Foi quando uma equipe de médicos decidiu assumir e buscar meios para colocar o hospital em funcionamento. Enfim, o sonho dos catanduvenses se concretizava. Porem, aquilo que era para ser a solução para a Saúde de Catanduvas, pode estar com os dias contados. Devido à rejeição, pela Câmara de Vereadores, de um projeto que previa o repasse de recursos recebidos do SUS, para pagamento de AIH (Atendimento de Internações hospitalares), pode levar a atual direção do hospital a suspender os trabalhos.
A diretora do hospital, Ivete Dapper, lamenta o ocorrido. Segundo ela, esteve com os vereadores por duas vezes explicando aquilo que estava muito claro, já que o recurso repassado pelo Governo Federal, vai para uma conta do Fundo Municipal de Saúde, tendo em vista que o hospital é do município e quando foi feito o contrato de concessão, não ficou estabelecido que o valor fosse direto ao hospital, por isso, o município acaba recebendo para depois repassar à entidade. “A gente depende desse valor das AIHs para manter o funcionamento do hospital. É um direito nosso, são de pacientes que ficaram internados, um trabalho que já foi feito”, explica.
A prefeitura de Catanduvas repassa mensalmente ao hospital, R$ 92 mil, que com os descontos vem para R$ 86 a R$ 87 mil. Segundo a diretora do hospital, o gasto para manter médicos 24 horas, varia de R$ 52 a 54 mil mês, mais os funcionários R$ 35 mil. “Só aí já se foi o repasse”, lembra.
A diretora conta que o hospital foi assumido pela equipe no mês de agosto e no mês de setembro o recurso das AIHs foi repassado. “Precisamos desse valor para manter o hospital funcionando, temos um gasto que não baixa de R$ 35 mil só de medicamentos, temos conta de luz, de água, que varia de R$ 7 a 10 mil por mês, temos conta de mercado pra pagar, às vezes temos 12 a 15 leitos ocupados com pacientes tomando medicamentos, então essas AIHs, dependendo de cada patologia é pago um valor pra gente”.
No mês de outubro quando assumiu a direção do hospital, Ivete contratou uma consultoria para estudar o contrato, para então ver uma forma do valor enviado pelo SUS ser repassado direto ao hospital, já que isso não estava previsto no contrato inicial. Foi então que um adendo foi proposto para resolver o impasse.
“O que estamos pleiteando, que pedimos ajuda à Câmara de Vereadores nada além do que é um direito nosso, a gente trabalhou por isso, os funcionários passaram dia e noite cuidando de pacientes, não deixamos ninguém sem atendimento, sem medicamento”, resumiu.
Ivete conta que tudo o que foi oferecido à população desde o início de outubro foi custeado 100% pela direção do hospital. “Eu não tenho condições de manter o hospital dessa forma, por isso a gente estudou uma forma de resolver, fazendo um adendo no contrato, tentamos passar na Câmara, aguardamos o prazo deles (vereadores) de 21 dias, durante esse tempo todo eu mantive o hospital com recursos próprios”.
Diante de tantas explicações e pela clareza da proposta, Ivete ressalta que não entende qual a dificuldade, que os vereadores que votaram contra, tem para entender. “Tudo o que eles falaram que estava irregular, levamos ao conhecimento do Ministério Público e se eu tivesse fazendo alguma coisa errada, se eu tivesse a intenção de usurpar do dinheiro alheio, jamais faria isso, ficaria bem quieta e deixaria a prefeitura continuar me repassando um dinheiro que não está em contrato. Mas é meu por direito e qualquer pessoa com um pouco de discernimento e ouvindo o que a gente explicou vai entender”, desabafou.
A diretora lembra que muitos investimentos foram feitos com a intenção de tornar o hospital um local que possa oferecer à população, a maioria ou todos os procedimentos hospitalares. Ela conta que o hospital não tinha alvará para funcionar, mas que a equipe assumiu mesmo assim e diante de uma vistoria, uma normatização foi proposta e em torno de uns 200 itens foram exigidos. “Já colocamos em dia pelo menos 90% do que foi exigido, grande parte foi feito com as primeiras AIHs que entraram, o restante com recursos próprios”, explica.
A Diretora contou que foi até a Câmara por duas vezes explicar o projeto, explicar que dinheiro era o que estava sendo reivindicado pelo hospital, sem sucesso. “A gente teve apoio de quatro vereadores que estão bem preocupados em resolver o problema da Saúde de Catanduvas. Queremos agradecer aos vereadores Felipe Bortolon, Marcio De Lucca, Leocir Parisotto e Ademir Spassini, que nos apoiaram até a última instância”.
Com cinco votos contrários, o projeto foi rejeitado na última sessão ordinária de 2015, ocorrida no dia 28 de dezembro.
Segundo a diretora do hospital, uma reunião com o Ministério Público esta prevista para tentar reverter a situação, mas, se não haver acordo em poucos dias o hospital poderá ser fechado.
Para Diretora, questões políticas estão interferindo
Ao buscar explicação do porque da atitude dos vereadores, Ivete conta aponta um jogo político tentando não deixar o hospital funcionar. “Eu falo como alguém de fora da cidade, não conheço ninguém, então não sou comprometida com ninguém, eu percebo claramente, quem vem de fora percebe uma queda de braço política, se me perguntar qual o partido que manda eu não sei e nem quero saber porque aqui dentro é uma instituição totalmente privada, mas percebo claramente uma queda de braço, porque é impossível que alguém não entenda, é mesma coisa que eu falar pra você, olha você trabalhou e seu dinheiro está comigo, mas eu não quero te dar e eu pergunto porque você não quer me dar e você responde porque não quero, não existe uma razão”, desabafou.
Fonte: Neusa D’ Avila-O Fato / Foto Rádio Capinzal