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Enchente histórica parte cidade ao meio no RS

São necessárias táticas de xadrez para chegar ao destino em Alegrete, nesses dias de enchente. Avança uma quadra, dobra, recua outro quarteirão, dobra uma vez. Só os moradores locais conhecem o verdadeiro labirinto em que a cidade bicentenária da Fronteira Oeste se viu transformada, em decorrência da cheia do Rio Ibirapuitã.

O portentoso rio está 13,7 metros acima do nível usual. Isso não acontecia desde 1959, asseguram moradores como Eberson Santos, um carpinteiro que teve a residência inteiramente coberta pelo Ibirapuitã. Ele entra e sai de casa de canoa, há quatro dias.

— Em 2015 tivemos uma grande cheia, tive de usar o barco também. Mas essa de agora nunca vi, nem era nascido quando aconteceu algo parecido, meu pai é que fala — relata, conformado.

A exemplo de milhares de outros alegretenses, Eberson se mudou para a casa do pai, que mora a uma quadra de distância.

— Tirei o que deu, aos poucos. Ficaram só uma cama e uma TV velhas. Ainda bem que a água subiu devagar — descreve o carpinteiro.

Alagamentos transformaram em labirinto as ruas e avenidas da cidade
(Foto: Fernando Gomes/Agencia RBS)

O nível da água impressiona. Há casos de moradores de residências de dois andares que estão abrigados na parte superior dos imóveis e chegam de barco no piso térreo.


O Ibirapuitã avançou seis quarteirões na área central da cidade e inundou parte da Rua Doutor Lauro, o que nunca tinha ocorrido antes. São 4,3 mil flagelados, entre desalojados (abrigados na casa de parentes) e desabrigados (que estão em abrigos públicos).



Família de Joaquim Menezes retirando os móveis de casa
(Foto: Fernando Gomes/Agencia RBS)

O balconista Joaquim Menezes se considerava um felizardo, até semana passada. Apesar do Ibirapuitã flagelar os alegretenses a cada década, em média, ele nunca teve de sair de casa. Até este sábado (11). Foi flagrado por GaúchaZH em plena mudança, com água pelos tornozelos.

— Moro há 40 anos nesse lugar e tive de sair agora. Estou sem luz, as coisas estão molhando — justifica. Como se precisasse.


E a perspectiva, para lamento de Menezes e dos 77 mil alegretenses, é de que a chuva continue.​

Fonte: GaúchaZH/ Rádio Tropical FM