O mercado de trabalho mostra sinais evidentes de deterioração, com possibilidade de retorno à trajetória ascendente na taxa de desemprego ainda este ano, segundo o pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Fernando de Holanda Barbosa Filho.
Ele fez a observação ao comentar os resultados do Indicador Antecedente de Emprego (IAEm) de maio, que caiu 4,5% em relação a abril; e do Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que subiu 0,8% no mesmo período. Ele não descartou uma continuidade nas atuais trajetórias descendente e ascendente, respectivamente, nos dois indicadores.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego foi de 4,9% em abril, ante 5% em março. Barbosa Filho lembra que o desemprego tem se mantido baixo devido ao menor ritmo de crescimento da população economicamente ativa (PEA). Assim, mesmo com menor abertura de vagas, o desemprego não cresce devido à redução na quantidade de pessoas que entram no mercado de trabalho em busca de emprego. Mas, com o passar do tempo, caso o atual quadro de desaquecimento econômico persista, a oferta de vagas pode cair mais - o que, consequentemente, deve ajudar a elevar a taxa de desemprego.
Essa perspectiva tem sido notada, tanto entre consumidores quanto entre empresários, observou o economista. Ele citou as recentes sondagens de expectativas divulgadas pelo Ibre/FGV em maio, e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apontaram queda e atingiram os menores patamares desde a crise em 2009.
A avaliação negativa não ficou concentrada apenas em um setor, e abarcou levantamentos apurados nos âmbitos industrial, de serviços e do consumidor. "As pessoas estão, cada vez mais, com expectativas ruins para o futuro da economia, e também pessimistas em relação ao futuro do mercado de trabalho", resumiu ele.
Tendo em vista as perspectivas ruins para o mercado de trabalho, Barbosa Filho projeta que o país deve encerrar 2014 com taxa de desemprego média acima do observado em 2013 (5,4%). "Não vai ser uma explosão de desemprego, a que teremos ao longo deste ano. Mas vamos encerrar 2014 em um patamar mais elevado do que o que tivemos no ano passado", concluiu.
Entretanto, a possibilidade de taxa de desemprego maior em horizonte de curto prazo não seria uma preocupação para economia brasileira, no momento, na análise do pesquisador. Pelo contrário: na análise dele, para um melhor ambiente macroeconômico em horizonte de longo prazo, é preciso uma deterioração nos indicadores de mercado de trabalho no curto prazo.
Ele lembrou a continuidade da inflação persistente no setor de serviços - o maior empregador da economia, e que representa em torno de 60% do Produto Interno Bruto (PIB). Para ele, um ambiente macroeconômico mais saudável passa pela "quebra" da inércia inflacionária originada do setor de serviços - cujos preços sobem em torno de 8% a 9% ao ano, há pelo menos três anos. Essa interrupção do avanço na inflação dos serviços só poderia ser alcançada caso ocorra um forte desaquecimento no setor, observou ele. "Não tem como diminuir a inflação de serviços, se a demanda [do setor] continuar em alta, como está agora. E, para a demanda diminuir, é preciso uma redução na renda real do consumidor", disse, defendendo "ajustes", por parte do governo, para promover essa redução.
O economista defendeu retorno de ciclo de aperto monetário, com novas elevações de juros, para coibir consumo e assim enfraquecer o mercado interno. No entanto, ele admitiu que essa medida cobraria seu preço na atividade econômica, que desaceleraria ainda mais; e no emprego, que diminuiria ainda mais o volume de abertura de vagas - mas esses efeitos seriam em horizonte de curto prazo. "Seria mais ou menos como ‘gerar' uma recessão. No longo prazo, o ajuste passa por uma recessão", avaliou, frisando porém que, após diminuir o avanço da inflação de serviços, a economia brasileira poderia ter um cenário mais positivo, no longo prazo.
Fonte: Rádio Videira AM
Ele fez a observação ao comentar os resultados do Indicador Antecedente de Emprego (IAEm) de maio, que caiu 4,5% em relação a abril; e do Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que subiu 0,8% no mesmo período. Ele não descartou uma continuidade nas atuais trajetórias descendente e ascendente, respectivamente, nos dois indicadores.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego foi de 4,9% em abril, ante 5% em março. Barbosa Filho lembra que o desemprego tem se mantido baixo devido ao menor ritmo de crescimento da população economicamente ativa (PEA). Assim, mesmo com menor abertura de vagas, o desemprego não cresce devido à redução na quantidade de pessoas que entram no mercado de trabalho em busca de emprego. Mas, com o passar do tempo, caso o atual quadro de desaquecimento econômico persista, a oferta de vagas pode cair mais - o que, consequentemente, deve ajudar a elevar a taxa de desemprego.
Essa perspectiva tem sido notada, tanto entre consumidores quanto entre empresários, observou o economista. Ele citou as recentes sondagens de expectativas divulgadas pelo Ibre/FGV em maio, e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apontaram queda e atingiram os menores patamares desde a crise em 2009.
A avaliação negativa não ficou concentrada apenas em um setor, e abarcou levantamentos apurados nos âmbitos industrial, de serviços e do consumidor. "As pessoas estão, cada vez mais, com expectativas ruins para o futuro da economia, e também pessimistas em relação ao futuro do mercado de trabalho", resumiu ele.
Tendo em vista as perspectivas ruins para o mercado de trabalho, Barbosa Filho projeta que o país deve encerrar 2014 com taxa de desemprego média acima do observado em 2013 (5,4%). "Não vai ser uma explosão de desemprego, a que teremos ao longo deste ano. Mas vamos encerrar 2014 em um patamar mais elevado do que o que tivemos no ano passado", concluiu.
Entretanto, a possibilidade de taxa de desemprego maior em horizonte de curto prazo não seria uma preocupação para economia brasileira, no momento, na análise do pesquisador. Pelo contrário: na análise dele, para um melhor ambiente macroeconômico em horizonte de longo prazo, é preciso uma deterioração nos indicadores de mercado de trabalho no curto prazo.
Ele lembrou a continuidade da inflação persistente no setor de serviços - o maior empregador da economia, e que representa em torno de 60% do Produto Interno Bruto (PIB). Para ele, um ambiente macroeconômico mais saudável passa pela "quebra" da inércia inflacionária originada do setor de serviços - cujos preços sobem em torno de 8% a 9% ao ano, há pelo menos três anos. Essa interrupção do avanço na inflação dos serviços só poderia ser alcançada caso ocorra um forte desaquecimento no setor, observou ele. "Não tem como diminuir a inflação de serviços, se a demanda [do setor] continuar em alta, como está agora. E, para a demanda diminuir, é preciso uma redução na renda real do consumidor", disse, defendendo "ajustes", por parte do governo, para promover essa redução.
O economista defendeu retorno de ciclo de aperto monetário, com novas elevações de juros, para coibir consumo e assim enfraquecer o mercado interno. No entanto, ele admitiu que essa medida cobraria seu preço na atividade econômica, que desaceleraria ainda mais; e no emprego, que diminuiria ainda mais o volume de abertura de vagas - mas esses efeitos seriam em horizonte de curto prazo. "Seria mais ou menos como ‘gerar' uma recessão. No longo prazo, o ajuste passa por uma recessão", avaliou, frisando porém que, após diminuir o avanço da inflação de serviços, a economia brasileira poderia ter um cenário mais positivo, no longo prazo.
Fonte: Rádio Videira AM