Filme documentário conta história do dialeto
criado na década de 50 no município.
Foi nos arredores da estação ferroviária de Herval d’Oeste, que na década de 1950, um grupo de engraxates e carregadores de malas, entre 7 e 15 anos de idade, criou uma língua própria, denominada Grinfia. Criada para comunicar secretamente as táticas de futebol e impressões sobre mulheres ou para protegê-los dos “intrusos”, a Grinfia (que significa “gíria'') era a língua franca dos meninos que, sem a autorização dos pais, usavam seus ganhos informais para comprar gibis ou para irem à matinê de cinema. Em de 2010, a Grinfia ou Hervalês como é conhecido na cidade, está viva na lárfia (conversa) dos seus últimos falantes, agora com cerca de 70 anos, que ainda conhecem e decifram os segredos de seus substantivos e pronomes.
Um filme-documentário contando a história do linguajar criado no município começará a ser filmado na segunda-feira (24). O projeto de vídeo foi vencedor do Prêmio Catarinense de Cinema em 2013, concorrendo com outras 141 propostas de filmes. O “Grinfia” é produzido pela Magnolia Produções.
O projeto é de autoria da hervalense Gabi Bresola de 22 anos, acadêmica em artes visuais pela Udesc e deve contar em até 20 minutos a história e cultura de Herval d’ Oeste, por meio da “Grinfia”. "Quero mostrar a minha terrinha e seus personagens. Nossa cultura é muito rica e precisa de mais investimento. Editais como este tornam possível a ideia de produzir filmes, livros, peças entre outros produtos culturais, que além de servirem para formação de público, geram empregos e nos dão visibilidade", declara Gabi Bresola. O projeto tem investimento de R$ 60 mil, mais o apoio de empresas.
A ideia surgiu depois da adolescência quando tentava adivinhar o que os meninos falavam sobre as meninas. A curiosidade cresceu e com o tempo descobri a história que nunca saiu da cabeça. Gabi se formou no Ensino Médio na Escola Estadual Básica Eugênio Marchetti. A pesquisa para o projeto iniciou há dois anos com o objetivo de produzir um filme-documentário contando a história do linguajar criado nos anos 50 nos arredores da estação ferroviária de Herval d'Oeste. “A equipe e eu estamos ansiosos para iniciar as gravações do documentário 'Grinfia', um projeto que venho pesquisando desde 2010. Essa é a primeira vez que gravo um vídeo meu, contando com profissionais de verdade com um tema que me agrada muito”, enfatiza Gabi.
"Trabalhar com arte em Santa Catarina é difícil, com cinema e em Herval d'Oeste mais ainda. Sem muitas opções, me mudei para Florianópolis, estudei muito e corri atrás, competi com outras pessoas bem mais experientes e profissionais no cinema e acabei vencedor do Prêmio Catarinense de Cinema – 2013 e fiquei surpresa! Para mim, além de ser um reconhecimento do trabalho que desenvolvi até agora é uma realização ter condições, principalmente financeiras, para contar/filmar essa história tão importante e que além de pouco conhecida está sendo esquecida pelos habitantes da cidade”, relata Gabi Bresola que já esteve em Herval d’ Oeste realizando a pré-produção do filme no mês de outubro.
As gravações seguem até o dia 28 de novembro, e após isso ocorrer a edição e reprodução das cópias, em até três meses. O lançamento do documentário deve ocorrer no segundo semestre de 2015 em Herval d’ Oeste.
O objetivo conforme Gabi é inscrever o projeto em festivais de curta metragem no Brasil e também no exterior. “Nos próximos dois anos, queremos inscrever em diversos festivais e o material também pode passar em canais tv e internet”, salienta.
Um dos meninos da década de 50, precursor do hervalês, Carlos Tratsk nascido e criado nas imediações da rede ferroviária irá colaborar com sua história no documentário. “A gurizada inventou essa gíria para se comunicar em códigos. Fui convidado ainda no ano passado pela Gabi para colaborar com meu depoimento. Fico orgulhoso da nossa “Grinfia” ter sido escolhida entre tantos projetos”.
Para dizer que “Está tudo bem”, os meninos falavam “Sirne Morne”. O dialeto foi tema do TCC de Alcides Volpato, o Chico (ou Crichio) ao concluir em 2002 o curso de História na Unoesc Joaçaba. Abaixo, alguns significados:
Fonte: Paula Patussi - Diário do Vale
criado na década de 50 no município.
Gabi Bresola, autora do projeto ao lado de um dos precursores da gíria, Carlos Tratsk. Foto: Paula P |
Foi nos arredores da estação ferroviária de Herval d’Oeste, que na década de 1950, um grupo de engraxates e carregadores de malas, entre 7 e 15 anos de idade, criou uma língua própria, denominada Grinfia. Criada para comunicar secretamente as táticas de futebol e impressões sobre mulheres ou para protegê-los dos “intrusos”, a Grinfia (que significa “gíria'') era a língua franca dos meninos que, sem a autorização dos pais, usavam seus ganhos informais para comprar gibis ou para irem à matinê de cinema. Em de 2010, a Grinfia ou Hervalês como é conhecido na cidade, está viva na lárfia (conversa) dos seus últimos falantes, agora com cerca de 70 anos, que ainda conhecem e decifram os segredos de seus substantivos e pronomes.
Um filme-documentário contando a história do linguajar criado no município começará a ser filmado na segunda-feira (24). O projeto de vídeo foi vencedor do Prêmio Catarinense de Cinema em 2013, concorrendo com outras 141 propostas de filmes. O “Grinfia” é produzido pela Magnolia Produções.
O projeto é de autoria da hervalense Gabi Bresola de 22 anos, acadêmica em artes visuais pela Udesc e deve contar em até 20 minutos a história e cultura de Herval d’ Oeste, por meio da “Grinfia”. "Quero mostrar a minha terrinha e seus personagens. Nossa cultura é muito rica e precisa de mais investimento. Editais como este tornam possível a ideia de produzir filmes, livros, peças entre outros produtos culturais, que além de servirem para formação de público, geram empregos e nos dão visibilidade", declara Gabi Bresola. O projeto tem investimento de R$ 60 mil, mais o apoio de empresas.
A ideia surgiu depois da adolescência quando tentava adivinhar o que os meninos falavam sobre as meninas. A curiosidade cresceu e com o tempo descobri a história que nunca saiu da cabeça. Gabi se formou no Ensino Médio na Escola Estadual Básica Eugênio Marchetti. A pesquisa para o projeto iniciou há dois anos com o objetivo de produzir um filme-documentário contando a história do linguajar criado nos anos 50 nos arredores da estação ferroviária de Herval d'Oeste. “A equipe e eu estamos ansiosos para iniciar as gravações do documentário 'Grinfia', um projeto que venho pesquisando desde 2010. Essa é a primeira vez que gravo um vídeo meu, contando com profissionais de verdade com um tema que me agrada muito”, enfatiza Gabi.
"Trabalhar com arte em Santa Catarina é difícil, com cinema e em Herval d'Oeste mais ainda. Sem muitas opções, me mudei para Florianópolis, estudei muito e corri atrás, competi com outras pessoas bem mais experientes e profissionais no cinema e acabei vencedor do Prêmio Catarinense de Cinema – 2013 e fiquei surpresa! Para mim, além de ser um reconhecimento do trabalho que desenvolvi até agora é uma realização ter condições, principalmente financeiras, para contar/filmar essa história tão importante e que além de pouco conhecida está sendo esquecida pelos habitantes da cidade”, relata Gabi Bresola que já esteve em Herval d’ Oeste realizando a pré-produção do filme no mês de outubro.
As gravações seguem até o dia 28 de novembro, e após isso ocorrer a edição e reprodução das cópias, em até três meses. O lançamento do documentário deve ocorrer no segundo semestre de 2015 em Herval d’ Oeste.
O objetivo conforme Gabi é inscrever o projeto em festivais de curta metragem no Brasil e também no exterior. “Nos próximos dois anos, queremos inscrever em diversos festivais e o material também pode passar em canais tv e internet”, salienta.
Um dos meninos da década de 50, precursor do hervalês, Carlos Tratsk nascido e criado nas imediações da rede ferroviária irá colaborar com sua história no documentário. “A gurizada inventou essa gíria para se comunicar em códigos. Fui convidado ainda no ano passado pela Gabi para colaborar com meu depoimento. Fico orgulhoso da nossa “Grinfia” ter sido escolhida entre tantos projetos”.
Para dizer que “Está tudo bem”, os meninos falavam “Sirne Morne”. O dialeto foi tema do TCC de Alcides Volpato, o Chico (ou Crichio) ao concluir em 2002 o curso de História na Unoesc Joaçaba. Abaixo, alguns significados:
Os Meses do ano
Janeiro – Lanergio
Fevereiro–Lefelerveio
Março - Tiarcio
Abril - Alirpio
Maio - Larmio
Junho - Nunrigio
Julho – Lurgio
Agosto – Lanostio
Setembro–Lenensbrio
Outubro – Lenunsbrio
Novembro–lonembrio
Dezembro-losnembrio
Números ordinários
1 – Urra (unscrio)
2 – Zordio
3 – Zert
4 – Tiarco
5 – Crincio
6 – Zerce
7 – Tiérce
8 – Tioilo
9 – Groile
10 – Zérdio
100 – Rence
1.000 - Riusme
Vocabulário mais usado:
Abraço – Abraiço
Alemão – Alerome
Amanhã – Rosmiã
Amante – Amarintia
Anus – Ruque
Aqui – Acriude
Aquilo – Alirquio
Assunto – assurintio
Baixinho – Charbinho
Bala – Lárbia
Banana –Charbana
Banguela – Banlequia
Banho – Rambio
Baralho – Larárbio
Barbeiro – Barerbio
Bastante – Tiasbante
Batata – Tiarbata
Bater – Bareuche
Bêbado – dierbo
Bebeu – Bereube
Bem – Rembe
Bicha – Chírbia
Bicho – Chírbio
Bilboquê –Biboreuque
Bóla – Lórbia
Bolacha – Lorbiacha
Bolinha – Lorbinha
Bolo – Lorbio
Bom –Rombe, rombio
Boné – Boreuche
Bonitão– Bunirontche
Bosta - Tiósba
Braço – Braiço
Brabo – Brarimbio
Broxar – Brorauche
Bucho – Chúrbio
Bulica – Lurbica
Bunda – tiumba
Buraco –Lurbiáco
Burro – Rúrbio
Buscar – Burasque
Beber – Berebe
Cabeça –Brauquercia
Cabelo – Calerbio
Cacete – Catierse
Cachaça – Cabracha
Cachorro – Charcoro
Cadeia –Diarequia
Cadeira – Lanerquia
Café – Caréufe
Cagar – tiargar
Calça – Zarquia
Calção – Caronce
Campinho - canrimpio
Camisa – Marquisa
Carne – Nárquia
Carro – Raquio
Carteira –Tchaureuca
Casa – Zarquia
Casar – Zarquiar
Cavalo – Calárvio
Cerveja – Breceja
Chapéu – Chareupe
Chegar – Greissar
Chover – Choreuve
Chupar – Churaupe
Chutar – Churautcha
Cigarro – Grissáro
Cinema – Minêrcia
Cunhado - Rudiarco
CocaCola-tiorcaLorca
Coisa – Zorquia
Colono –Leonorquio
Comer – Coreme
Comida – Rango
Comprar – Tiompar
Comprender – Comprereudhe
Contar – Tioncar
Conversa – Lárfia
Coxa – chorquia
Cunhada - rudiarca
Certo – Cerintio
Dar – Radiar
Deixar – Derautche
Dela – De Leda Demais – Desarme
Depois – Deroispe
Descer – Dereusse
Dia – Ridia
Dinheiro – Nibra
Dono – Nordio
Dormir-Nurmir/murdir
Duro – Rúdio
Ela – Leda
Ele – Lede
Embaixo–Em Chárbio
Em Cima – Em Mírcia
Embora – Emlórbia–Emprestar–Entiespar
Engraxar – Engrarauche
Engraxate – Engrarexe
Esconder – Escoreudie
Estação – Estaronse
Este - Serde
Eu - Mírco
Faca – Grifia - Nárfia
Facão – Faronque
Fala – Lárfia
Fazer – Fareuze
Feijão – Feronje
Feio – Lerfio
Ferro – Lérfio
Filho/a – Lirfio/a
Ficar - Firauque
Flor – Rorinzia
Fogão - Forongue
Fogo – Groifo
Foi – Roife
Fora – Lorfia, rórfia
Fósforo – Foríncio
Fulano – Morne (Móile)
Fumar – Murfiá
Fumo – Múrfio
Gibi – Giriube
Gostou – Gorostie
Hospital– hospirautie
Inchado – Incharíndio
Irmã/o Melã(ão)
Jacu – Jaruque
Jogar – Grojar
Jogo – Grojo
Ladrão – Borrão
Leitão – Lerontie
Limão – Lirome
Livro – Tirvio
Louco – Croilo
Macaco – Matiarco
Maconha –Maronquia
Mãe – Raime
Mala – Lármia
Mão – Rome
Matar – tiasmar
Me De – Me Radia
Meio – Lermio
Meio Dia – Meio Ridia
Menina(o)-resmina(o)
Mentira – Miritcha
Meu – Mirco – Reume
Mijar – Chirmiar
Minha – Rímia (mirca)
Missa – Sirmia
Moça – Sormia
Morcília – Munircia
mortadela–mortalédia
Mula – Lúrmia
Mulher – Rosmié
Mesa – Resmia
Mulher Boa – Rombia
Namorada – Grínfia
Não – Rone
Negro – Grenio
Noite -Noirintia, tiorne
Ovo – Vroilo
Pacote – Patiorque
Pai – Raipe
Palhaço – Larpiaço
Pão – Rompe
Papel – Paréupe
Patrão – Parontche
Pau – Raupe
Pé – Réupe
Pedaço – Peçardio
Pegar – Gopar
Peixe – Xerpio
Pelado – Lerpiado
Pêlo – Lêrpio
Perna – Nérpia
Pente - Tiempe
Perdeu – Pereudie
Pescar – Perasque
Pescoço - Perosquio
Piá/Gurí – Piárro
Picolé – Picoréutche
Polenta – Lorpienta
Polícia–Lurpícia ,trusca
Ponte – Tiompe
Porque – poreuque
Porta – Tiorpa
Pouco – Porinquio
Prefeito - pretierfo
Prefeitura– Preferutia
Professor- proferorse
Professora –proferorsa,
proferosquia
Puta – Tiurpa/Purintia
Qualquer-Quaréuque
Quem – Renque
Quer – Réuque
Quilo – Lírquio
Real - Tionco/Grana
Relação Sexual–Diorfar
Repolho – Relorpio
Revólver – Relórvio
Rio – Riorinsio
Roubar –Borrar
Sabão – Sarompe
Sabe – Bráisse
Saber – Braisser
Saco - Cráicio
Sacola – Salórquia
Salame – Larciame
Sapatão- saparontche
Sapato- Canapraisso
Segurar – Grunhar
Sem grana(Duro)-Rúdio
Sexo – Diorfar
Sim – Sirne
Sofá – Soraufe
Sogra – Gróissa
Sogro – Groisso
Sopa – Sorpia
Subiu – Suriube
Sumiu – Suriume
Também – Tarembe
Telefone – Teleronfe
Televisão – Televironze
Tem – Rentie
Teu – Reutie
Tua - Rutia
Tio – Nirtchio/Riutche
Tomar – Torame
Trabalhar – Batalhar – Braucaiá/Trararbiá
Trabalho – Trarárbio
Trem – Trenisio
Trocar – Trorauque
Vagina – Bucrancia
Vai – Raives
Velha/o – Lérvia(o)
Venha – Renvia
Vez – Reives
Viado– Vibrailo, viarintio
Vida – Tirvia
Você – Voresque
Vou – Roivos
Xepa – Brecha
Xícara – Cricha
Zona - Norzia
Fonte: Paula Patussi - Diário do Vale