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Bombeiros de SC já resgataram 17 corpos e 100 fragmentos de corpos em Brumadinho

Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina divulgou números sobre os trabalhos realizados no local onde barragem da Vale se rompeu

Trabalho de resgate continua em Brumadinho (Foto: Washington Alves/Reuters)

O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) reuniu nesta quinta-feira, dia 21, os militares e cães de busca que atuaram nas operações de resgate em Brumadinho (MG) para uma coletiva de imprensa e apresentação dos principais números sobre os trabalhos na cidade mineira.

Segundo a corporação, foram 17 corpos e outros 100 fragmentos de corpos localizados ao longo de quase dois meses de resgate. Também foram encontrados um container frigorífico, tratores, veículos, maquinários e animais vivos.

“Com o passar do tempo, mais difícil ficaram as buscas aos corpos no local e consequentemente demandou mais estratégia e o serviço de cães”, relatou o tenente-coronel Walter Parizotto, coordenador da força-tarefa.

Ao todo, segundo o levantamento mais recente, o número de mortes confirmadas é de 210. Ainda há 96 vítimas desaparecidas. A tragédia na barragem da Vale ocorreu no dia 25 de janeiro. As buscas não têm previsão de encerramento.

“A missão em Brumadinho não terminou. Nós recebemos o pedido do Comando-Geral de Minas Gerais para que o suporte do CBMSC seja mantido. Porém, fizemos questão de prestar contas sobre tudo o que já foi feito até a manhã de hoje (quinta-feira). Os resultados continuarão aparecendo, nós continuaremos atuando, mas a partir de agora, mais pontuais, seguindo a necessidade do CBMMG”, esclareceu o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, coronel Edupércio Pratts.

A missão já envolveu 43 bombeiros no local, sete cães, quatro visturas de busca, três drones, um caminhão de ajuda humanitária e um ônibus para traslado. A primeira equipe chegou a Brumadinho no dia 30 de janeiro. Os trabalhos foram iniciados com um estudo de área e reconhecimento do local com os cães, analisando a situação para traçar a estratégia. “Na chegada ficamos impressionados com a dimensão daquele cenário, a quantidade de lama, a dificuldade de nos locomover nos locais, mas traçamos as estratégias e fizemos o nosso melhor”, recordou o capitão Clemente Michels.

Números do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina no local da tragédia — Dados: Corpo de Bombeiros
   
No dia seguinte, 31 de janeiro, logo nas primeiras horas de trabalho em campo, o cão Hunter, tutoreado pelo cabo Fumagalli, foi acionado para as buscas e em pouco tempo encontrou o primeiro corpo.

“Na primeira hora de trabalho o Hunter conseguiu realizar uma indicação. Lembro que no local tinha muita lama, a gente não conseguia visualizar a vítima e nem tinha acesso, mas o cão a todo momento indicando, com a mudança de comportamento dele, que naquele local havia uma vítima submersa na lama. Com muita dificuldade, montamos toda a estrutura para acessar. Após muitas horas de trabalho, conseguimos retirar o corpo. A partir desse momento, o cão começou a se adaptar ao local, ao trabalho e fez outras indicações”, contou Fumagalli.

Buscas com os cães

Destaques na missão, os cães são reconhecidos e certificados internacionalmente. Os cuidados com os animais são tão importantes quanto com os humanos.

Além de os tutores terem noções de primeiros socorros caninos, para a atuação em Brumadinho foi desenvolvida, pela Coordenadoria de Busca, Resgate e Salvamento com Cães, uma cartilha ilustrada com orientações de prevenção, indicando exercícios de aquecimento antes das atividades, além de massagens para recuperação muscular e antiestresse para os animais. Os tutores também foram orientados sobre os suplementos vitamínicos, vacinas e produtos que devem ser utilizados antes e depois da atuação.

Cães foram fundamentais em Brumadinho (Foto: Corpo de Bombeiros)
Em mais de 50 dias de missão, apenas dois cães necessitaram afastamento. Iron, que passou por uma pequena cirurgia de remoção de um espinho na pata dianteira, e Barney, que teve constatadas pequenas alterações nos exames diários e foi retirado da missão nos últimos dias, por precaução, sem prejuízos para a saúde do animal.

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais ainda montou uma estrutura completa para o atendimento dos cães com veterinários, hospital de campanha, exames, laboratório e todos os dias os animais foram higienizados e assistidos. Também houve o acompanhamento da saúde dos Labradores com os médicos veterinários soldado Josclei Tracz, tutor do cão Iron, e soldado Andreza Amorim Moraes. Os cães ainda passarão por uma nova bateria de exames, com coleta de sangue e análise laboratorial.

Drones

As equipes técnicas de intervenções em áreas deslizadas também realizam as buscas com drones. Além de Minas Gerais, Santa Catarina foi o único estado a realizar as buscas no local utilizando as aeronaves não tripuladas e pilotadas remotamente. O CBMSC usou três drones, com três pilotos para o local. Os pilotos catarinenses são certificados pela corporação, que tem curso próprio para busca utilizando os equipamentos.

Saúde dos profissionais

A saúde dos bombeiros militares que foram deslocados para a missão será monitorada por meio de exames laboratoriais, realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em uma parceria entre o CBMSC e a Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Por terem passado longos períodos em contato com lama e rejeitos de mineração, é importante examinar para diagnosticar possíveis índices elevados de metais no sangue.

“A saúde dos profissionais que participaram da Operação Brumadinho é uma preocupação da corporação e seguirá monitorada”, afirmou o coronel Edupércio Pratts, comandante-geral do CBMSC.

Além dos exames, que começaram no dia 18 de março, haverá suporte psicológico. A partir dessas primeiras avaliações, os militares que necessitarem de apoio terão acompanhamento continuado. “O acompanhamento da saúde dos militares deve ser realizado, por isso, logo no início da Operação Brumadinho buscamos parceria com a Secretaria da Saúde para viabilizar os exames necessários”, destacou o coronel Charles Alexandre Vieira, subcomandante-geral do CBMSC.

Fonte: Oeste Mais