Com a nova derrota judicial de Romildo Titon (PMDB) no Tribunal de Justiça (TJ-SC), a Assembleia Legislativa vai mudar sua postura diante do afastamento do presidente. O objetivo é blindar a instituição e os demais 39 parlamentares dos respingos do caso.
A nova rota foi decidida no final da tarde de quarta-feira, após uma reunião de pouco mais de uma hora entre os integrantes da mesa diretora e os líderes de bancada. A principal decisão é que a Assembleia não vai mais apresentar recursos para tentar derrubar a liminar do desembargador José Trindade dos Santos que afastou Titon da presidência no dia 26 de fevereiro.
Na sexta-feira, a tentativa realizada pela Procuradoria da Casa foi rejeitada pelo desembargador José Antonio Torres Marques com o argumento de que a medida deveria ter sido proposta em Brasília. De agora em diante, caberá apenas aos advogados particulares de Titon a tentativa de devolvê-lo ao cargo.
No encontro também ficou acertado que o presidente interino, Joares Ponticelli (PP), terá maior autonomia para garantir o funcionamento da Casa. Na manhã desta quinta-feira, o vice-presidente vai se reunir com os diretores nomeados por Titon para pedir que continuem trabalhando normalmente, mas se reportando também a ele.
O pepista, que se autodenominou como “presidente de plantão”, também deveria iniciar na segunda-feira a nomeação dos cargos ainda não preenchidos, em acordo com a mesa diretora e líderes partidários. Um dos participantes da reunião chamou nova administração de “comando combinado”. Logo após a reunião, Ponticelli foi até o gabinete de Titon comunicar as decisões e pedir informações sobre estratégias de defesa do parlamentar.
O peemedebista passou a maior parte do dia na Assembleia. Não participou do tradicional almoço da bancada do PMDB e permaneceu no gabinete enquanto o Órgão Especial do TJ-SC decidia se aceitava o recurso que tentava remeter o inquérito que investigou supostas fraudes em licitações para construção de poços para a Justiça federal. Nos bastidores, crescia a tese de que Titon deveria renunciar à presidência para acabar com o crise no Legislativo. Amauri Soares (PSOL) chegou a sugerir a renúncia coletiva da mesa diretora e a realização de uma nova eleição.
Quando a sessão estava no final, pouco antes das 16h, Titon foi para o plenário. Discretamente, sentou e aguardou o final, sem se manifestar. Voltou para o gabinete, onde estavam o ex-governador Paulo Afonso Vieira (PMDB) e o vice-governador e presidente estadual do PMDB, Eduardo Pinho Moreira. Na saída, já no início da noite, ambos garantiram que a hipótese da renúncia estava descartada e que apostam em um novo recurso da defesa do deputado.
– Espero que ele nem pense nisso – disse Paulo Afonso, aliado histórico de Titon.
Pinho Moreira disse que o desgaste do PMDB é menos importante que a solidariedade ao deputado.
– A essa altura é algo secundário. É injusto o que está acontecendo com o cidadão Romildo Titon.
FONTE: DIÁRIO CATARINENSE