Notícias do Novo Tílias News

Municípios enfrentam dificuldades em contratar professores habilitados

Sobram vagas nas escolas da região meio oeste 
e faltam pessoas interessadas em ser professor.

Com a divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 2013 (Ideb) no início deste mês de setembro e as médias baixas alcançadas pelas séries finais do 6º ao 9º ano, mostra uma dificuldade enfrentadas pelas secretarias de Educação dos municípios da região.

As secretarias vem enfrentando dificuldades na hora de contratar professores em algumas habilitações, especialmente em língua portuguesa. Essa carência de docentes tem afetado a qualidade do ensino. Em Herval d’Oeste, a Secretaria de Educação abriu processo seletivo para contratação de professor de português, mas não conseguiu preencher a vaga. A única professora habilitada que trabalha na rede municipal teve que se afastar. A saída encontrada pelo município foi fazer chamada pública para contratação de profissionais formados em pedagogia e até mesmo de outras áreas.

O curso de pedagogia habilita o profissional a trabalhar com alunos da pré-escola e séries iniciais do ensino fundamental, que vai da do 1º ao 5º ano. Já para as séries finais, do 6º ao 9º ano, é preciso que o professor tenha curso superior na área em que vai lecionar.

No ano passado, Herval d’Oeste já teve dificuldade para contratar professor habilitado em matemática. No caso de disciplinas como Física pode ser dada por professor de Matemática e a de Química por docente formado em Ciências.

A secretária de Educação de Herval d’Oeste, Lourdes Brandão, explica que a carência de professores não é exclusiva do município, mas atinge o Brasil inteiro. Tanto que o Ministério da Educação está oferecendo cursos de licenciatura gratuitos em convênio com várias universidades. O problema, segundo Lourdes, é que faltam pessoas interessadas em ser professor. Ela lembra que nas séries finais do ensino fundamental, os alunos estão na adolescência, fase típica da indisciplina, e isso tem afastado os interessados em dar aula.

A secretária ressalta que a carência de professores se reflete na avaliação dos alunos. Nas séries iniciais do ensino fundamental, Herval d’Oeste obteve nota 5,5 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 2013 (Ideb), nota acima da projeção dada pelo MEC que era 5,0. Já na avaliação das séries finais, a nota cai para 3,7, bem abaixo dos 4,3 estipulados pelas metas do MEC.

A Secretaria de Educação de Herval d’Oeste tem duas escolas municipais que trabalham com alunos do 6º ao 9º ano. Para melhorar o Ideb de 2015, a secretária está discutindo a possibilidade de trabalhar com uma escola funcionando no período da manhã e outra no da tarde no ano que vem. Com essa medida, o município poderia aproveitar melhor os professores habilitados que trabalhariam nas duas escolas.

A secretária de Educação de Herval d’ Oeste, realizou duas chamadas públicas neste ano, e não conseguiu profissionais principalmente na área de língua portuguesa. “Nas chamadas públicas seguimos pré-requisitos na habilitação em áreas distintas, não conseguindo, pedimos com formação em pedagogia, quinta fase, etc”, salienta. “Um professor tem grandes responsabilidades, em uma turma de 30 anos, tem que mostrar resultado. A responsabilidade do educador é muito grande, os alunos entram com quatro meses de idade em nossa rede de ensino e se formam no ensino fundamental. Temos a responsabilidade de formar cidadãos”.

Um novo concurso para áreas especificas deve acontecer ainda neste ano em Herval d’ Oeste. O município colocou em sua grade curricular novas disciplinas, como o ensino de artes, música, e informática.

Formação

A Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) oferece vários cursos de licenciatura, mas o curso de letras com habilitação em língua portuguesa só é ofertado no campus de Xanxerê e o de matemática, em Capinzal, Videira e Xanxerê.

Em julho, a Unoesc formou uma turma de letras em Capinzal e estuda abrir uma nova no ano que vem. Segundo a coordenadora dos cursos de licenciatura do Campus da Unoesc em Capinzal, Roselange Baretta, a universidade está aguardando uma posição da Secretaria de Estado da Educação para abrir o curso, já que a ideia e que os alunos consigam bolsas integrais dos governos estadual e federal.

Hoje a Unoesc oferece cursos de licenciatura em pedagogia (seis turmas), química, física e música, todas em Capinzal. Segundo Roselange, a Unoesc pretende fazer com que Capinzal se torne um centro dos cursos de licenciatura. Esses cursos recebem alunos de toda região.

A coordenadora ressalta que a profissão de professor tem uns paradigmas que precisam ser quebrados. Ela lembra que desde 2006 existem políticas voltadas para a educação, como plano de carreira, piso nacional do professor e progressões, entre outros. Roselangela destaca que um professor que está começando hoje, com carga de 40h semanais, recebe entre R$ 1,4 e R$ 1,5 mil. “Não dá para ficar rico, mas não precisa ser aquela choradeira”, diz.


Fonte: Paula Patussi - Diário do Vale