Um projeto que está sendo considerado um verdadeiro divisor de águas na história de captação de sangue do Hemocentro Regional foi apresentado na noite desta segunda-feira, dia 27, no teatro Alfredo Sigwalt em Joaçaba. O projeto “Empresa Solidária”, que está sendo viabilizado pelo Hemocentro em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), entidade que conta com quase 500 associados, tem por objetivo principal buscar a formação de grupos de doadores voluntários nas empresas. “Com pequenos grupos doando regularmente podemos resolver nosso problema de estoque, mapeando tipagens e coletando o que realmente precisamos” explicou o Gerente Técnico do Hemosc, Maicon Bortoluzzi. A meta do projeto é formar 180 grupos, com cerca de 10 doadores cada um, com uma média de 1.800 voluntários, número considerado suficiente para atingir os objetivos do projeto. “Nós não precisamos de mais doadores, precisamos organizador o que temos numa logística com cronograma regular de doações” destacou Bortoluzzi. Os contatos com empresas já estão sendo mantidos, inclusive com adesões em andamento, mas a parceria com a CDL vai ampliar as possibilidades de formação de novos grupos, uma vez que a entidade tem um número expressivo de associados.
O Gerente Técnico do Hemosc, Maicon Bortoluzzi, explicou a importância das doações regulares. |
A vice-presidente Maria Claudete Becker, que representou no evento o presidente Paulo Delfino Pinto, fez questão no discurso de agradecer a oportunidade do Hemosc pela parceria e disse que a meta é contaminar as empresas com o espírito de solidariedade. “É uma união por uma causa nobre e que este sonho se transforme em realidade e que a partir de hoje mais e mais empresas façam adesão a este projeto, se transformando empresas solidárias” destacou ela.
A vice-presidente da CDL, Maria Claudete Becker, convocou as empresas para que se unam a causa. |
O Hemocentro de Joaçaba atende uma região de 500 mil habitantes com um total de 25 hospitais, sendo 4 de grande porte, que demandam diariamente uma grande quantidade de bolsas sanguíneas. O projeto, apresentado na noite desta segunda-feira, é uma estratégia para fidelizar os doadores e regularizar as doações que oscilam dia a dia.
Doadores que superam limites
Roni, Marcelo e Carlos, exemplos para motivar quem ainda não doa sangue. |
Marcelo é professor aposentado e já fez 32 doações. O detalhe é que ele tem deficiência visual, e depois de vir de Água Doce de carona, usa uma bengala para chegar ao hemocentro onde faz questão de estender o braço às enfermeiras e ao próximo. A visão de amor ao próximo, que falta para muitos, o professor aposentado demonstrou que tem de sobra desde o início da década de 90, quando foi criado o hemocentro. “Hoje eu venho seguido para Joaçaba, desembarco da Van pego minha companheira de trabalho, minha magrela (bengala), exerço minha cidadania tateando as calçadas e obstáculos, chego no hemocentro onde sou muito bem atendido e faço o bem sem olhar a quem” destacou ele.
Outro exemplo de superação é o jovem Carlos Alexandre dos Santos, morador da rua Sergipe no bairro Santa Teresa em Joaçaba. Tetraplégico ele só consegue se deslocar, e com muita dificuldade, com uso de uma cadeira de rodas. Mesmo morando num local de difícil acesso, e sem ninguém na família com carro próprio, ele aciona um táxi para se deslocar ao hemocentro. Ele conta com ajuda de amigos e vizinhos para colocá-lo e retirá-lo do táxi, mas as dificuldades não fatores limitadores para o ato de solidariedade. “Eu estava na internet, navegando na página do Hemosc no face e vi o trabalho deles e ai me deu vontade de doar”. Ele foi até o hemocentro fez a triagem e passou pela aprovação, se tornando um doador. “Temos que fazer isso não por promoção, hoje eu ajudo amanhã eu posso precisar, é uma sensação boa de saber que nestes poucos minutos posso estar salvando vidas” destacou ele.
O movimento de Carlos e a visão de Marcelo são exemplos motivadores para a grande parcela da população que sabe da importância do ato, mas fecha os olhos ou não movimenta as pernas rumo ao hemocentro. Fica a reflexão.
Assista entrevista da Rádio Catarinense com eles
Carlos sofre de paralisia, mas isso não o impede de ir até Hemosc fazer a doação. |
O professor Marcelo supera a barreira da pouca visão para doar sangue. |
O advogado Roni já doou sangue mais de 50 vezes. |
Empresas relatam experiências
Durante o evento representantes de empresas, como a Scherer Auto- Peças e a BRF de Capinzal, compartilharam com os presentes a experiência. Essas duas empresas há anos formaram grupos e estão colaborando com o Hemocentro. O representante da Scherer, Tarcisio Caron, relatou que atualmente existem 3 grupos de doadores voluntários que em dia e hora marcada se deslocam, com consentimento da direção, até o Hemocentro para efetuar suas doações. O dia foi escolhido estrategicamente para não prejudicar a rotina de produção. Já na BRF a adesão ao projeto existe há mais de 10 anos, sendo que a organização mais rigorosa foi feita há cerca de dois anos com resultados positivos. De acordo com Cristina Aparecida dos Santos, Assistente Social da BRF, são cerca de 280 colabores que se colocaram a disposição e estão doando com frequência. A empresa mantém um cadastro com nome, tipo sanguíneo e data de doação.
Pacientes que dependem das doações
Receptores de sangue, como Paulo Renato Malinóski, morador de Capinzal, também estiveram em Joaçaba para relatar a importância do ato. Paulo teve diagnóstico de uma doença grave em 2009 e entrou na fila em busca de um doador de medula óssea. Durante todo tempo de espera pelo doador, e pós procedimento, e ele recebeu em várias ocasiões sangue e foi taxativo: “Hoje fiquei emocionado de ver estes doadores aqui que salvaram vidas, como a minha, vocês que estão aqui sejam doadores, ajudem o próximo” destacou ele. Logo após, o capinzalense chamou para o palco sua família e com lágrimas nos olhos fez questão de mostrar a filha de 1 ano. “Na verdade vocês salvaram a minha vida e me proporcionaram gerar outra, a minha filha” finalizou ele.
As empresas da região de Joaçaba interessadas em participar deste importante projeto devem entrar em contato com o Hemocentro. Corre na artéria empresarial a possibilidade de salvar vidas.
Texto: Assessoria de Imprensa / Marcelo Santos
Fonte/Fotos: ederluiz.com.vc / Rádio Catarinense