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Com atuações em Mariana e Brumadinho, videirense é referência nacional em buscas

O bombeiro Ronaldo Fumagalli, lotado em Curitibanos, adestrou Hunter, um dos melhores cães de busca do Brasil


De volta à Santa Catarina, depois da atuação em Brumadinho (MG), o Cabo Ronaldo Fumagalli, atualmente lotado em Curitibanos, é videirense e já foi voluntário no município. Com 15 anos de carreira, escolheu Curitibanos por questões profissionais. Questões estas que tornaram o militar referência no Brasil quando o assunto é busca por vítimas com o auxílio de cães.

Um dos poucos bombeiros em Santa Catarina que tem no histórico a atuação em duas das maiores tragédias da década brasileira. Fumagalli -em 2015 – atuou nas buscas das vítimas de Mariana, cidade mineira que deixou 19 mortos além de um imenso dano ambiental quando foi atingida pelos rejeitos de minérios no rompimento da barragem de “Fundão”. Agora, em 2019, o soldado foi novamente solicitado para as buscas em Minas Gerias, só que em Brumadinho, local aonde a tragédia foi muito maior, vitimando 166 pessoas, além de que outras 155 estão desaparecidas – dados divulgados até a sexta-feira (15).


Em Mariana, Fumagalli participou das buscas com a cadela Find, o primeiro cão do bombeiro que atuou nas buscas por vítimas. Hoje, já aposentada, Find deu lugar para Hunter, também labrador. O atual cão tem quatro anos e é um dos melhores no país para a atividade.

Conforme Fumagalli, Hunter tem destaque porque é versátil, tem grande capacidade de identificar vítimas vivas quanto cadáveres, características difíceis de serem reunidas em um único animal. No entanto, a existência de milhões de partículas com diferentes adores , como foi em Brumadinho, dificulta o olfato do cachorro, por isso o condutor deve estar bem preparado para entender o animal.

Foram seis dias de trabalho duro. Para os soldados, é difícil ficar longe da família, ter que lidar com o sentimento de empatia por estar em um terreno aonde centenas de famílias foram devastadas… alguns sentimentos simplesmente não têm como evitar, pois os bombeiros também são humanos.

Mas para o cão todo aquele cenário não passa de uma brincadeira. Por isso, para manter a autoestima do animal elevada, é necessário que haja carinho a cada nova conquista. Mas depois de seis dias, o esgotamento “bate na porta” e aí fica mais difícil. Nestes momentos é possível perceber que a ligação entre um bombeiro e o cão é muito maior que simplesmente um trabalho. Existe um elo mais forte, que apenas os dois podem sentir. 

Essa conexão resultou na localização de seis vítimas, indicação de mais três possíveis mortos, assim como diversas áreas descartadas para os outros soldados, locais aonde não havia nenhum corpo. No retorno, antes dos bombeiros voltarem para as casas, eles foram chamados ao gabinete do Governador, Carlos Moisés, onde foram homenageados. O cão Hunter recebeu uma coleira personalizada com o nome ao lado do brasão de Santa Catarina.


Ronaldo Fumagalli e o companheiro chegaram em casa no último final de semana, mas a verdade é que, mesmo depois alguns de Brumadinho, o que se viu naquele local causa reflexão e demora algum tempo para ser superado.

Fonte: Rádio Vitória AM