A batata inglesa reina absoluta com a maior variação entre os itens pesquisados por universidades ou pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Estado. Com um acréscimo de 70% em todas as cidades em que há levantamento, o tubérculo sofre principalmente com a chuva (e a falta dela) em várias regiões do país.
– Santa Catarina é um Estado que produz pouca batata e, nas partes do Brasil de onde trazemos o produto, tivemos épocas de chuva demais ou chuva de menos. Além disso, só o transporte para a região já aumenta o preço final. Mas acredito que o pior já passou e devemos ter um segundo semestre melhor, tanto na economia quanto no clima – avalia o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo.
Situação semelhante vivem o leite – e seus derivados – e o feijão. Sem colaboração do tempo e com despesas pesadas de infraestrutura, logística e produção, a oferta desses itens reduziu no país.
– No leite, teve falta de chuva quando a pastagem de inverno precisava. Aliado a isso, os produtores usam o milho como importante componente para a ração dos bovinos de leite e o grão teve um aumento grande de preço. Com menos pasto, precisa de mais ração e as implicações nesse custo refletem no preço ao consumidor – explica o analista socioeconômico do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola do Estado, Tabajara Marcondes.
Os cinco produtos com os maiores aumentos de preço em SC
Batata inglesa
A batata aparece disparada como a principal vilã nas quatro cidades com pesquisas feitas regularmente pelo Dieese ou por universidades. A menor variação não foi tão pequena assim: 75% em Chapecó, onde o preço do quilo custava em média R$ 6,27 em junho. O maior aumentou ocorreu em Blumenau (95%) e o preço médio do quilo é de R$ 6,83. No caso do tubérculo, o clima afetou a produtividade dos cultivos devido à quantidade de chuva em algumas regiões. Isso reduz o produto no mercado e pressiona os preços, que aumentaram nos últimos meses.
Leite
O leite é o terceiro produto com maior variação entre os quatro municípios. Com 83% de acréscimo de janeiro a junho e preço médio de R$ 3,93 por litro, Itajaí lidera o ranking. Na outra ponta está Chapecó, com aumento de 44% e o litro custando R$ 2,88. Influenciaram no resultado a redução das pastagens por conta da chegada do frio e o reajuste do preço dos insumos – como milho e farelo de soja – para alimentação das vacas, além dos aumentos na energia e nos combustíveis, o que impactam a produção e o transporte do alimento.
Feijão
Apenas em Blumenau o feijão não está entre os grandes vilões do semestre, com o quilo custando R$ 5,30 e não tendo variação entre janeiro e junho conforme dados repassados pelo Departamento de Economia da Universidade de Blumenau (Furb). Nas outras cidades, o aumento mais significativo foi em Itajaí, com 86,65%, levando o preço do quilo para R$ 7,11. Novamente o clima ajuda a explicar o problema. A escassez de água, pragas e doenças nas lavouras de Estados com grande produção, como Bahia, Minas Gerais e a região Centro-Oeste, prejudicaram a safra e elevaram o valor nas prateleiras.
Açúcar
O açúcar entra na lista porque tem grande destaque em dois municípios. Em Blumenau, houve aumento de 44,4%, com o quilo custando R$ 2,85. Já em Florianópolis a variação foi de quase 22%, com a quantidade mínima necessária custando R$ 3,17 (o Dieese não divulga os valores em quilos). A alta está ligada à elevação dos custos de produção no Brasil e à queda de produtividade das lavouras. O aumento na energia elétrica e nos combustíveis também contribui para o cenário, além do impacto do etanol, que desde 2015 tem se tornado o foco das usinas.
Manteiga: Os derivados do leite sofrem as consequências da redução da oferta, com indústrias de laticínios disputando o pouco leite no mercado, o que eleva ainda mais o preço desses produtos. Em SC, os destaques ficam por conta de Itajaí, onde o preço do quilo da manteiga subiu 41,70% e custa quase R$ 34, e Florianópolis, com a quantidade mínima necessária calculada pelo Dieese crescendo 31,91% e custando agora R$ 32,16.
Dicas para economizar no supermercado:
— Anote os preços dos produtos de sua preferência por um período ou guarde o cupom fiscal por um tempo para ter referência da variação do preço.
— Não desperdice. Pondere se há mesmo a necessidade de comprar uma grande quantidade de determinado produto apenas porque ele está em promoção.
— Leve uma calculadora. Ela é muito útil para saber o preço unitário dos produtos. Lembre-se de que nem sempre o maior é o mais econômico.
— Evite comprar tudo no mesmo estabelecimento, sobretudo em dias de promoção, pois os supermercados podem compensar os descontos aumentando o preço de outros produtos.
— Não vá com pressa às compras. Tempo e disposição são essenciais para que você possa comparar os preços corretamente e optar pelo produto mais barato.
— Consumir produtos de marcas próprias de supermercados também é uma boa opção. Eles costumam ser mais baratos.
— Não vá com fome ao supermercado, pois as chances de você colocar no carrinho alimentos de consumo rápido e muitas vezes desnecessários é grande.
— Também evite levar crianças, pois elas influenciam na compra dos pais, principalmente nos produtos que têm publicidade focada no público infantil.
Fonte: Procon