Todos os dias antes do amanhecer, 220 ônibus arrancam os motores no Oeste catarinense. Mantidos pela Coopercentral Aurora, agroindústria que faturou R$ 5,7 bilhões em 2013, a frota tem uma missão fundamental para manter as engrenagens da empresa funcionando: buscar trabalhadores do outro lado do Rio Uruguai.
Com o crescimento da demanda no mercado brasileiro – e nas exportações – e a falta de gente para preencher as vagas, a Aurora precisou importar trabalhadores. De cidades como Ametista do Sul (RS), a 90km, e Nonoai (RS), a 40km, 6,4 mil profissionais viajam a Chapecó para cumprir a jornada na empresa.
A realidade da Aurora, que há mais de um ano importa profissionais para preencher vagas abertas no setor operacional, é emblemática: a empresa é a que mais contrata em SC, com 20 mil funcionários.
Além dos moradores do Estado vizinho, a empresa tem 350 haitianos, 420 indígenas e 20 apenados entre os empregados. Mesmo com o reforço, ainda falta gente: a companhia tem quase mil vagas abertas.
No quarto lugar do ranking global:
Como na Aurora, procura-se gente para trabalhar em todos os setores de Santa Catarina. O Estado vive uma situação de ocupação em que de cada 10 pessoas acima de 15 anos, 7,6 estão trabalhando. Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2012, o levantamento mais recente realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2013, especialistas afirmam que a situação só melhorou.
O cenário é tão positivo que, se SC fosse um país, estaria entre as cinco nações com menor desemprego no mundo. Cingapura, por exemplo, tem uma das três menores taxas de desemprego globais (2,1%), de acordo com relatório do Fundo Monetário Internacional de 2011. No Estado, o índice de desocupação calculado pelo PNAD é de 3%. Apesar de serem pesquisas diferentes, na prática elas levam a resultados semelhantes: emprego para todos.
Dois fatores provocam esse bom momento:uma economia diversificada e a vocação à exportação. Apesar de ter apenas 3,3% da população brasileira, o Estado representa 3,88% das exportações brasileiras. Eduardo Guerini, economista e professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), reforça que o mercado voltado à exportação é um dos principais fatores responsáveis pela geração de empregos.
— No Estado há distribuição de produtividade por polos regionais, o que impulsiona a geração de emprego — diz Guerini.
Patrícia Bonini, PhD em Economia e professora da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc), acredita que o resultado está ligado à formação do Estado.
— Foram constituídas pequenas propriedades rurais, em oposição ao resto do país em que há grandes propriedades — diz.
Fonte: Diário Catarinense