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Pomada contra lesões causadas pela aranha-marrom é testada em SC

Uma pomada voltada ao tratamento de picadas provocadas pela aranha-marrom está em fase de testes em Santa Catarina. A previsão é de que até 250 pacientes com lesões causadas pela aranha em municípios catarinenses participem dos chamados ensaios clínicos. Para que a eficácia da pomada seja analisada, metade irá receber uma versão placebo e a outra metade receberá o medicamento verdadeiro. Se a experiência for bem-sucedida, a pomada poderá poderá ser incluída no protocolo de tratamento de pacientes que desenvolveram lesão causada pela picada.

A fórmula é a base de tetraciclina, uma substância usada como antibiótico, e tem estudos desenvolvidos pelo Instituto Butantan de São Paulo. Os ensaios clínicos ocorrem em Santa Catarina porque o Estado tem alta ocorrência de picadas por aranha-marrom — apenas o Paraná registra mais casos, conforme dados do Ministério da Saúde.

A produção da pomada para o período de testes foi concentrada por uma farmácia de Florianópolis, com o acompanhamento de órgãos reguladores estaduais e possibilidade de distribuição para todo o Estado. Os primeiros pacientes foram submetidos ao tratamento nas últimas semanas. A expectativa é de que o grupo planejado de 250 pacientes seja alcançado dentro de um ano.

Em fases anteriores, a eficácia da pomada foi verificada em testes em cultura celular e modelo animal, considerados promissores.

—A comunidade nessa área aguarda pelos resultados. Uma vez que eles sejam positivos, isto vai nos levar a conversar com o Ministério da Saúde para que a pomada seja incluída na cartilha para o tratamento de pacientes lesionados pela aranha — diz Denise Tambourgi, pesquisadora do Instituto Butantan e do Centro de Toxinas, Resposta Imune e Sinalização Celular, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Se a fase de testes em Santa Catarina cumprir os resultados previstos e a pomada receber o aval da comunidade médica, Denise espera que a produção do medicamento possa ser custeada em algum modelo de parceria e oferecida ao Ministério da Saúde para distribuição gratuita.

—Vamos tornar isso muito público. A divulgação dos resultados ocorrerá no ambiente nacional e internacional. A distribuição se daria em vários postos, lugares do Brasil inteiro — reforça.


Lesões e risco de morte

A picada da aranha-marrom (Loxosceles) pode causar necrose na pele, falência renal e até morte. Além da lesão cutânea – que pode levar meses até ser curada – a picada em alguns casos provoca efeitos sistêmicos, como hemólise, agregação plaquetária, inflamação e falência renal, o que pode levar ao óbito do paciente.

De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, em 2016 foram registrados 173.630 casos de acidentes com animais peçonhentos no Brasil, dos quais 7.441 foram por picadas de aranhas-marrom.


PICADAS POR ARANHA-MARROM

1º Paraná 3.826

2º Santa Catarina 1.913

3º Rio Grande do Sul 626

Total Brasil 7.441

Fonte: Ministério da Saúde/Sistema de Informação de Agravos de Notificação (2016)