Joaçaba: Com frota em crescimento, colapso no trânsito parece inevitável

O município possui uma super frota, e chega a 
marca de um veículo para cada 1,3 habitante. 
Por ano são emplacados cerca de 500 veículos.

Nos últimos três anos foi registrado um aumento
de 1.703 novos veículos emplacados em Joaçaba.

Joaçaba tem frota de um veículo para cada 1,3 habitante. O município emplaca em média 500 novos veículos por ano. Na região, a cidade Catanduvas é o segundo município onde a frota de veículos mais cresceu em 2013. Nos noticiários internacionais e nacionais é comum a divulgação de reportagens que mostram um cotidiano cada vez mais comum em diversas cidades do mundo – os congestionamentos. Em dezembro de 2013 a frota catarinense chegou passou de 4,184 milhões de veículos, que incluem motos, carros, caminhões e até tratores. 

Para Edson Mooshammer, supervisor da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) em Joaçaba, que atende 10 cidades do meio-oeste. As cidades não foram preparadas para absorver a crescente frota de veículos. Resultado disso são os congestionamentos e falta de estacionamento também nas cidades de pequeno porte, como é o caso de Joaçaba.

Joaçaba fechou o ano de 2013 com uma frota de 20.884 veículos, sendo que destes mais de 4.500 são motocicletas.  Com uma população de 27.020 habitantes, segundo o último levantamento do IBGE, temos uma média de um automóvel para cada 1,3 habitante. “De acordo com as políticas de financiamento que o Governo Federal tem implantado através das financeiras, nosso pudemos perceber que a economia brasileira tem se demonstrado aquecida e mesmo naquela dita crise que e abateu no país há pouco tempo, mesmo assim houve acréscimo da frota no município de Joaçaba, bem como em toda a região na medida de suas proporcionalidades. Só no ano passado, de acordo com o Detran, tivemos 819 veículos licenciados. Já para Herval d’Oeste nós tivemos um aumento na frota em torno de 525 veículos. Nas duas cidade devemos ter cerca de 33 mil veículos”, explicou Edson Mooshammer.

 Nos últimos três anos foi registrado um aumento de 1.703 novos veículos emplacados em Joaçaba.  A média, por ano, chega a 550 novos veículos circulando pelas ruas da cidade. “Segundo as estatísticas Joaçaba, Herval d’Oeste e Catanduvas foram os municípios que mais tiveram crescimento na frota nos últimos anos. Isso quer dizer que sem investimento público para melhoria e ampliação da malha viária, o resultado disso são os constantes congestionamentos nos horários de pico dessas cidades. Nós temos a mesma malha viária de 50 anos atrás”, destaca. “O Brasil não se preparou para receber essa crescente do desempenho da indústria automobilística. Enquanto uma empresa possui uma capacidade de milhares de veículos/dia, nós não temos a condição de absorver toda essa frota em nossas vias por que nós não tivemos ampliações e melhorias. Também não há nenhum tipo de investimento público para que a frota antiga seja retirada de circulação. O problema é que a política cultural brasileira, revela que ter um carro, uma moto, significa status”, explicou Edson.  

Durante décadas o mundo tentou mover a maior quantidade possível de veículos da forma mais rápida possível. Hoje as grandes metrópoles e as cidades de pequeno porte enfrentam o desafio de melhorar a qualidade do espaço viário, de tornar mais agradável e fácil a circulação das pessoas.

Nunca se vendeu tanto automóvel e motocicletas no Brasil. E nunca a discussão sobre congestionamentos esteve tão presente na nossa vida. Os congestionamentos se alastraram no tempo e no espaço, ocupando novas vias e horários, seja de Joaçaba, Herval d’Oeste ou até mesmo Florianópolis.  Os tempos de deslocamento entre origem-destino nas cidades vêm crescendo ano a ano. Nenhuma rede viária consegue crescer na mesma proporção dos novos empreendimentos e da motorização. “Nós não temos investimento público no transporte coletivo, uma malha viária excelente, isso quer dizer está precária. Não temos estacionamento. O que acontece que muitos motoristas que tem que se deslocar para casa-trabalho, acaba se envolvendo em discussões, brigas, excesso de velocidade, imprudência e imperícia nas nossas vias públicas. Daí o que acontece, o poder público tem que implantar medidas como essa dos semáforos para pedestres. Isso pela educação de nossos pedestres e motoristas”, finalizou Edson.    

Frota no Brasil

Nos primeiros dois primeiros bimestres de 2013, foram comercializados 1,16 milhões de veículos em todo o país. Além do alto número de vendas, um estudo realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) mostrou que a frota brasileira ultrapassou a casa dos 44 milhões de veículos, representando um crescimento de 46% em dez anos. Em 2003 tínhamos 36.7 milhões de veículos, já no ano passado, depois de 10 anos esse número chegou a 44,3 milhões de veículos.

Foto: Giuliano Pedroso/JDV

Fonte: Giuliano Pedroso - Jornal Diário do Vale