançou os primeiros rótulos havia percepção diferente de como consumir, em quais ocasiões, e isso mudou. Um rosé, por exemplo, é versátil para um coquetel, com comida leve, salada, praia, se encaixa muito bem em um país tropical – explica ela.
As uvas viníferas, que dão cor às paisagens da região, estão espalhadas pelos municípios de São Joaquim, Monte Belo do Sul, Videira, Água Doce, Bom Retiro e Urubici. A história do vinho de altitude é recente, começou a despontar do ano 2000, mas os produtores têm trabalhado de maneira organizada. Um dos objetivos é buscar a Indicação Geográfica, que certifica a origem da bebida. No Brasil, somente seis regiões têm essa assinatura, cinco no Rio Grande do Sul e uma em Santa Catarina, no Vale da Uva Goethe.
Uvas são destinadas para fabricação de vinho
Uvas colhidas são destinadas apenas para produção de vinho(Foto: Guilherme Hahn/Especial) |
As videiras carregadas, que enchem os olhos e aguçam as papilas gustativas, não são indicadas para consumo in natura. Isso porque os parreirais da região abrigam uvas viníferas, com características diferentes das encontradas no mercado. As tintas Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, e as brancas Chardonnay e Sauvignon Blanc, por exemplo, são pequenas e possuem casca grossa, exatamente onde estão as principais propriedades funcionais da bebida.
Embora tenham um nível de açúcar maior, importante para a fermentação do vinho, as vitis viníferas têm sementes, são mais ácidas e tem menos poupa, segundo o enólogo Nei Geraldo Rasera. Não são ruins ao paladar, mas a vindima na serra é destinada à produção de vinho. A diretoria de marketing da Associação e sommelier da Monte Agudo, Carolina Rojas Ferraz, explica que o visitante não vai encontrar a tradicional colheita e degustação, como em outros locais, mas a experiência mais complexas e intensas ao paladar.
– A produção é pequena, então não é viável deixar o turista colher e depois descartar essa uva. Por isso nossa vindima é mais voltada à questão cultural, unir os produtores, com o vinho sempre ligado à enogastronomia – explica Carolina.
Busca pela Certificação
Casal de SP, Douglas e Marcela, degustam o vinho da Serra Catarinense (Foto: Guilherme Hahn/Especial) |
Entre uma taça e outra, acompanhado de um pão tostado e uma tábua de frios, o casal de São Paulo Marcela Ábila, 28 anos, e Douglas Marçal, 34, escuta atentamente a explicação da sommelier. Ao pôr-do-sol, eles optaram por uma degustação de oito rótulos, maneira especial que Douglas encontrou para apresentar a Serra catarinense à namorada.
– Gosto bastante das nossas bebidas, acho importante valorizar. Claro que o produtor sofre com a incidência de impostos, mas são vinhos diferenciados. Sem contar a questão da hospitalidade, da proximidade com os produtores, isso você não encontra em uma vinícola de grande porte – elogia o coordenador educacional.
Cinco mil pessoas no primeiro final de semana
Casal Fátima Rodrigues e Valmir Valadares, do Rio de Janeiro, que mora em Florianópolis (Foto: Guilherme Hahn/Especial) |
A abertura da vindima, que reuniu as 14 vinícolas na Praça Cezário Amarante, na cidade de São Joaquim, deu início à programação. Somente durante o encontro, de 1º a 3 de março, cinco mil pessoas passaram pela cidade, segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio.
No ano passado, 40 mil turistas escolheram a Serra catarinense como destino durante todo o mês de março.
O município, que tem um média de dois mil leitos, aproveita a movimentação que precede o inverno para se preparar para a alta temporada.
No período de vindima, além dos amantes de vinho, São Joaquim também recebe grupos de idosos, pois a temperatura é mais amena e os preços mais atrativos. No São Joaquim Park Hotel, o maior da cidade, a supervisora Francine Urio comemora o lotação total dos quartos para este final de semana.
– Para o setor hoteleiro, todo evento é bem-vindo, e com a consolidação das nossas vinícolas, o período de visitação na cidade tem se prolongado. Os dias de semana ainda têm vagas, mas para os finais de semana é preciso antecipar – comenta ela.
O receptivo das vinícolas também celebram a programação em torno do evento. Por conta da busca pelo destino, algumas passaram a atender temporariamente aos domingos, como no caso da Leone Di Venezia, explica a gerente Katary Paim Souza. Especialista em uvas italianas, a vinícola foi um dos destinos escolhidos pelo casal Fátima Rodrigues e Valmir Valadares. Naturais do Rio de Janeiro, eles moram em Florianópolis há 11 anos, e se surpreenderam com os vinhos de altitude.
– Já conhecíamos a cidade de São Joaquim, mas não as vinícolas, fomos em três até agora. Ficamos surpresos para ser sincera, e com a visita descobrimos alguns locais que vendem as bebidas em Florianópolis, então fica mais fácil consumir por lá também – lembra a psicóloga.
Tanques de produção de vinho(Foto: Guilherme Hahn/Especial) |
Por Lariane Cagnini
Fonte: NSC TOTAL