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Clima influencia preço da cesta básica em Santa Catarina

As condições climáticas no país em 2016 contribuíram decisivamente para quatro dos cinco maiores aumentos de preço dos produtos na cesta básica dos catarinenses no primeiro semestre. Com impacto em plantações e colheitas, a batata inglesa, o leite e o feijão registraram a maior variação entre janeiro e junho, seguidos um pouco mais de longe pelo açúcar e pela manteiga. O cenário negativo é reforçado ainda pelos reflexos da crise econômica, com desvalorização do real frente ao dólar e custos mais altos para produção.

A batata inglesa reina absoluta com a maior variação entre os itens pesquisados por universidades ou pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Estado. Com um acréscimo de 70% em todas as cidades em que há levantamento, o tubérculo sofre principalmente com a chuva (e a falta dela) em várias regiões do país.

– Santa Catarina é um Estado que produz pouca batata e, nas partes do Brasil de onde trazemos o produto, tivemos épocas de chuva demais ou chuva de menos. Além disso, só o transporte para a região já aumenta o preço final. Mas acredito que o pior já passou e devemos ter um segundo semestre melhor, tanto na economia quanto no clima – avalia o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo.

Situação semelhante vivem o leite – e seus derivados – e o feijão. Sem colaboração do tempo e com despesas pesadas de infraestrutura, logística e produção, a oferta desses itens reduziu no país.

– No leite, teve falta de chuva quando a pastagem de inverno precisava. Aliado a isso, os produtores usam o milho como importante componente para a ração dos bovinos de leite e o grão teve um aumento grande de preço. Com menos pasto, precisa de mais ração e as implicações nesse custo refletem no preço ao consumidor – explica o analista socioeconômico do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola do Estado, Tabajara Marcondes.

Os cinco produtos com os maiores aumentos de preço em SC

Batata inglesa

A batata aparece disparada como a principal vilã nas quatro cidades com pesquisas feitas regularmente pelo Dieese ou por universidades. A menor variação não foi tão pequena assim: 75% em Chapecó, onde o preço do quilo custava em média R$ 6,27 em junho. O maior aumentou ocorreu em Blumenau (95%) e o preço médio do quilo é de R$ 6,83. No caso do tubérculo, o clima afetou a produtividade dos cultivos devido à quantidade de chuva em algumas regiões. Isso reduz o produto no mercado e pressiona os preços, que aumentaram nos últimos meses.

Leite

O leite é o terceiro produto com maior variação entre os quatro municípios. Com 83% de acréscimo de janeiro a junho e preço médio de R$ 3,93 por litro, Itajaí lidera o ranking. Na outra ponta está Chapecó, com aumento de 44% e o litro custando R$ 2,88. Influenciaram no resultado a redução das pastagens por conta da chegada do frio e o reajuste do preço dos insumos – como milho e farelo de soja – para alimentação das vacas, além dos aumentos na energia e nos combustíveis, o que impactam a produção e o transporte do alimento.

Feijão

Apenas em Blumenau o feijão não está entre os grandes vilões do semestre, com o quilo custando R$ 5,30 e não tendo variação entre janeiro e junho conforme dados repassados pelo Departamento de Economia da Universidade de Blumenau (Furb). Nas outras cidades, o aumento mais significativo foi em Itajaí, com 86,65%, levando o preço do quilo para R$ 7,11. Novamente o clima ajuda a explicar o problema. A escassez de água, pragas e doenças nas lavouras de Estados com grande produção, como Bahia, Minas Gerais e a região Centro-Oeste, prejudicaram a safra e elevaram o valor nas prateleiras.

Açúcar

O açúcar entra na lista porque tem grande destaque em dois municípios. Em Blumenau, houve aumento de 44,4%, com o quilo custando R$ 2,85. Já em Florianópolis a variação foi de quase 22%, com a quantidade mínima necessária custando R$ 3,17 (o Dieese não divulga os valores em quilos). A alta está ligada à elevação dos custos de produção no Brasil e à queda de produtividade das lavouras. O aumento na energia elétrica e nos combustíveis também contribui para o cenário, além do impacto do etanol, que desde 2015 tem se tornado o foco das usinas.

Manteiga: Os derivados do leite sofrem as consequências da redução da oferta, com indústrias de laticínios disputando o pouco leite no mercado, o que eleva ainda mais o preço desses produtos. Em SC, os destaques ficam por conta de Itajaí, onde o preço do quilo da manteiga subiu 41,70% e custa quase R$ 34, e Florianópolis, com a quantidade mínima necessária calculada pelo Dieese crescendo 31,91% e custando agora R$ 32,16.

Dicas para economizar no supermercado:

— Anote os preços dos produtos de sua preferência por um período ou guarde o cupom fiscal por um tempo para ter referência da variação do preço.

— Não desperdice. Pondere se há mesmo a necessidade de comprar uma grande quantidade de determinado produto apenas porque ele está em promoção.

— Leve uma calculadora. Ela é muito útil para saber o preço unitário dos produtos. Lembre-se de que nem sempre o maior é o mais econômico.

— Evite comprar tudo no mesmo estabelecimento, sobretudo em dias de promoção, pois os supermercados podem compensar os descontos aumentando o preço de outros produtos.

— Não vá com pressa às compras. Tempo e disposição são essenciais para que você possa comparar os preços corretamente e optar pelo produto mais barato.

— Consumir produtos de marcas próprias de supermercados também é uma boa opção. Eles costumam ser mais baratos.

— Não vá com fome ao supermercado, pois as chances de você colocar no carrinho alimentos de consumo rápido e muitas vezes desnecessários é grande.

— Também evite levar crianças, pois elas influenciam na compra dos pais, principalmente nos produtos que têm publicidade focada no público infantil.

Fonte: Procon