A safra de grãos de verão deverá injetar cerca de R$ 4 bilhões na economia catarinense. Faltando menos de 10% da colheita, a avaliação de especialistas do setor é de que a quebra com a estiagem não é significativa para os produtores, e Santa Catarina deverá contribuir com quase
6 milhões de toneladas de grãos para a safra do país.
Apesar da falta de chuvas e do calor intenso no início do ano, as safras de milho, feijão e arroz serão normais e virão acompanhadas de bons preços pagos aos produtores. Isso deverá manter os investimentos no agronegócio e, consequentemente, a movimentação da economia estadual. Embora o maior impacto da estiagem tenha sido na safra de soja, o resultado esperado é considerado positivo e não deverá comprometer o Estado.
- Tivemos perdas, mas em alguns pontos isolados, por excesso se calor - disse o presidente da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri.
O secretário da Agricultura de SC, Airton Spies, complementa que a produção de soja prevista de 1,6 milhão de toneladas será recorde. A expectativa, segundo ele, é de uma produção 3,8% superior à do ano passado.
O cenário para o consumidor final, porém, não será tão positivo. Mesmo com a produção de 3,1 milhões de toneladas, historicamente o Estado compra cerca de 2,5 milhões de toneladas de milho do Centro-Oeste e do Paraguai. Outro fator que incide no aumento dos alimentos é a mão de obra escassa no campo. Além disso, há a previsão de aumento da energia elétrica.
- São custos repassados ao consumidor - destaca Barbieri.
Os produtos que poderão apresentar baixa nos preços são os derivados de soja, devido à expectativa de queda nos preços internacionais.
Perdas são em pontos isolados
Mesmo com o cenário otimista para o setor, alguns produtores chegaram a registrar perdas na lavoura, como Valmor Carbonari, que esperava até 65 safras por hectare e colheu somente 40, numa área de 23 hectares (um hectare de terra é um pouco maior que um campo de futebol).
- Tivemos perdas mas em alguns pontos isolados, mais por excesso de calor - afirmou o presidente da Cidasc, Enori Barbieri.
Recuo não compromete novos investimentos
O agricultor André Lúcio Foletto irá colher 35% menos soja neste ano, em relação a 2013. Mesmo assim, investiu mais de R$ 500 mil em uma nova colheitadeira.
- Apesar da quebra, o volume colhido ainda permite uma sobra. Como o preço do produto é superior a R$ 60, compensa.
Nas revendedoras de máquinas agrícolas, o clima é de otimismo, conforme aponta Dinar César Pertussatti, gerente de vendas da Tecnosafra, em Chapecó. De acordo com ele, o lucro dos produtores nas lavouras dos últimos anos estão resultando em investimentos em tecnologia. A falta de mão de obra qualificada e as linhas de créditos atraentes também favorecem a compra e a venda de máquinas.
Raio X
Produção prevista para este ano
e a variação em relação a 2013
SOJA
1,647 milhão de toneladas ou R$ 1,77 bilhão (+ 3,85%)
MILHO
3,132 milhões de toneladas ou R$ 1,29 bilhão (-5,83%)
ARROZ
1,1 milhão de toneladas ou R$ 763 milhões (+8,44%)
FEIJÃO
112 mil toneladas ou R$ 257 milhões (+11,3%)
Fonte: Rádio Videira AM