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Notícias do Novo Tílias News

Rio do Peixe e da Vida! Uma visão sobre o rio que corta as nossas cidades e que nos sustenta

O Rio do Peixe é historicamente vital para uma região inteira. Em suas margens surgiram os primeiros sinais humanos que dariam início depois as vilas e povoados do vale, que hoje são cidades desenvolvidas. Ao longo do tempo ele foi se transformando e sofrendo com esta vizinhança, muitas vezes invasora e prejudicial. Como resposta, a natureza cobrou um preço alto, enchentes devastadoras que obrigaram os povos a reconstruírem e se afastarem. Se é impiedoso, ao mesmo tempo fornece a água que nos sustenta.

Ele nasce na Serra do Espigão, localizada no município de Calmon a uma altitude de 1.250m, e percorre aproximadamente 299 km até desaguar no Rio Uruguai, no município de Alto Bela Vista, a uma altitude de 387m. Na margem direita do rio está localizada a histórica estrada de ferro que liga os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.


A chuva tocando o leito do Rio do Peixe entre Joaçaba e Herval.
Muitas vezes não nos damos conta de sua importância. Cruzamos as pontes entre Joaçaba, Herval e Luzerna sem ao menos olhar para baixo, apreciar sua beleza e seus problemas. É esse olhar diferente sobre o Rio do Peixe que mostraremos a partir de hoje nesta série de reportagens que tem o apoio do Comitê Rio do Peixe e produção do Portal Éder Luiz.

Para ver de perto a realidade do rio contamos com o apoio da Polícia Militar Ambiental e acompanhamos uma fiscalização que percorreu o trecho entre Joaçaba e Herval. A partida foi na barragem da empresa Especht, onde o exemplo de uma de suas utilidades é a geração de energia. Nos primeiros quilômetros rio acima a mata nativa apresenta toda a sua exuberância, com um verde bem preservado nas encostas, embora a presença humana não demore a aparecer.

As margens ainda são protegidas pela mata nativa.
Lixo e invasão

A ponte de ferro, que há muito tempo serviu para que os trens fizessem a passagem por Herval d´Oeste sobre o Rio Barra Verde, ainda é um belo cartão postal, mas o lixo e a invasão proporcionada por moradias irregulares nas barrancas são o contraste negativo.

Margens invadidas em Herval d´Oeste.
O Tenente Tatiano Cabral, Comandante do Pelotão da Polícia Militar Ambiental na região, explica que a prefeitura já desenvolveu no local uma ação para retirar as moradias, mas logo depois tudo voltou a ser invadido. “Podemos notar que não existe tratamento de esgoto e que o lixo é jogado nas margens. Ao mesmo tempo as casas têm redes de água e luz, um contrassenso, já que estão em área irregular. Aqui é visível a agressão ao rio”.

Nas margens mais acima é possível ver pontos onde o lixo é jogado em sacolas, felizmente são poucos locais.

Lixo doméstico jogado nas margens.

Sinais dos tempos

Construções erguidas na margem do Rio.
Quando mais nos aproximamos das áreas centrais das cidades percebemos sinais de invasões mais antigas. Empresas, prédios e casas, algumas com pilares dentro do rio. “São edificações construídas em tempo onde as leis eram diferentes. Hoje estas construções não podem sofrer qualquer tipo de alteração ou reformas, pois mesmo sendo consolidadas estão em áreas de preservação permanente”. Explica o Tenente Cabral.

Quem lembra do mesmo Rio há aproximadamente 30 anos sabe que a poluição já foi muito grande. Naquele tempo o avanço do agronegócio e da suinocultura passava por cima da preservação. As águas chegavam a mudar de cor devido a tanta poluição e a mortandade das espécies era grande. Com as leis ambientais mais rigorosas o rio ganhou proteção, mas ainda existem exceções. É possível perceber canos que despejam esgoto direto no rio.

Construções erguidas na margem do Rio.
No encontro do Rio do Peixe com o Rio do Tigre também é fácil notar a carga de poluentes que é jogada pelo afluente. A cor da água do Rio do Tigre, esverdeada, e o cheiro de esgoto não deixam dúvidas que o rio que nasce em Joaçaba e deságua ainda dentro do município está sendo maltratado, possivelmente por esgotos clandestinos, já que boa parte da cidade conta com rede coletora.
Diferença na cor da água no encontro entre o Rio do Peixe e o do Tigre.
“É muito difícil o flagrante destas situações, mas vemos que a maioria destes dejetos despejados no Rio é esgoto e lixo doméstico”. Comenta o Tenente Cabral.

Em outro trecho, após a chuva que caiu durante a reportagem, flagramos uma espuma branca no Rio o Peixe. A cena triste foi registrada no lado de Herval, próximo a ponte Emílio Baungart. “ Onde tem espuma é sinal de poluição, mas o difícil é identificar de onde está vindo, já que apareceu na saída de uma galeria”. Destaca o Tenente.


Na próxima reportagem você vai conhecer as belezas do Rio do Peixe no perímetro urbano das cidades e como ele ainda está preservado em boa parte de sua extensão. Também vamos mostrar os pescadores, que encontram nas águas as espécies que dão nome ao rio.

Conheça um pouco mais sobre o Rio do Peixe



Para a formação desta Bacia fazem parte 3.803 rios e córregos, contribuintes para a vazão média é de 120 m³/s. Os principais afluentes da sua margem direita são: Rio Preto, Rio Quinze de Novembro, Rio São Bento, Rio Estaleiro, Rio da Limeira, Rio do Tigre, Rio Caraguatá, Rio Pato Roxo, Rio Leãozinho e Rio do Pinheiro. Na margem esquerda o Rio do peixe tem como afluentes: Rio Caçador, Rio Castelhano, Rio do Veado, Rio das Pedras, Rio Bonito, Rio Cerro Azul, Rio Barra Verde, Rio Leão e Rio Capinzal.

O Comitê Rio do Peixe

Um Comitê de Bacia é um órgão formado por representantes da comunidade, dos usuários de água da região e do governo com o objetivo de participar do gerenciamento dos recursos hídricos de uma determinada bacia hidrográfica, na seguinte proporção 20% Poder Público, 40% Usuários de Água e 40% Sociedade Civil.

Ele tem caráter normativo, consultivo e deliberativo integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SNGRH, conforme determina a Politica Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, Lei 9.433/97.

Conheça mais acessando o site do Comitê Rio do Peixe, Clique Aqui!