Para estimular experiências práticas, profissionais e extracurriculares, alunos dos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia de Controle e Automação do Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus Luzerna iniciaram, em março, um projeto que pretende construir um carro capaz de gerar a maior economia de combustível possível.
O protótipo, a princípio, foi pensado para que os estudantes pudessem participar da Maratona Nacional de Eficiência Energética. Porém, a competição deste ano foi cancelada pelos organizadores. Mesmo assim, a equipe do IFC continua trabalhando na proposta, que, além de acarretar em grandes desafios para os futuros engenheiros, também deverá servir para a primeira edição do Shell Eco-marathon Brasil – Challenger Event, que deve ocorrer em novembro, em São Paulo.
De acordo com o professor Ivo Montanha Júnior, que coordena a iniciativa, o projeto de pesquisa teve tanta aceitação por parte dos estudantes que muitos deles atuam de forma voluntária. No momento, estão envolvidos 15 alunos dos cursos superiores, além de um estudante do Técnico Integrado em Automação Industrial.
“Estamos falando aí da participação em diversas etapas: chassi e estrutura, propulsão e transmissão, ergonomia e cockpit, além de estratégias de pilotagem. Tudo isso para que o protótipo ultrapasse a marca de 300 km por litro de gasolina, desde o primeiro ano, tendo como meta atingir os 1000 km por litro em poucos anos”, explica o professor.
Nesta jornada, a busca por conhecimentos ainda não adquiridos dá o tom em uma iniciativa que tem muito trabalho em equipe. A maioria dos estudantes está na segunda fase dos cursos. “O projeto abrange muitos conteúdos além do que vemos nas disciplinas”, diz a acadêmica Jaqueline Cella. “Sai muito da parte teórica que nós vemos em sala. A maioria não tem experiência, então estamos desenvolvendo tudo em equipe, sempre aprendendo e buscando mais informações para atingir os objetivos”. Este é o primeiro projeto de pesquisa de que Jaqueline faz parte – o que, por si só, já é um grande desafio.
O colega Welinton Trentin, por sua vez, trabalha na busca por casos semelhantes em outros países. “Estamos de olho no que acontece em todo o mundo, sempre atrás de projetos nos quais os carros conseguem um grande rendimento em quilômetros por litro de combustível”, fala. Foi assim que o aluno entrou em contato com a Universidade Laval, no Canadá. “Eles tiveram o melhor desempenho na última edição da Shell Eco-marathon, em Detroit. É bom para conhecermos o que eles conseguem aplicar lá, e o que é possível trazer para nós. Quem sabe seja o começo para um dia irmos para lá, pois é o sonho de qualquer jovem que esteja fazendo engenharia: um intercâmbio de experiências.” Os encontros são pela internet, nas quintas-feiras à noite. “Temos uma planilha que o professor disponibilizou e, assim, vamos pesquisando as informações de cada carro. Quanto mais informações conseguirmos, melhor.”
Segundo o estudante Gabriel Zanella Zardo, no momento a equipe trabalha na busca pelos materiais. “Isso sem falar na elaboração dos cálculos necessários. Por exemplo: qual a força que as rodas têm que aguentar, rever as medidas do chassi, as soldas, e assim por diante. É uma fase em que se analisa a estrutura do carro previamente, antes de começar a montá-lo fisicamente”, explica.
“A ideia da eficiência energética é de que o carro faça a maior quilometragem em relação ao litro do combustível. Com base nos conteúdos estudados no curso, estamos utilizando bastante da aerodinâmica, que seria a parte que minimiza a resistência do ar no carro, verificando a perda de energia que nós teríamos. Precisamos acertar o motor para baixar a rotação, o que, consequentemente, acarreta no menor combustível”, fala Gabriel.
Integração, pesquisa e desafios
O professor Ivo, que coordena a iniciativa, explica que os alunos de Engenharia Mecânica fazem o projeto do carro em si, envolvendo chassi, motor, transmissão, aerodinâmica e fabricação. “Enquanto isso, como não é uma questão de velocidade, mas de eficiência energética, os alunos de Engenharia de Controle e Automação fazem a parte de telemetria, para otimizar o desempenho do carro, bem como o projeto do dinamômetro, que faz a leitura de potência e torque do motor em diversas condições de uso, no laboratório, necessário para otimizarmos o funcionamento do motor e obter a máxima economia”, conta Ivo.
Isso tudo, porém, não é um projeto a curto prazo. “É algo contínuo. Anualmente, os alunos vão evoluindo este primeiro protótipo, movido a gasolina, para melhorar a eficiência do veículo. Depois teremos um segundo carro, elétrico, em que os acadêmicos de Engenharia de Controle e Automação terão a oportunidade de estudar estratégias avançadas de controle de potência do veículo para gastar a mínima energia elétrica possível”, adianta o professor.
Segundo Ivo, para realizar o projeto, há o auxílio de colaboradores técnicos, que atuam como patrocinadores em troca de peças e serviços, além de apoiadores financeiros. “Temos também uma parceria com a equipe Drop Team, do curso de Engenharia Mecânica do IFRS Campus Erechim. Ambas as equipes se ajudarão neste processo de criação e evolução”, diz.
“Eles nos doaram o chassi reserva deles, para nos ajudar. E faremos atividades de pesquisa em conjunto para desenvolvermos tecnologias que sirvam para ambas as equipes, sendo o motivo principal de usarmos carros parecidos: para otimizarmos nossos recursos. Temos o apoio dos professores Everton Farina e Airton Bortoluzzi. Temos apoio também nas atividades de engenharia reversa, que envolve a pesquisa com as equipes internacionais, mediante participação da aluna Tatiane de Souza, da Engenharia Mecânica do IFRS Erechim”, complementa Ivo.
Algumas empresas locais também estão apoiando o projeto, como a Moldes Brasil, de Herval d’Oeste. “Estamos buscando novos parceiros técnicos, que nos ajudem a desenvolver os componentes especiais do carro. Empresas que façam parte do desenvolvimento, se sintam comprometidas com o projeto e permitam que os alunos tenham experiências reais de desenvolvimento, com engenheiros profissionais”.
Para favorecer o entendimento sobre projeto automotivo, e especificamente o que gera economia de combustível, desde março o professor se reúne com integrantes da equipe nas noites de segunda-feira. Eles aprendem aspectos da dinâmica do movimento do automóvel e as diversas resistências que um carro sofre para se locomover. “Neste primeiro ano serão adotadas tecnologias mais conservadoras no carro, até que outras mais inovadoras sejam bem entendidas e dominadas, para favorecer uma aplicação segura”, finaliza o professor do IFC.
Fonte: Wagner Lenhardt/Cecom IFC
O protótipo, a princípio, foi pensado para que os estudantes pudessem participar da Maratona Nacional de Eficiência Energética. Porém, a competição deste ano foi cancelada pelos organizadores. Mesmo assim, a equipe do IFC continua trabalhando na proposta, que, além de acarretar em grandes desafios para os futuros engenheiros, também deverá servir para a primeira edição do Shell Eco-marathon Brasil – Challenger Event, que deve ocorrer em novembro, em São Paulo.
De acordo com o professor Ivo Montanha Júnior, que coordena a iniciativa, o projeto de pesquisa teve tanta aceitação por parte dos estudantes que muitos deles atuam de forma voluntária. No momento, estão envolvidos 15 alunos dos cursos superiores, além de um estudante do Técnico Integrado em Automação Industrial.
“Estamos falando aí da participação em diversas etapas: chassi e estrutura, propulsão e transmissão, ergonomia e cockpit, além de estratégias de pilotagem. Tudo isso para que o protótipo ultrapasse a marca de 300 km por litro de gasolina, desde o primeiro ano, tendo como meta atingir os 1000 km por litro em poucos anos”, explica o professor.
Nesta jornada, a busca por conhecimentos ainda não adquiridos dá o tom em uma iniciativa que tem muito trabalho em equipe. A maioria dos estudantes está na segunda fase dos cursos. “O projeto abrange muitos conteúdos além do que vemos nas disciplinas”, diz a acadêmica Jaqueline Cella. “Sai muito da parte teórica que nós vemos em sala. A maioria não tem experiência, então estamos desenvolvendo tudo em equipe, sempre aprendendo e buscando mais informações para atingir os objetivos”. Este é o primeiro projeto de pesquisa de que Jaqueline faz parte – o que, por si só, já é um grande desafio.
O colega Welinton Trentin, por sua vez, trabalha na busca por casos semelhantes em outros países. “Estamos de olho no que acontece em todo o mundo, sempre atrás de projetos nos quais os carros conseguem um grande rendimento em quilômetros por litro de combustível”, fala. Foi assim que o aluno entrou em contato com a Universidade Laval, no Canadá. “Eles tiveram o melhor desempenho na última edição da Shell Eco-marathon, em Detroit. É bom para conhecermos o que eles conseguem aplicar lá, e o que é possível trazer para nós. Quem sabe seja o começo para um dia irmos para lá, pois é o sonho de qualquer jovem que esteja fazendo engenharia: um intercâmbio de experiências.” Os encontros são pela internet, nas quintas-feiras à noite. “Temos uma planilha que o professor disponibilizou e, assim, vamos pesquisando as informações de cada carro. Quanto mais informações conseguirmos, melhor.”
Segundo o estudante Gabriel Zanella Zardo, no momento a equipe trabalha na busca pelos materiais. “Isso sem falar na elaboração dos cálculos necessários. Por exemplo: qual a força que as rodas têm que aguentar, rever as medidas do chassi, as soldas, e assim por diante. É uma fase em que se analisa a estrutura do carro previamente, antes de começar a montá-lo fisicamente”, explica.
“A ideia da eficiência energética é de que o carro faça a maior quilometragem em relação ao litro do combustível. Com base nos conteúdos estudados no curso, estamos utilizando bastante da aerodinâmica, que seria a parte que minimiza a resistência do ar no carro, verificando a perda de energia que nós teríamos. Precisamos acertar o motor para baixar a rotação, o que, consequentemente, acarreta no menor combustível”, fala Gabriel.
Integração, pesquisa e desafios
O professor Ivo, que coordena a iniciativa, explica que os alunos de Engenharia Mecânica fazem o projeto do carro em si, envolvendo chassi, motor, transmissão, aerodinâmica e fabricação. “Enquanto isso, como não é uma questão de velocidade, mas de eficiência energética, os alunos de Engenharia de Controle e Automação fazem a parte de telemetria, para otimizar o desempenho do carro, bem como o projeto do dinamômetro, que faz a leitura de potência e torque do motor em diversas condições de uso, no laboratório, necessário para otimizarmos o funcionamento do motor e obter a máxima economia”, conta Ivo.
Isso tudo, porém, não é um projeto a curto prazo. “É algo contínuo. Anualmente, os alunos vão evoluindo este primeiro protótipo, movido a gasolina, para melhorar a eficiência do veículo. Depois teremos um segundo carro, elétrico, em que os acadêmicos de Engenharia de Controle e Automação terão a oportunidade de estudar estratégias avançadas de controle de potência do veículo para gastar a mínima energia elétrica possível”, adianta o professor.
Segundo Ivo, para realizar o projeto, há o auxílio de colaboradores técnicos, que atuam como patrocinadores em troca de peças e serviços, além de apoiadores financeiros. “Temos também uma parceria com a equipe Drop Team, do curso de Engenharia Mecânica do IFRS Campus Erechim. Ambas as equipes se ajudarão neste processo de criação e evolução”, diz.
“Eles nos doaram o chassi reserva deles, para nos ajudar. E faremos atividades de pesquisa em conjunto para desenvolvermos tecnologias que sirvam para ambas as equipes, sendo o motivo principal de usarmos carros parecidos: para otimizarmos nossos recursos. Temos o apoio dos professores Everton Farina e Airton Bortoluzzi. Temos apoio também nas atividades de engenharia reversa, que envolve a pesquisa com as equipes internacionais, mediante participação da aluna Tatiane de Souza, da Engenharia Mecânica do IFRS Erechim”, complementa Ivo.
Algumas empresas locais também estão apoiando o projeto, como a Moldes Brasil, de Herval d’Oeste. “Estamos buscando novos parceiros técnicos, que nos ajudem a desenvolver os componentes especiais do carro. Empresas que façam parte do desenvolvimento, se sintam comprometidas com o projeto e permitam que os alunos tenham experiências reais de desenvolvimento, com engenheiros profissionais”.
Para favorecer o entendimento sobre projeto automotivo, e especificamente o que gera economia de combustível, desde março o professor se reúne com integrantes da equipe nas noites de segunda-feira. Eles aprendem aspectos da dinâmica do movimento do automóvel e as diversas resistências que um carro sofre para se locomover. “Neste primeiro ano serão adotadas tecnologias mais conservadoras no carro, até que outras mais inovadoras sejam bem entendidas e dominadas, para favorecer uma aplicação segura”, finaliza o professor do IFC.
Fonte: Wagner Lenhardt/Cecom IFC